Sarah Grunbaum |
“Todos os mundos são possíveis, mas nem todos são reais – e a arte deve fazer a ponte entre poesia e realidade”. A reflexão foi feita pelo filósofo Francisco Jarauta, professor de Filosofia da Universidade de Murcia (Espanha), na conferência sobre Arte e cultura contemporânea, ministrada hoje no campus Pampulha. O evento foi um dos destaques do 43º Festival de Inverno da UFMG – Cidades: arte, cultura, conhecimento. Para Jarauta, a humanidade vive em uma época marcada pela velocidade de transformações que atingem os mais diversos âmbitos da vida, mas todas essas mudanças convergem para o mesmo ponto, o espaço social. Nesse contexto, a cidade atua não apenas como uma estrutura física, urbanizada, mas como uma realidade social que integra, nasce, multiplica e deve ser pensada. A sociedade de hoje é cada vez mais diversificada, e a academia deve, em primeiro lugar, saber reconhecer essa complexidade. “As ciências sociais têm a tarefa de construir novos mapas de análise da realidade”, salientou o professor. No mundo contemporâneo, em que aproximadamente 72% da população vive em áreas urbanizadas, há uma proliferação de perspectivas a respeito da cidade. Segundo Jarauta, há cerca de três décadas apenas duas espécies de estudiosos eram consideradas autoridades para abordar o tema: historiadores e urbanistas. Hoje, a situação se modificou. Além dessas duas classes, também opinam sociólogos, antropólogos, geógrafos e demógrafos. Intérprete do seu tempo Francisco Jarauta fará mais duas conferências no Festival de Inverno. Nesta quarta-feira, dia 27, ele falará sobre As novas configurações do espaço urbano , às 14h30, no auditório do Instituto Inhotim, em Brumadinho. Já na quinta-feira, 28, a temática abordada será Novas tecnologias, novas formas de sociabilidade, às 15h, no auditório da Faculdade de Ciências Econômicas (Face). O Festival de Inverno se estende até 7 de agosto. A programação completa está disponível no site.
Ao trabalhar as relações entre cultura, estética e cidade, o intelectual espanhol ressaltou que cada época tem sua arte, e que ela deve interpretar o imaginário de seu tempo. Assim, na sociedade atual, permeada pelos meios de comunicação e regida pelas regras de mercado, a arte deve tratar das tensões em curso, criando uma nova forma de percepção. Nesse contexto, as novas tecnologias vieram para multiplicar consideravelmente as possibilidades de criação do artista.