O abuso do álcool já é conhecido como uma das principais causas da cirrose hepática, doença que ataca o fígado. Mas o acúmulo de gordura nesse órgão também pode evoluir para a cirrose, e ocorrer mesmo em quem não consome ou ingere quantidades pequenas de bebidas alcoólicas. É a chamada Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA), que pode resultar de fatores como obesidade, resistência à insulina, diabetes, altos níveis de colesterol e triglicérides, além da pressão alta. O estudo foi feito a partir de dois questionários aplicados a 96 pacientes do Ambulatório de Fígado Clínico do Hospital das Clínicas da UFMG, como parte da dissertação de mestrado de Sílvia Ferolla, defendida em dezembro na UFMG. Ele continha perguntas sobre como os participantes tinham se alimentado nas últimas 24 horas e a frequência de consumo dos grupos alimentares (cereais, tubérculos e raízes; feijões e outras leguminosas; frutas e verduras; carnes, leite e derivados; doces e açúcares; gorduras). Eles também foram submetidos a exames de sangue para analisar os níveis de colesterol, triglicérides, insulina e glicose, além da avaliação do funcionamento do fígado. Em geral, as pessoas com acúmulo de gordura no fígado tinham uma alimentação com ingestão excessiva de calorias, alimentos gordurosos e dos grupos dos açúcares e das carnes. Por outro lado, apresentavam baixo consumo de fibras, vitaminas antioxidantes (como A e C), ingestão insuficiente de cálcio, frutas e derivados do leite. Riscos Atualmente, cerca de 80% das pessoas com obesidade e 5% das pessoas magras apresentam gordura em excesso no fígado. Silvia Ferolla alerta para o potencial progressivo da DHGNA. “Ao final de 10 anos, cerca de 25% dos pacientes que inicialmente apresentam acúmulo de gordura com inflamação associada podem evoluir para a cirrose. Depois desse período, aumentam as chances de morte”, diz. Tratamento SERVIÇO (Assessoria de Comunicação da Faculdade de Medicina)
A DHGNA ocorre quando o acúmulo de gordura excede o limite de até 10% das células do fígado. As formas mais graves da doença são associadas a inflamação, fibrose, cirrose e até câncer hepático.
Ainda não há tratamento com remédios específicos para a DHGNA. Os médicos costumam recomendar ao paciente perda de peso e prática de exercícios físicos. “O maior ganho é conhecer o padrão alimentar desse grupo e a partir daí poder traçar uma dieta ideal para essas pessoas”, afirma a pesquisadora. “Se descobrirmos algo na dieta desses pacientes que esteja diretamente associado à doença, talvez se possa, no futuro, excluir ou incluir determinado item da alimentação, e não apenas restringir o consumo de calorias, como na maioria das dietas tradicionais para a perda de peso”, explica.
Programa: Pós-Graduação em Ciências Aplicadas à Saúde do Adulto
Título: Padrão dietético habitual na doença hepática gordurosa não-alcoólica
Nível: Mestrado
Autora: Silvia Marinho Ferolla