Publicado em: O projeto final enviado
A Universidade Federal de Minas Gerais foi fundada em 7 de setembro de 1927, por iniciativa do governo de Minas Gerais, a partir da reunião de quatro instituições de ensino superior: as Faculdades de Direito e Medicina, e as Escolas de Engenharia e de Odontologia e Farmácia. Permaneceu como instituição estadual até 17 de dezembro de 1949, quando foi federalizada.
Atualmente a UFMG conta com dois campi em Belo Horizonte – Pampulha e Saúde – e um Campus situado em Montes Claros. É composta por 19 unidades acadêmicas, três unidades especiais, órgãos suplementares – vinculados à Reitoria –, e órgãos complementares – vinculados às unidades acadêmicas. Encarrega-se do ensino, graduação e pós-graduação, da pesquisa e da extensão em todas as áreas do conhecimento, sob a forma presencial e à distância. Oferece também cursos de educação básica e profissional que funcionam como campo de experimentação para a área de licenciatura e se constituem como lugar de produção teórica e metodológica sobre as questões referentes a estes níveis de ensino.
A UFMG conta, atualmente, com 19 unidades acadêmicas, responsáveis, junto com o Núcleo de Ciências Agrárias, sediado em Montes Claros, por 48 cursos de graduação presenciais, além de 70 cursos de especialização, 120 cursos de mestrado e doutorado reunidos em 67 programas de pós-graduação. Conta, também, com outras duas unidades especiais, além do Núcleo de Ciências Agrárias, a saber, o Hospital das Clínicas, referência em doenças de alta complexidade e responsável por 38 programas de residência médica, e a Escola de Educação Básica e Profissional. No campo da pesquisa, atuam mais de 600 grupos, formalmente cadastrados no CNPq. Para o cumprimento dessas atividades a universidade conta com aproximadamente 2.500 professores, dos quais quase 70% são doutores e mais de 80% estão em regime de DE. O corpo discente é hoje constituído por cerca de 23.000 alunos de graduação, por aproximadamente 7.000 mestrandos e doutorandos, por 6.000 alunos de cursos de especialização e por mais de 1.300 estudantes da educação básica. Conta ainda com cerca de 4500 servidores técnicos e administrativos.
Em 2007, foram oferecidas, no vestibular, 4.674 vagas, sendo 21% delas para o turno noturno, com mais de 65 mil candidatos inscritos. Além disso, a partir de 2008, a UFMG iniciará sua participação no Sistema Universidade Aberta do Brasil, com oferta de 1.050 vagas, a serem concursadas no mesmo vestibular.
Ao lado de uma política de expansão, presente na trajetória da UFMG desde sua fundação, a instituição tem-se pautado por parâmetros de mérito e qualidade acadêmica em todas as suas áreas de atuação. A qualidade e a abrangência internacional da produção científica são demonstradas pelo elevado número de artigos indexados pelo Institute of Scientific Information – ISI: 6.424 no período de 1997 a 2006, citados 35.518 vezes, desde 1997. Vale notar o ritmo expressivo do crescimento, já que, em 1997, o total de artigos indexados foi de 362 e, em 2006, de 1011. Seus docentes têm participação expressiva em comitês de assessoramento de órgãos de fomento à pesquisa, em comitês editoriais de revistas científicas e em diversas comissões de normas técnicas.
A UFMG atua como veículo de desenvolvimento regional, nacional e internacional. No cumprimento dos seus objetivos, mantém cooperação acadêmica, científica, tecnológica e cultural com instituições nacionais e internacionais, além de numerosos programas de mobilidade docente e discente. Isto se dá por meio da titulação e qualificação de docentes de outras instituições, pela formação de núcleos de ensino, pesquisa e extensão multi-institucionais voltados para o avanço do conhecimento, e comprometidos com a qualidade e relevância social das produções acadêmico-científicas, tecnológicas e culturais. Entre as prioridades da Instituição deve ser assinalada, ainda, a interiorização das suas atividades pelo fortalecimento de seus espaços de atuação no interior do Estado e a presença em importantes redes e consórcios inter-universitários nacionais e internacionais.
Obtendo continuado destaque nas avaliações conduzidas pelas agências nacionais, seja no que diz respeito à formação discente, seja no que diz respeito ao desempenho docente, a UFMG se destaca como uma referência inquestionável entre as instituições públicas de educação superior no País. É uma das cinco instituições nacionais arroladas entre as 500 mais importantes universidades do mundo, conforme classificação recente conduzida pela Universidade Jiao Ton, de Xangai, China.
