O escritor português José Saramago, morto nesta sexta-feira, 18, tinha ligação especial com a UFMG. Ele foi uma das 14 personalidades que já receberam o título de Doutor Honoris Causa da Universidade, a principal honraria concedida a personalidades que não pertencem aos quadros da instituição. Ele esteve na Universidade em duas ocasiões. A primeira foi em 1987, quando participou do 1° Encontro Nacional de Culturas de Países de Língua Portuguesa. Retornou em 1999, após ganhar o Prêmio Nobel de Literatura, para receber o título de Doutor Honoris Causa. “Ele foi o primeiro escritor de língua portuguesa a ganhar um Nobel. Sua obra tem uma importância muito grande para todos os países onde o português é falado”, afirma o professor da Faculdade de Letras (Fale), Wander Melo Miranda, encarregado da saudação ao escritor durante a cerimônia de entrega do título há 11 anos. Para o docente, a característica mais marcante do escritor era a sinceridade. “Ela era muito franco, quase rude. Mas acho isso bom”, diz. Talvez por isso, Saramago tenha declarado, ao receber a homenagem da Universidade: “agradeço a distinção, mas ela não muda nada em minha vida”. O que deixou o escritor português realmente honrado foi saber que figuraria ao lado de Carlos Drummond de Andrade e Oscar Niemeyer na seleta lista de agraciados com o título. “Saber que o meu nome vai ficar ao lado dos nomes de Carlos Drummond de Andrade (de quem tão injustamente a Academia Sueca não se lembrou para o Nobel...) e de Oscar Niemeyer (de quem sou amigo e a quem tanto admiro) é algo que nunca esteve entre as minhas mais ousadas esperanças”, escreveu ao então reitor da UFMG, Francisco César Sá Barreto. Autor de Memorial do Convento, Evangelho Segundo Jesus Cristo e Ensaio sobre a Cegueira, entre outras obras, Saramago nunca estudou em uma universidade, mas disse entender que “assim essas instituições reconhecem que nem só seus membros são capazes de produzir trabalhos de valor”. Saramago morreu aos 87 anos, em sua casa em Lanzarote, nas Ilhas Canárias (Espanha). Leia o que foi publicado sobre Saramago na edição 1230 do Boletim da UFMG.