Voltar para o Início Ir para o rodapé
Evento Cultural

Fora da gaiola: exposição de Mariana Laterza, no Centro Cultural, converte pesquisa de doutorado em experiência poética

Obra ‘Matéria e os sonhos alados’, por Mariana Laterza, é uma das peças presentes na mostra
Foto: Divulgação

24 de out a 02 de nov

Evento presencial Ver informações

Evento gratuito

Compartilhe:

A exposição A esperança alada e os devaneios da imaginação, da artista Mariana Laterza, reúne, no Centro Cultural UFMG, trabalhos que exploram gravuras em campo expandido em diálogo com a fotografia, o objeto e o espaço expositivo. A curadoria é da professora Maria do Carmo de Freitas Veneroso, da Escola de Belas Artes da UFMG.

Parte da tese de doutorado da artista, desenvolvida na Escola de Belas Artes (EBA) e na França, as obras que compõem a exposição traçam um percurso poético que articula prática artística e reflexão teórica, desenvolvidas ao longo de seus estudos. Por meio de metáforas, a artista propõe ao público imaginar novos modos de existir ao explorar uma “poética da imaginação criadora como fonte de esperança e liberdade”, como destaca o texto de divulgação.  A tese será defendida no dia 30 de outubro, e a exposição pode ser visitada até 2 de novembro, com entrada livre.

O projeto começou ainda na graduação em gravura de Mariana, em 2014. “Foi uma exposição que eu propus como parte da minha banca de qualificação da banca de doutorado. Ela tem relação com a questão da imaginação e criação poética”, explica a artista em vídeo veiculado em suas redes sociais.

Liberdade como tarefa
O trabalho de Mariana, em fotografia e gravuras em metal associada à assemblage, utiliza gaiolas, portões, flores e grades para criar uma reflexão sobre a liberdade. Sua abordagem intermidiática amplia o campo da gravura ao combinar técnicas tradicionais com a apropriação de objetos (na tradição do ready made).

Diferentes metáforas permeiam suas obras. Enquanto o portão fechado representa obstáculos físicos e emocionais, o pássaro e a gaiola com a porta aberta é o símbolo central ao apontar “para a liberdade de escolha e a possibilidade objetiva de fuga”.

A metáfora tripla da gaiola, do portão e do pássaro propõe a ideia da liberdade como tarefa, e não um estado. A porta aberta apenas sinaliza a condição de ser livre, uma vez que a verdadeira liberdade exige, por parte do indivíduo, o ato de superação de obstáculos externos (portão fechado) e internos (a disciplina internalizada da gaiola). Assim, a artista propõe a indisciplina como chave para a liberdade.

“Não se trata apenas de quebrar regras, mas de um ato de ‘cuidado de si’, de ‘construir um novo self’. A indisciplina, nesse contexto, é o ‘vagar’ ou ‘derivar’ – o voo sem destino pré-determinado, a reaprendizagem em sentir e perceber o ambiente como um convite, e não como uma ameaça”, descreve-se na divulgação.

A pesquisadora explora essa poética em seu trabalho criativo ao recorrer a elementos da vida urbana, como fotografias de portões e grades, e combina esses objetos com a gravura. “O pássaro que voa simboliza o sujeito que, ao abandonar a conformidade do cativo seguro, realiza o primeiro passo ativo em direção à liberdade”, finaliza o texto.

Sobre a artista
Doutoranda em Artes Visuais pelo Programa de Pós-graduação em Artes da EBA da UFMG, mestre em Artes pela Universidade do Estado de Minas Gerais, ambos com bolsa Capes e graduada em Artes Visuais também pela Escola de Belas Artes, Marina Laterza é artista plástica, pesquisadora e arte-educadora. A belo-horizontina realizou recentemente um doutorado sanduíche na Paris 1 – Panthéon Sorbonne, na França.

Além de exposições individuais e coletivas realizadas no Brasil, como a Insignificâncias poéticas (individual), Galeria do Minas II, apresentou trabalhos na Semer et faire fleurir, na França (individual), e na CaliGrafia 4, na Colômbia (coletiva). Atualmente, ela pesquisa interlocuções entre arte, psicologia e filosofia, com foco na criação poética através da gravura e da ressignificação do território urbano por meio da deriva e seus desdobramentos.

Sobre a curadora
Maria do Carmo de Freitas Veneroso é artista, pesquisadora e professora titular da Escola de Belas Artes EBA. Ela é doutora em Estudos Literários pela Faculdade de Letras da UFMG, mestre (Master of fine arts) pelo Pratt Institute, em New York, nos Estados Unidos, e bacharel em Belas Artes pela também pela EBA. Realizou residência de pós-doutorado na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e na Indiana University, em Bloomington, nos EUA, onde foi professora e artista visitante.

A curadora trabalha sobre as relações entre palavra e imagem na arte contemporânea e pesquisa o campo ampliado da gravura contemporânea. Bolsista de produtividade do CNPq e membro do Comitê Brasileiro de História da Arte e da Associação Brasileira de Críticos de Arte, ela coordena o grupo de pesquisa Caligrafias e Escrituras e o Litholabor – Laboratório/Atelier de Litografia da EBA UFMG.

Data e Hora

24 de outubro a 02 de novembro

Investimento

Evento gratuito

Evento presencial

Avenida Santos Dumont, 174 – Centro, Belo Horizonte