5.1 Articulação da graduação com a pós-graduação: expansão quali-quantitativa da pós-graduação orientada para a renovação pedagógica da educação superior.

Diagnóstico da situação atual

Na UFMG, um esforço já de muitos anos é responsável por uma clara articulação da graduação com a pós-graduação. Tal política foi concebida a partir da observação de que, por um lado, cursos de graduação de elevado padrão científico só podem ocorrer em ambientes onde a pesquisa e a pós-graduação estejam presentes e, por outro lado, uma pós-graduação de elevada qualidade depende essencialmente de um fluxo de alunos oriundos da graduação com boa formação e boa motivação para prosseguir estudos. Decorre disto o reconhecimento de que a constituição de uma universidade capaz de dar suporte ao desenvolvimento tecnológico de ponta e às demandas sociais emergentes mais complexas só é possível, de fato, quando essa instituição articula cursos de graduação de elevada agregação de conhecimentos com cursos de pós-graduação, nos quais o conhecimento novo é gerado e exercitado.

A UFMG, considerada a totalidade das universidades federais, destaca-se, conforme a mais recente avaliação da CAPES, como uma das instituições mais consolidadas na pós-graduação stricto sensu, com cursos de excelência em todas as áreas do conhecimento. Considerada a avaliação da ENADE, a UFMG apresenta os melhores resultados dentre todas as universidades federais. Não obstante esses indicadores, deverá ser mantido um esforço institucional, que vem sendo aplicado há anos, direcionado para:

  • A expansão da pós-graduação em todas as áreas do conhecimento, particularmente naquelas em que a consolidação científica da UFMG ou do Brasil é mais recente;
  • A contínua elevação da qualidade da pesquisa, associada à formação de recursos humanos com a mais elevada qualificação no conjunto dos programas de pós-graduação;
  • O aperfeiçoamento da preparação dos pós-graduandos para a atividade de ensino no nível superior;
  • O aumento das oportunidades para que alunos de graduação tenham acesso à pós-graduação e à pesquisa;
  • O aumento da interação entre estudantes de graduação e estudantes de pós-graduação, em diversas instâncias do cotidiano da instituição.

Deve-se apontar a questão da interação da graduação com a pós-graduação como um dos elementos estruturantes do projeto apresentado pela UFMG ao programa REUNI. A proposta da UFMG, de montagem de equipes formadas por docentes e por estudantes de pós-graduação para dar apoio a atividades didáticas na graduação, já vem sendo testada experimentalmente há cerca de dois anos – antes, portanto, da formulação do REUNI. Tal experimento vem sendo conduzido no contexto do ciclo básico de Ciências Exatas, em disciplinas que tradicionalmente apresentam elevadas taxas de reprovação, com o seguinte formato: (i) um docente apresenta as aulas expositivas; (ii) a turma é subdividida em várias sub-turmas com pequeno número de alunos, que têm aulas de exercícios e acompanhamento individualizado por parte de estudantes de pós-graduação. Neste momento, há indicadores que sugerem que essa iniciativa foi capaz de melhorar o aproveitamento dos estudantes nas disciplinas envolvidas.

Como elemento que compõe um quadro atual que não é específico da UFMG, deve-se por fim mencionar que a preparação de docentes para o ensino superior no Brasil talvez tenha importantes lacunas. Em grandes universidades, um docente recém-contratado provavelmente será oriundo de uma graduação na qual ele terá participado de projetos de iniciação científica. A seguir, ele terá feito um mestrado e, logo depois, um doutorado. Tendo publicado alguns artigos e talvez tendo feito um pós-doutorado, ele terá finalmente feito o concurso que o habilitou a ser docente do ensino superior. Assim, ele terá ingressado na docência sem nunca ter sido preparado especificamente para isso.

O projeto da UFMG para o REUNI prevê especificamente o engajamento de bolsistas de mestrado e de doutorado na atividade do ensino superior de graduação. Além do efeito de agregar força de trabalho para permitir o aperfeiçoamento das atividades de ensino, é importante mencionar a dimensão da preparação dos pós-graduandos para uma possível carreira de docência no ensino superior. Participando de equipes didáticas, o pós-graduando fará parte de uma equipe comprometida com as atividades de ensino de uma turma de graduação, o que lhe permitirá compartilhar experiências, observações, sistematizações. Recebendo tarefas gradualmente mais complexas nessas equipes, ele terá uma inserção gradual, como convém à sua própria formação como futuro docente. Espera-se que o bolsista, após passar por esse processo, tenha sua habilidade e vocação para a docência mais especificamente desenvolvida.