A UFMG tem como missão gerar e difundir conhecimentos científicos, tecnológicos e culturais, propiciando uma formação sólida aos seus discentes, ancorada no espírito crítico e no compromisso ético. Atua no cenário nacional, pautada pela defesa de um generoso humanismo e da permanente qualificação científica, comprometida com intervenções transformadoras na sociedade e com o desenvolvimento sustentável.
A expansão do ensino superior no Brasil, além de atender a um legítimo desejo da sociedade, responde também ao imperativo do desenvolvimento nacional. A taxa bruta de matrícula no ensino superior brasileiro situa-se ao redor de 25%, quando calculada com base na população de 20 a 24 anos. Essa taxa cresceu em anos recentes, crescimento ocorrido essencialmente no setor privado. Mesmo considerando o contexto da América Latina, as taxas brasileiras de matrícula na educação superior ainda estão aquém do desejado, o que justifica plenamente a adoção de medidas visando a sua expansão.
O sistema público caracteriza-se como uma ilha de qualidade no ensino superior brasileiro, conforme evidenciam todos os indicadores e os resultados das avaliações realizadas. Esse sistema, entretanto, recebe menos de 30% das matrículas, percentual que vem decrescendo com os anos. O setor federal, por sua vez, a despeito de esforços feitos em anos recentes, atende, a cada ano que passa, a uma fração menor das matrículas. Em 2005, o conjunto das IFES responsabilizou-se por 15% das matrículas totais.
O cenário atual indica que o atendimento a uma maior quantidade de estudantes requer a expansão do setor público em patamares superiores ao crescimento do setor privado, como prevê o Plano Nacional de Educação (PNE), além da ampliação das camadas sociais que a ele têm acesso.
Isso, no entanto, não poderá ocorrer pela simples replicação do modelo atual. Além do impeditivo decorrente de razões financeiras, o mosaico de cursos hoje existentes nas IFES requer adaptações inclusive de natureza didático-metodológica, dado que, em que pese todo o progresso tecnológico das últimas décadas, o cenário, nesta área, ainda está muito próximo do que era vigente nos anos 70 do século passado.
O setor público da educação superior necessita crescer, seja na graduação, seja na pós-graduação, incorporando uma maior diversidade de propostas curriculares, de caráter mais amplo, para fazer frente aos desafios que lhe são propostos pela sociedade atual. Precisa acoplar a isto, também, metodologias mais adequadas ao volume de matriculados a serem atendidos, além de ter acesso aos recursos indispensáveis à manutenção, com qualidade, desse crescimento. A expansão conjugada da graduação e da pós-graduação garantirá, ainda mais, o já elevado patamar de qualidade que caracteriza o sistema público da educação superior.
Nesse contexto, é alentador que o Governo Federal apresente diretrizes para a expansão do sistema universitário federal, passado mais de cinco anos da aprovação Plano Nacional de Educação, no qual foram estabelecidas as metas de 30% da oferta de educação superior para a população na faixa de 18 a 24 anos, sendo 40% delas de natureza pública. Tal como proposto no texto divulgado, essas diretrizes incluem a referência clara aos recursos materiais necessários a essa expansão. É por considerar dessa forma, que a UFMG vem apresentar sua proposta para se associar ao REUNI, conforme exposto a seguir.
A proposta da UFMG fundamenta-se nos princípios descritos a seguir:
Conquanto o projeto de expansão proposto pela UFMG, no que concerne à definição de uma metodologia de ensino que reestruture significativamente as práticas didático-pedagógicas vigentes, possa aparecer como uma novidade entre nós, ela está claramente associada ao que, há décadas, é praticado, com sucesso, por instituições de educação superior em diversos países, notadamente na Europa e na América do Norte. O mesmo vale para a defesa de currículos mais enriquecidos e menos extensos. Quanto a estes, como é largamente sabido, o hábito brasileiro caminha na direção contrária. Ao longo dos anos, professores, universidades e órgãos reguladores, pressionados pelas corporações e pela tese de que currículos grandes são indispensáveis, têm se posicionado a favor de currículos inchados, o que, não raro, implica em perda de qualidade e reiterações improcedentes. Com a presente proposta, a UFMG visa romper com essa prática perversa e se aproximar do que já é feito na maioria das mais conceituadas universidades de todo o mundo.
