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Em setembro do ano passado, o Parque Estadual da Serra do Rola Moça, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, teve 80% de seus cerca de 3,9 mil hectares devastados pelo fogo. O maior incêndio registrado nessa área de preservação ambiental, que concentra espécies de transição do cerrado para a mata atlântica, motivou o professor José Eugenio Cortes Figueira, do Departamento de Biologia Geral do ICB, a organizar a oficina Fogo e Biodiversidade, que integra a programação da sexta edição do Festival de Verão da UFMG. "A ideia é tentar tirar algum proveito daquele desastre ambiental, mostrando aos alunos as áreas atingidas, comparando o espaço preservado com o deteriorado pelo fogo", justifica o professor. A oficina também vai revelar um lado menos conhecido do fogo. É que esse agente, além de seu potencial destrutivo, também atua como elemento modelador e reconstitutivo da paisagem. "Muitas vezes, um incêndio de regime natural {sem a ação do homem} devolve ao solo nutrientes não disponíveis e necessários para o crescimento da vegetação. A matéria orgânica é queimada, mas os nutrientes são mantidos, permanecendo na cinza ou na fumaça oriundas do fogo", explica o professor José Eugenio. No entanto, os incêndios provocados pela atividade humana em épocas de seca e em frequência muito elevada impedem que o ecossistema recupere a sua flora. Parques naturais, como o do Rola Moça, são extremamente vulneráveis aos incêndios causados pelo ser humano. "Eles foram estruturados para proteger um pouco da nossa flora e da nossa fauna, só que estão se transformando em verdadeiras armadilhas. Perde-se uma boa parte da flora, e exemplares da fauna também morrem, se não queimados, por asfixia ou por falta de alimento", afirma o idealizador da oficina. José Eugenio defende a promoção de ações preventivas, de preparo às equipes de combate ao fogo e, principalmente, de educação ambiental para evitar consequências catastróficas. "A educação é fundamental; as pessoas põem fogo, pois não sabem o que estão perdendo. No caso do Rola Moça, o governo de Minas Gerais só liberou recursos para aplacar o incêndio 15 dias depois que começou." Os alunos da oficina terão a oportunidade de visitar o Parque do Rola Moça para observarem, na prática, aquilo que aprenderam na teoria. Serão dois dias (18 e 19 de fevereiro) de aulas teóricas na Faculdade de Ciências Econômicas (Face) e outros dois (20 e 21) de atividades no parque. O transporte será gratuito, com saída da Face. Com 20 vagas disponíveis, a atividade é direcionada a graduados e graduandos de qualquer área com interesse no fenômeno fogo e suas consequências ecológicas. As inscrições, abertas a partir desta segunda-feira, devem ser feitas no site da Fundep. A taxa é de R$ 20.