Metas a serem alcançadas com cronograma de execução

Como já dito anteriormente, pretende-se que estejam constituídas, ao final do programa REUNI, equipes de docentes e estudantes de pós-graduação em todas as áreas do conhecimento. Tais equipes deverão contar com um total de pelo menos 700 bolsistas, entre estudantes de pós-graduação e pós-doutores, desenvolvendo atividades em todos os novos cursos a serem criados no âmbito do REUNI, e também na maior parte dos cursos anteriormente existentes. O cronograma de formação dessas equipes segue essencialmente o cronograma de criação de novos cursos. Aproximadamente, para cada 20 novos alunos de graduação incorporados ao alunado da UFMG, haverá a implementação de duas ou três novas bolsas de mestrado ou doutorado ou de uma bolsa de pós-doutorado (dependendo do projeto de cada novo curso), para bolsistas que integrarão as novas equipes de docentes e pós-graduandos para apoio às atividades da graduação. Ainda, todos os bolsistas de pós-graduação, ao mesmo tempo em que desenvolverão atividades de apoio à graduação, limitadas a oito horas semanais cada um, deverão, no curso dessas atividades, serem também treinados para o exercício das atividades de ensino superior. Espera-se que as novas equipes didáticas a serem constituídas tragam a problemática da sala de aula para o âmbito da discussão coletiva, permitindo a elaboração intelectual e o acúmulo de experiência dos membros das equipes, a partir de tal problemática.

Assim, no que diz respeito especificamente à meta de capacitação dos pós-graduandos para a atuação no ensino de graduação, estabelecemos a meta de que todos os bolsistas integrantes das equipes sejam expostos a atividades diversificadas junto a turmas de graduação, sendo sua inserção estruturada de forma a prever:

  1. Um planejamento de atividades;
  2. Uma discussão dos eventos verificados na prática;
  3. Uma sistematização das observações empíricas;
  4. A proposição de aperfeiçoamentos na prática didática, ao final de cada semestre.

O cronograma de execução desta meta deverá seguir estritamente o cronograma de implantação das equipes didáticas, anteriormente apresentado.

Estratégias para alcançar a meta

As estratégias para se alcançar as metas propostas envolvem as seguintes ações articuladas em termos de regulamentação interna:

  • A cada projeto de novo curso, criado no âmbito do REUNI, serão atribuídas bolsas de pós-graduação, de acordo com uma proporção fixa em relação ao número de novos alunos de graduação;
  • Essas bolsas serão implementadas mediante a apresentação do planejamento de formação das equipes didáticas;
  • Outro requisito para implementação das bolsas será o treinamento do conjunto das equipes;
  • Um requisito para a manutenção das bolsas será a apresentação periódica de relatórios, descrevendo as circunstâncias envolvidas na execução de cada projeto e apresentando os resultados.

Etapas

As etapas em que se desdobra a estratégia acima delineada são:

  • A regulamentação mencionada no item “estratégias” deverá ser detalhada e aprovada no decorrer do primeiro semestre de 2008;
  • O sistema de treinamento de equipes deverá estar estruturado até o segundo semestre de 2008;
  • À medida em que os novos cursos forem se iniciando, as equipes deverão ser montadas, de acordo com tal regulamentação, e fazendo uso do treinamento a ser disponibilizado.

Indicadores

Como indicadores relacionados com esta dimensão serão utilizados precisamente os mesmos relacionados à verificação do trabalho das equipes didáticas:

  • Número de bolsistas de pós-graduação integrantes das equipes;
  • Número de docentes integrantes das equipes;
  • Número de disciplinas servidas pelas equipes;
  • Número de alunos de graduação atendidos;
  • Número de cursos e de áreas do conhecimento em que haja presença das equipes;
  • Taxas de retenção nas disciplinas servidas pelas equipes;
  • Grau de satisfação dos estudantes, verificado através dos questionários;
  • Relatórios produzidos pelos departamentos, descrevendo o planejamento e a execução das atividades das equipes.

Em adição aos indicadores acima, serão produzidos questionários verificando a satisfação dos bolsistas de pós-graduação, no que diz respeito à formação por eles adquirida para o ensino de graduação.