Em síntese, o projeto ora apresentado ao programa REUNI associa a expansão estratégica das matrículas, a construção de currículos e formações inéditas, arrojadas e socialmente relevantes, o uso de novos instrumentos didático-metodógicos e uma crescente integração entre a graduação e a pós-graduação, prevendo, sempre, o uso racional de recursos. São esses os princípios mais gerais que norteiam a presente proposta. Não poderia ser diferente no caso de uma universidade que vem ocupando as mais destacadas posições em todos os processos de avaliação do ensino praticados em nosso país, em qualquer dos seus níveis, e que conta com um crescente reconhecimento por parte de instâncias internacionais.
11 comentários
RONALDO PARANHA
14/11/2007 às 22h35
1Acredito haver necessidade de melhor aproveitamento do espaço fisico das universidades, e o REUNI pode vir somar melhorias para a comunidade acadêmica e aos que sonham entrar na universidade.
Acadêmico de Direito, UNIR-RO Cacoal.
Lucas Soares Frossard
16/11/2007 às 22h25
2Foi constatado que poderá ocorrer um possível deslocamento dos professores para atender a pós (mestrado, doutorado), ficando a graduação na mão de monitores, ou professores provenientes da pós.
Um dos maiores orgulhos da UFMG é que a própria graduação tem aula com doutorandos, e o reuni é um abalo a essa estrutura.
Uma das consequências mais temidas e dada como certa é a perda da qualidade na educação.
O reuni é um remendo. E além disso, é um remendo dotado de politica populista.
Ninguém falava em reforma universitária, veio o governo e fala nisso! O que sempre se falou foi em ampliação das vagas, sem perder qualidade, com um acompanhamento sério. Mas o que vemos são medidas populistas.
Populistas estas principalmente porque a maior reforma educacional que o país precisa é na educação base, e falar os motivos e razões para esta reforma é redundante. E todo mundo sabe disso. Mas pra essa reforma, ou até mesmo reformulação, o governo da as costas.
O sistema básico educacional brasileiro não atende as demanadas modernas. Não há nada relacionado a cultura nas escolas, além de é necessário revisar o que o aluno aprende na escola, visto que com o modelo clássico adotado hoje, o aluno que sai da escola não está apto a práticar nenhuma profissão.
O que formamos são pessoas com conhecimento, mas em que poucos são aplicavéis a prática, ou alguma profissão. As três coisas, conhecimento, cultura e profissão devem ser associadas progressivamente na formação do cidadão.
Alias, o que faço com as dicotiledônias e monocotiledôneas?
Pra essa educação, verdadeira, o governo o não liga. E ainda me inventa uma gambiarra como nome de reuni.
CONTRA O REUNI.
Samuel
8/12/2007 às 11h48
3Gambiarra??? Difícil acreditar que uma pessoa interessada na melhoria da educação no Brasil, como o Lucas (acima), não perceba a política pública que priorizou as Instituições de Ensino Superiores Públicas – coisa que não vinha sendo feito pelo governo anterior.
A questão a meu ver é a proposta de reformulação curricular e didático-pedagógica que deve ser melhor discutida e mais bem detalhada. Também fiquei apreensivo, como o Lucas, quanto ao destino da qualidade das graduações, mas entendo que não houve o esmiuçamento das propostas. Falta informação para discutir.
Marcela Aline
27/12/2007 às 12h57
4Assim como o Samuel e o Lucas (acima), também me preocupa a qualidade do ensino. Não só com relação às aulas dadas por mestrandos (que, por vezes, são sim competentes), mas esse aprimoramento do processo seletivo para o ingresso na UFMG me preocupa ainda mais. Concordo que o vestibular torna-se um processo quase que excludente, pois é preciso estudar muito para conseguir a vaga. Porém, como seria essa nova entrada? Alunos de escola pública têm grandes dificuldades em passar no vestibular. Mas, assim como o Lucas, concordo que o erro esta no ensino de base. Não concordo com cotas para priorizar ninguém! Mesmo por que se prioriza, os alunos podem não acompanhar o ritmo da turma e ai temos uma baixa qualidade de ensino. É o que vemos em algumas das faculdades particulares (sem generalizações)!!!!!!! É preciso, sim, rever o vestibular, mas acredito que as vagas precisam ser disputadas igualmente entre os candidatos.
Marcela Aline
Rossini Santiago
29/03/2008 às 11h10
5Não conheço totalmente a proposta. Somente linhas gerais. Assim, vejamos:
A questão levantada pelo Lucas deve sim ser examinada. Se professores doutores serão deslocados para a pós, a meu ver, não há nada de errado, desde que se incluso no projeto a ampliação também no número de vagas para docentes, o que talvez já exista. Se o número de alunos vai aumentar, mais professores devem ser contratados.
