Universidade Federal de Minas Gerais

O uso da web poderá produzir um novo Obama nas eleições brasileiras?, questiona pesquisador em artigo

quarta-feira, 19 de maio de 2010, às 7h19

É pouco provável que se reproduza no Brasil no curto prazo o padrão de campanha via web utilizado por Barack Obama nos Estados Unidos, mas isso não significa que as novas tecnologias não impactem as campanhas eleitorais e sejam meras reproduções de antigas mídias existentes fora do espaço virtual. Com essa observação, o pesquisador Sérgio Braga sintetiza a resposta à questão colocada em seu artigo Podemos ter um novo Obama? Perspectivas do uso da web no próximo pleito eleitoral brasileiro, publicado no periódico eletrônico Em Debate, do Departamento de Ciência Política da UFMG.

Professor da Universidade Federal do Paraná, Braga chega a essa conclusão após fornecer em seu estudo rápido panorama do debate que o tema impôs entre cientistas políticos, comunicadores e estrategistas de campanhas políticas.

Conforme registra o autor, antes do fenômeno Obama, a discussão entre esses grupos "se estruturava em torno dos potenciais da Web de gerar novas formas de democracia, para além das democracias representativas realmente existentes, dando origem a uma polarização radical entre os 'ciberpessimistas' ou 'cibercéticos' (para os quais a internet pouco altera as formas tradicionais de fazer política, apenas reproduzindo a 'política como usual' e os 'ciberotimistas' mais exultantes (para os quais a internet seria capaz de gerar novas formas de democracia 'deliberativa, direta, ou participativa' capazes mesmo de promover uma superação histórica, no longo prazo, das formas de democracia representativa realmente existentes).

Foi a experiência de mobilização via web usada na campanha do atual presidente norte-americano que mudou o eixo do problema. Hoje, apesar do grande número de artigos publicados na imprensa, pouco se sabe sobre a nova dinâmica que o ambiente virtual estabeleceu em diferentes sociedades em períodos eleitorais.

Nesse aspecto, Braga identifica pelo menos cinco situações para as quais se busca maior compreensão. Elas se referem a "como as novas tecnologias e a web influenciam a escolha dos candidatos e são utilizadas pelos partidos nas convenções partidárias; como a internet está sendo empregada pelos postulantes a cargos eletivos na definição e implementação das estratégias discursivas das campanhas e no processo de construção de imagem dos candidatos; como estão sendo efetivamente usados os espaços de participação e interação abertos pela internet ao longo das campanhas e pré-candidaturas; e como está sendo a recepção da internet pelo eleitorado e qual o seu peso na definição de suas preferências e decisões de voto".

Rede fraca?
Como constata Braga, argumentos utilizados por cientistas sociais, jornalistas e profissionais do marketing político relativos a essas novas questões destacam fatores que impedem, no Brasil, que a web seja um recurso tão relevante em campanhas eleitorais como é nos Estados Unidos e em outros países democráticos e com maior inclusão digital de sua população.

Um deles refere-se à cultura política e cívica dos brasileiros e a suas especificidades em relação aos cidadãos norte-americanos, que estariam, ao contrários dos tupininquins, mais "envolvidos numa teia prévia de associativismo e redes sociais que os tornariam mais receptivos aos apelos das linguagens utilizadas pelas novas mídias. Ele exemplifica lembrando que na campanha de Obama isso se tornou evidente com o "alto índice de recrutamento de militantes para a campanha e arrecadação de contribuições financeiras voluntárias".

Um segundo fator identificado por Braga é o contexto sociopolítico de determinadas sociedades, que condicionaria o uso da internet como mero extensor das antigas mídias, não provocando uma ruptura com o modelo tradicional de “espetacularização da politica” e sem abrir espaços significativos para o debate, conforme registra em seu texto.

Por fim, o pesquisador da UFPR lembra que o "conjunto desses fatores, associados em última análise ao baixo grau de acesso da população brasileira às novas tecnologias e a internet, torna a maior parcela do eleitorado (ainda sob a influência de antigas formas de organização de campanha) pouco afeito à influência das novas tecnologias de comunicação em suas decisões de voto".

