Universidade Federal de Minas Gerais

Marcos_Hill.JPG
Hill: mutações

Profissionais da imagem ainda sofrem marginalização, reflete Marcos Hill

quinta-feira, 29 de abril de 2010, às 8h23

Quantos pais não tremem quando os filhos decidem tornar-se artistas? Afinal, segundo reza a lenda, carreiras como medicina, direito e engenharia são mais promissoras e garantem futuro financeiramente mais estável. Contudo, nem sempre se pode pensar apenas na questão econômica, que, apesar de importante, não garante uma vida feliz.

É o que diz Marcos Hill, artista plástico, estudioso e investigador da imagem, pesquisador e professor de História da Arte dos cursos de graduação e pós-graduação da Escola de Belas-Artes (EBA) da UFMG. Nesta conversa, Hill comenta a evolução do fazer artístico, o preconceito – ainda em voga – contra os profissionais da imagem, entre outros assuntos.

O que é um artista ou profissional da arte?
Um artista é aquele profissional que se localiza no campo da produção imagética. Por isso, prefiro o termo “profissional da imagem” a “profissional da arte”. Restringir a arte apenas a pinturas e esculturas é empobrecê-la. A arte, hoje, vive em contexto muito mais amplo, muito mais complexo. A exigência é muito maior. Ao falarmos “artista”, restringimos a atuação desse profissional a um mercado muito pequeno.

Quem são os profissionais da imagem?
Os artistas são profissionais de imagem, assim como os designers, os publicitários, os cineastas. Todos trabalham com a imagem, vivem da imagem, produzem imagens. Hoje, uma escola de arte oferece formação mais ampla e dinâmica, não se restringindo às chamadas “Belas-Artes”. Na EBA, por exemplo, muito da produção se dá a partir de técnicas digitais.

Como é a interferência da tecnologia no mundo artístico?
O primeiro ponto a se considerar é que a arte não é fixa. Ela vive em contextos e se adapta a eles. Ao longo da história, a arte incorporou conceitos distintos. A arte antes e pós-guerra é diferente, pois o cenário mundial mudou. É justamente essa capacidade mutável da arte que a torna tão interessante. As novas tecnologias estão aí para provar isso. Elas mudam os padrões então existentes, quebram barreiras antes impossíveis de ser transpostas. A arte bebeu, e deve continuar bebendo, dos recursos que a tecnologia oferece. Seria um retrocesso se os profissionais da imagem virassem as costas para as novas tecnologias, que permitem uma infinidade de recursos antes inimagináveis. O trabalho acaba se tornando mais interessante, já que o profissional precisa atualizar-se sempre.

Pelo que o senhor falou existe mercado para um profissional da imagem...
Sim. Existe, e arrisco dizer que é um mercado em franca expansão. Veja o exemplo da publicidade e propaganda, ou do design, áreas em que a demanda aumenta significativamente e atraem cada vez mais jovens interessados em trabalhar com imagem.

Ainda existe certo temor por parte dos pais quando um jovem opta por um curso voltado para as artes. Qual o porquê disso?
Isso é cultural. Vem de uma época em que ser artista tinha dois significados extremos: ou a pessoa era um gênio, ou um vagabundo. Até hoje prevalece a marginalização do mundo artístico. Muitas pessoas ainda têm em mente que um profissional da imagem é libertino e faz coisas que fogem dos padrões socialmente aceitos. Para mim, esse receio é um equívoco dos pais. Em alguns pontos, chega a ser cruel com o jovem. Hoje, preza-se muito pela questão material, fala-se que quem decide trabalhar com imagem não ganhará dinheiro, e vai ficar dependente dos pais. Isso é mais forte ainda quando a escolha é pelas Artes Plásticas. Eu me pergunto: é mais importante ganhar muito dinheiro ou ser feliz? O que sempre digo é que uma pessoa pode até fazer o que não gosta para ganhar dinheiro, e ganhá-lo, mas existe uma chance enorme de essa pessoa ser infeliz, e infelicidade provoca doença. Daí, todo dinheiro ganho será gasto em remédios. Será que vale a pena?

É possível, então, ganhar dinheiro com a imagem?
É possível uma pessoa feliz com o que faz conseguir inserção digna no mercado.

