Dados da ONU indicam que existem cerca de 24,5 milhões de deslocados internos espalhados em 52 países. Essas pessoas, que deixam os seus lares em função de conflitos armados ou desastres naturais, raramente são encaminhadas a alojamentos adequados. No Brasil, de 100 a 200 mil pessoas por ano perdem suas casas em função das chuvas, mas a Defesa Civil não po ssui um sistema que possa abrigá-las temporariamente. Na grande maioria dos casos, os alojamentos são improvisados em locais inadequados, como escolas e igrejas. Alternativa para fazer frente a essa deficiência pode estar no protótipo de casa desmontável com placas de PVC, desenvolvido pela arquiteta Isabel Brant como projeto de graduação na UFMG apresentado em 2009. No mês passado, o trabalho recebeu menção honrosa na categoria Projetando com PVC, da 22ª edição do Concurso Ópera Prima, que premia os melhores trabalhos de conclusão de curso pelos graduandos brasileiros de arquitetura. A Habitação Temporária Desmontável foi pensada para propiciar praticidade ao processo de construção, com o objetivo de facilitar a reintegração das pessoas a seus locais de origem. As casas são formadas por peças modulares de PVC, que podem ser montadas em função da necessidade. O kit habitacional, desenhado para abrigar uma pessoa com conforto, inclui mesas, prateleiras e bancos – mobiliário também modular e de PVC. Ele pesa 450 quilogramas e foi projetado para, desmontado, ocupar apenas dois metros cúbicos. A peça mais pesada do sistema construtivo tem 30 quilogramas, sendo, portanto, facilmente transportada. No entanto, a despeito da simplicidade das instalações, Isabel Brant garante que as habitações não abrem mão do conforto e “fornecem boa iluminação, ventilação, privacidade e segurança”. Como as decisões envolvendo a elaboração de um projeto arquitetônico são definidas em função das condições geográfica e dimensional do terreno, Isabel afirma ter encontrado diversos desafios para chegar ao protótipo final. “Não tive acesso a critérios de orientação. Além disso, existem poucos espaços móveis e a bibliografia é limitada, mas acabei me inspirando em espaços como circos, exposições, feiras, acampamentos, centros de pesquisa e até mesmo em barcos”, conta ela. A habitação desmontável também se adapta facilmente à topografia de diversos terrenos, permitindo sua instalação em locais mais próximos dos desastres, e pode ser reutilizada várias vezes. Leia a reportagem completa na edição 1711 do Boletim UFMG