Quanto à reformulação de currículos, novas metodologias, uso mais racional do espaço físico, dos recursos humanos da universidade e otimização dos atuais recursos financeiros e dos que virão com o REUNI, não vejo nada de errado, pois de fato podemos melhorar nisso. Fica a ressalva de que deve-se submeter tais propostas à apreciação de profissionais e estudiosos de educação, ao invés de algo prematuramente pensado dentro de um gabinete do MEC e votado naquele Congresso.
Por outro lado, uma melhoria substancial nesse termos deve ser pensada também para o ensino básico. Se nas IFES ainda reina algo parecido com o que acontecia na década de 70, na educação de base não está diferente. E se uma solução no âmbito do ensino superior dá a impressão de resolver o problema “a curto prazo”, pelo menos todos temos a certeza de que um “REUNI”, com características próprias, para a educação básica resolverá definitivamente o problema, mesmo que esperemos uma geração para colher os frutos. De fato, acredito que tal programa custasse o mesmo ou menos dinheiro para ser viabilizado do que o atual REUNI, já que não envolveria bolsas para discentes e considerando que os salários dos docentes naquele nível de ensino são menores, mas reconheço que um pré-estudo deve ser feito.
Se a atual proposta tem algo de eleitoreira ou populista, seu fim torna-se viciado e potencialmente ineficaz. É lamentável que seja assim. Se nossos governantes são em geral afeitos a obras universalizantes e generalizadoras, com evidente afã de resolver tudo de uma vez ou de chamar muita atenção (afinal, o ensino superior chama mais atenção do que o básico), temos que lamentar. Mas, já que a proposta deve passar pelos gestores de nossa universidade, pelo CAs e DCEs, é aí que devemos expor e/ou corrigir os problemas e parabenizar os acertos. Remendo ou não, ele acerta em alguns pontos. Remendo ou não, ele é de certa forma necessário e não deve ser de todo condenado.
Rossini Santiago
Mário
25/04/2008 às 8h51
6Quanto ao vestibular, ele não seleciona os mais capazes; testa apenas um conhecimento extra curricular que se compra em cursinhos. Eu saí de um supletivo público [ruim] e era o melhor aluno da graduação de fisica de minha faculdade particular, sem falar de aprovações em concursos e vestibulares de federais . O que venho dizer é que é logico que a educação de base é a prioriodade visto que o ensino superior é para poucos. Mas no Brasil essas poucas vagas não são para os mais inteligentes, e sim para os mais ricos (salvo exceções). Existem muitos “einsteins” por aí que pela cultura de morro estão mais interressados em morrer no trafico do que tentar um vestibular …
O vestibular deveria ser substituído por um teste de QI.
Mário
Mário
25/04/2008 às 8h54
7É puro preconceito dizer que alunos oriundos de uma educação básica ruim não terão bom desempenho acadêmico, visto que os pobres coitados do Prouni têm se saído muito acima da média dos outros alunos das instituições particulares.
Mário
Carlos
19/09/2008 às 19h36
8O REUNI é um avanço. Aqueles que protestam, me parece, descendem das elites patriarcais e oligárquicas, que ainda no Império, insugiram contra as medidas do governo que pretendiam de alguma forma, favorecer a classe desprotegida da sociedade não lhes permitindo emancipar.
Carlos
marynalva
26/12/2008 às 17h28
9Como fica a regiao norte? o estado do Tocantins como funcionará o reuni esta comfuso esse programa
Nota de esclarecimento
Informações sobre outras regiões e universidades devem ser obtidas junto às mesmas.
Geysa
19/02/2009 às 11h39
10Concordo que o REUNI representa um “olhar” do governo ao ensino superior. Sim, isso não ocorre a partir do nada. Há um desempenho socioeconômico e científico que é a cara do Brasil para o mundo. E isso conta. Penso também que “há algo de pobre” no reino da educação. O sitema educacional precisa ser mudado para que ocorra a transformação social que o país precisa. O REUNI pode ser um começo. Certo ou errado. É um começo. Não é o que importa? Começar? Tá aí o ciclo de debates. Já tá valendo.
Geysa
Profa.Viviane Parisotto
1/12/2009 às 21h35
11O projeto REUNI-UFMG foi um dos grandes desafios aos Professores da UFMG exigindo criatividade, interatividade, superação, integração que, com certeza, trará benefícios para toda a Universidade não só para os Cursos vinculados mas e, especialmente, para os não vinculados ao REUNI. Atitude arrojada e sabiamente sustentada pelo Reitor Prof. Ronaldo Penna. A ser lembrado no futuro.
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