Como o senhor vê a produção artística brasileira contemporânea?
Na sociedade em que vivemos, altamente capitalista, vejo um condicionamento da arte ao mercado. O que se espera é produção, produção e mais produção. Deseja-se um produto, alguma coisa palpável para chamar de obra-de-arte. Contudo, esquece-se que a arte é um campo de produção de conhecimento que está para além da produção de um bem de mercado. Até mesmo dentro das escolas de arte isso é mal compreendido. Claro que dinheiro é necessário, mas condicionar a arte a produtos é também condicionar o potencial cognitivo do ser humano, sua capacidade crítica.

(Tubo de Ensaio, site de notícias produzido por estudantes do curso de Comunicação Social da UFMG)

05/set, 13h24 - Coral da OAP se apresenta no Conservatório, nesta quarta

05/set, 13h12 - Grupo de 'drag queens' evoca universo LGBT em show amanhã, na Praça de Serviços

05/set, 12h48 - 'Domingo no campus': décima edição em galeria de fotos

05/set, 9h24 - Faculdade de Medicina promove semana de prevenção ao suicídio

05/set, 9h18 - Pesquisador francês fará conferência sobre processos criativos na próxima semana

05/set, 9h01 - Encontro reunirá pesquisadores da memória e da história da UFMG

05/set, 8h17 - Sessões do CineCentro em setembro têm musical, comédia e ficção científica

05/set, 8h10 - Concerto 'Jovens e apaixonados' reúne obras de Mozart nesta noite, no Conservatório

04/set, 11h40 - Adriana Bogliolo toma posse como vice-diretora da Ciência da Informação

04/set, 8h45 - Nova edição do Boletim é dedicada aos 90 anos da UFMG

04/set, 8h34 - Pesquisador francês aborda diagnóstico de pressão intracraniana por meio de teste audiológico em palestra na Medicina

04/set, 8h30 - Acesso à justiça e direito infantojuvenil reúnem especialistas na UFMG neste mês

04/set, 7h18 - No mês de seu aniversário, Rádio UFMG Educativa tem programação especial

04/set, 7h11 - UFMG seleciona candidatos para cursos semipresenciais em gestão pública

04/set, 7h04 - Ensino e inclusão de pessoas com deficiência no meio educacional serão discutidos em congresso

Classificar por categorias (30 textos mais recentes de cada):
Artigos
Calouradas
Conferência das Humanidades
Destaques
Domingo no Campus
Eleições Reitoria
Encontro da AULP
Entrevistas
Eschwege 50 anos
Estudante
Eventos
Festival de Inverno
Festival de Verão
Gripe Suína
Jornada Africana
Libras
Matrícula
Mostra das Profissões
Mostra das Profissões 2009
Mostra das Profissões e UFMG Jovem
Mostra Virtual das Profissões
Notas à Comunidade
Notícias
O dia no Campus
Participa UFMG
Pesquisa
Pesquisa e Inovação
Residência Artística Internacional
Reuni
Reunião da SBPC
Semana de Saúde Mental
Semana do Conhecimento
Semana do Servidor
Seminário de Diamantina
Sisu
Sisu e Vestibular
Sisu e Vestibular 2016
UFMG 85 Anos
UFMG 90 anos
UFMG, meu lugar
Vestibular
Volta às aulas

Arquivos mensais:
outubro de 2017 (1)
setembro de 2017 (33)
agosto de 2017 (206)
julho de 2017 (127)
junho de 2017 (171)
maio de 2017 (192)
abril de 2017 (133)
março de 2017 (205)
fevereiro de 2017 (142)
janeiro de 2017 (109)
dezembro de 2016 (108)
novembro de 2016 (141)
outubro de 2016 (229)
setembro de 2016 (219)
agosto de 2016 (188)
julho de 2016 (176)
junho de 2016 (213)
maio de 2016 (208)
abril de 2016 (177)
março de 2016 (236)
fevereiro de 2016 (138)
janeiro de 2016 (131)
dezembro de 2015 (148)
novembro de 2015 (214)
outubro de 2015 (256)
setembro de 2015 (195)
agosto de 2015 (209)
julho de 2015 (184)
junho de 2015 (225)
maio de 2015 (248)
abril de 2015 (215)
março de 2015 (224)
fevereiro de 2015 (170)

Expediente