Apesar desses aspectos e do que denomina "estágio embrionário" do uso dessas ferramentas por candidatos, em eleições já ocorridas no país, Sérgio Braga considera que elas abrem e indicam potencialidades que podem surpreender e "muito provavelmente devem se concretizar nos próximos pleitos".

Tal perspectiva, no entanto, não é exclusiva ao Brasil. Como esquadrinha o autor, estudos sobre impactos das novas tecnologias em países de realidade socioinstitucional diferente da norte-americana mostram que o fenômeno Obama assume a posição de um outlier – "um parâmetro ou horizonte longínquo de ser alcançado", escreve.

Leia aqui o texto completo do autor.

Acompanhe, ainda, o comportamento das redes sociais nas eleições brasileiras pelo Observatório da Web, projeto liderado pela UFMG.

05/set, 13h24 - Coral da OAP se apresenta no Conservatório, nesta quarta

05/set, 13h12 - Grupo de 'drag queens' evoca universo LGBT em show amanhã, na Praça de Serviços

05/set, 12h48 - 'Domingo no campus': décima edição em galeria de fotos

05/set, 9h24 - Faculdade de Medicina promove semana de prevenção ao suicídio

05/set, 9h18 - Pesquisador francês fará conferência sobre processos criativos na próxima semana

05/set, 9h01 - Encontro reunirá pesquisadores da memória e da história da UFMG

05/set, 8h17 - Sessões do CineCentro em setembro têm musical, comédia e ficção científica

05/set, 8h10 - Concerto 'Jovens e apaixonados' reúne obras de Mozart nesta noite, no Conservatório

04/set, 11h40 - Adriana Bogliolo toma posse como vice-diretora da Ciência da Informação

04/set, 8h45 - Nova edição do Boletim é dedicada aos 90 anos da UFMG

04/set, 8h34 - Pesquisador francês aborda diagnóstico de pressão intracraniana por meio de teste audiológico em palestra na Medicina

04/set, 8h30 - Acesso à justiça e direito infantojuvenil reúnem especialistas na UFMG neste mês

04/set, 7h18 - No mês de seu aniversário, Rádio UFMG Educativa tem programação especial

04/set, 7h11 - UFMG seleciona candidatos para cursos semipresenciais em gestão pública

04/set, 7h04 - Ensino e inclusão de pessoas com deficiência no meio educacional serão discutidos em congresso

Classificar por categorias (30 textos mais recentes de cada):
Artigos
Calouradas
Conferência das Humanidades
Destaques
Domingo no Campus
Eleições Reitoria
Encontro da AULP
Entrevistas
Eschwege 50 anos
Estudante
Eventos
Festival de Inverno
Festival de Verão
Gripe Suína
Jornada Africana
Libras
Matrícula
Mostra das Profissões
Mostra das Profissões 2009
Mostra das Profissões e UFMG Jovem
Mostra Virtual das Profissões
Notas à Comunidade
Notícias
O dia no Campus
Participa UFMG
Pesquisa
Pesquisa e Inovação
Residência Artística Internacional
Reuni
Reunião da SBPC
Semana de Saúde Mental
Semana do Conhecimento
Semana do Servidor
Seminário de Diamantina
Sisu
Sisu e Vestibular
Sisu e Vestibular 2016
UFMG 85 Anos
UFMG 90 anos
UFMG, meu lugar
Vestibular
Volta às aulas

Arquivos mensais:
outubro de 2017 (1)
setembro de 2017 (33)
agosto de 2017 (206)
julho de 2017 (127)
junho de 2017 (171)
maio de 2017 (192)
abril de 2017 (133)
março de 2017 (205)
fevereiro de 2017 (142)
janeiro de 2017 (109)
dezembro de 2016 (108)
novembro de 2016 (141)
outubro de 2016 (229)
setembro de 2016 (219)
agosto de 2016 (188)
julho de 2016 (176)
junho de 2016 (213)
maio de 2016 (208)
abril de 2016 (177)
março de 2016 (236)
fevereiro de 2016 (138)
janeiro de 2016 (131)
dezembro de 2015 (148)
novembro de 2015 (214)
outubro de 2015 (256)
setembro de 2015 (195)
agosto de 2015 (209)
julho de 2015 (184)
junho de 2015 (225)
maio de 2015 (248)
abril de 2015 (215)
março de 2015 (224)
fevereiro de 2015 (170)

Expediente