Começa na próxima segunda-feira na Praça de Serviços do Campus Pampulha da UFMG a 12ª Feira de Artesanato do Vale do Jequitinhonha na UFMG. O evento, aberto ao público, reunirá 42 associações de artesãos de 25 cidades do Vale. Nos estandes, os visitantes encontrarão uma grande diversidade de peças: cerâmicas, trançados de palha, panelas de barro, bordados, bonecas e colchas.
Dentre as novidades deste ano destaca-se a participação de duas etnias indígenas de Araçuaí: a Aranã e a Pataxó-Pankararu. “Essa participação é importante porque dará visibilidade ao trabalho artesanal realizado por eles, além de reforçar a presença indígena no Campus”, afirma a coordenadora do Projeto Artesanato Cooperativo e organizadora da feira, Terezinha Furiati. Outra novidade é a organização de um espaço especial para artesãos reconhecidos do Vale. Entre os convidados, Ulisses Mendes, da cidade de Itinga, a família de Dona Isabel, de Santana do Araçuaí e Lira Marques, de Araçuaí.
A feira, que vai até dia 7 de maio, contará ainda com uma programação artística diversificada que inclui artistas da região do Vale do Jequitinhonha, bem como de outras regiões de MG.
Programação
02/05 às 12h30: Coral Água Branca -Itinga
03/05 às 12h30: Volber e Gilmar - Versos e Cordas
04/05 às 12h30: Sarandeiros - Fragmentos do Espetáculo Gerais de Minas
05/05 às 17h30: João di Souza e Chico Lobo - o tenor e o violeiro e homenagem às mestras de ofício.
06/05 às12h30: Banda a Terceira Margem
A programação conta ainda com homenagem às mestras de ofício Elzi Gonçalves Pereira (de Jequitinhonha) e Geralda Leite Sena (de Francisco Badaró). O evento é promovido pela Pró-Reitoria de Extensão (Proex), Programa Polo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha e Diretoria de Ação Cultural (DAC),
Às mestras com carinho......
Mestra Elzi Gonçalves Pereira - nascida em 20 de março de 1943, dona Zizi é a última paneleira de Guaranilândia, distrito de Jequitinhonha. A produção das panelas, potes, moringas, gamelas começou ainda criança e é feita com ferramentas simples: um pilão, um pedaço de couro, algumas pedras e uma faquinha. Uma confecção completamente artesanal, que exige dedicação, observação e muita habilidade. Nestes vários anos, a mestra já teve vários aprendizes. Hoje, com o advento das panelas de alumínio, as panelas de barro perderam seu espaço. No entanto, a mestra não desanima e continua ensinando o ofício, agora para os netos.
Mestra Geralda Leite Sena - nascida em 1927, em Francisco Badaró, dona Geralda iniciou-se no ofício ainda menina, por influência da mãe fiandeira. Dedicou toda a sua vida ao algodão, sem nunca ter desviado do ofício ou desistido de fiar e tecer. Seu saber foi repassado e compartilhado com seus filhos, amigos e vizinhos. Hoje, quase aos 84 anos, ela ainda fia. Pouco, pois a saúde a impede de trabalhar como antes. Mas a comunidade é unânime em dizer que “fios iguais os de Dona Geralda não tem, são fios muito finos”, próprios para roupas. Tecidos a partir de uma técnica desenvolvida e aperfeiçoada durante toda a vida, com muita paciência e mãos firmes.
Sobre a Feira
Desde 2000, a Universidade Federal de Minas Gerais tem dado espaço para que dezenas de artesãos do Vale comercializem suas peças na capital e divulguem a cultura da região, por meio da Feira de Artesanato do Vale do Jequitinhonha. Ao longo dos anos, a feira passou por inúmeras transformações e desde 2009, é organizada pelo projeto Artesanato Cooperativo, que integra o Programa Polo. Além da organização do evento, o projeto é voltado para o incentivo da produção artesanal do Vale e para o fortalecimento do associativismo na região. O sucesso da feira é tanto, que só no ano passado, o lucro para os artesãos ultrapassou 100 mil reais.
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