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Universidade do futuro

Começa encontro do Grupo Tordesilhas, que discute IA, ética e inclusão

Reitores de universidades do Brasil, da Espanha e de Portugal estão reunidos na UFMG; dirigentes foram recebidos no Palácio da Liberdade

Por Redação

Participantes do Encontro do Grupo Tordesilhas na frente do Palácio da Liberdade
Foto: Jebs Lima | UFMG

O 24° Encontro de Reitores do Grupo Tordesilhas começou neste domingo, dia 9, com uma recepção aos dirigentes no Espaço do Conhecimento UFMG e no Palácio da Liberdade. O grupo foi saudado pela reitora Sandra Goulart Almeida, pelo cônsul de Portugal em Belo Horizonte, Eurico de Matos, pelo cônsul honorário da Espanha na capital mineira, Gustavo Bautista Barbosa, pelo Superintendente de Relações Nacionais e Internacionais da Casa Civil do governo de Minas Gerais, Igor Tameirão, e pelo Secretário de Relações Institucionais da Prefeitura de Belo Horizonte, Qu Cheng.

Cerca de 50 pessoas visitaram as exposições do Espaço do Conhecimento, conheceram as dependências do Palácio da Liberdade e assistiram a apresentações do Quarteto de Cordas e do grupo Samba e Choro de Quintal, ambos da UFMG, em uma tenda montada no jardim do Palácio. A reitora Sandra Goulart destacou que os reitores estavam sendo recebidos “em um espaço emblemático do Governo de Minas, pois liberdade é o nome de Minas Gerais”, em alusão aos dizeres estampados na bandeira do estado, Liberdade ainda que tardia.

Reitora Sandra Goulart saudou os participantes do encontro

Cerca de 120 pessoas, entre reitores, dirigentes universitários e autoridades de órgãos como Capes, Fapemig e Sesu, inscreveram-se no encontro, que neste ano discute o tema IA, ética e inclusão. O objetivo é promover uma reflexão crítica sobre as oportunidades e os desafios que emergem na interseção desses três eixos, além de problematizar o papel da universidade e seu futuro diante desse cenário.

Luís Ferreira: “IA pode responder a perguntas, mas não sabe fazer perguntas”
Foto: Jebs Lima | UFMG

Útil e assustadora
Em conversa com a reportagem, o reitor Luís Ferreira, da Universidade de Lisboa, manifestou sua preocupação com Inteligência artificial, que, por um lado, pode ser muito útil, mas, por outro, traz “perspectivas assustadoras”. “Ela pode ampliar as diferenças entre ricos e pobres, entre aqueles que podem pagar pelo acesso ao ChatGPT ou a outras ferramentas e aqueles que não podem. Devemos impedir que isso aconteça”, sustentou o reitor português.

Ele lembrou que certas faculdades nunca poderão ser exercitadas pela IA. “Há coisas profundamente humanas, como a compaixão, a capacidade de olhar para o outro como irmão, de fazer perguntas e de se entusiasmar com aquilo que é novidade. A IA pode responder a perguntas, mas não sabe fazer perguntas. E a capacidade de ter dúvidas é também uma característica humana, e é por causa dela que estamos aqui”, afirmou Ferreira.

Presidente da Andifes, o professor José Geraldo Ticianeli é reitor da Universidade Federal de Roraima (UFRR), instituição que não integra o Grupo Tordesilhas. Ele participará da mesa Universidade do amanhã: compromisso social e ética, que será realizada nesta segunda-feira, a partir das 16h. Ticianelli antecipa que o foco de sua fala não será sobre IA, mas uma reflexão sobre a própria Amazônia. “Como imaginar uma universidade do amanhã na Amazônia?”, questiona ele, lembrando, por exemplo, da questão migratória. “Roraima está na tríplice fronteira (Brasil, Venezuela e Guiana), e recebemos 1,5 milhão de venezuelanos. A Operação Acolhida, do governo federal, indicada para o Prêmio Nobel da Paz, é um trabalho muito bonito. É importante discutir a participação da universidade nesse contexto”.

Antonio Largo, de Valladolid: atuação coletiva para enfrentar cenário ‘disruptivo’

Reitor da Universidade de Valladolid, Antonio Largo Cabrerizo acredita que a IA promove uma “disrupção” na sociedade contemporânea e defende uma atuação coletiva das universidades para enfrentar esse cenário. “Precisamos projetar coletivamente o que queremos ser como universidade nesse contexto para sairmos fortalecidos e contribuir com as sociedades brasileira, portuguesa e esponhola”, afirmou Largo, cujo mandato como reitor termina em maio de 2026. “Aqui em Belo Horizonte participarei da minha última reunião do Grupo Tordesilhas depois de quase oito anos”, ressaltou ele, que tem formação em química computacional. O reitor celebrou “o prazer de conhecer tanta gente, fazer muitos amigos e estabelecer muitas colaborações acadêmicas”.

Programação
A conferência de abertura está sendo ministrada na manhã desta segunda-feira, dia 10, no auditório da Reitoria, pelo professor Virgílio Almeida, do Departamento de Ciência da Computação, sobre o tema Inteligência artificial, ética e universidade: por que precisamos de regras?

Criado há 25 anos, o Grupo Tordesilhas é uma rede que visa fortalecer a colaboração acadêmica entre universidades do Brasil, da Espanha e de Portugal – são 60 instituições: 29 brasileiras, 20 espanholas e 11 portuguesas. Seu nome alude ao Tratado de Tordesilhas, firmado na localidade do mesmo nome, na Espanha, em 1494, com o objetivo de dividir as terras descobertas e por descobrir fora da Europa pelas coroas portuguesa e espanhola. “O Tratado de Tordesilhas que um dia serviu para dividir o mundo entre portugueses e espanhóis é o mesmo que agora nos une”, metaforiza o reitor Luiz Ferreira, da Universidade de Lisboa.

Na terça-feira, dia 11, a programação terá sequência com reuniões dos dez colégios doutorais, discussão para admissão de novos membros, eleições para presidência e vice-presidência, assinatura de convênio e apresentação do Grupo Sarandeiros.

Ainda hoje, os reitores do grupo vão debater, em quatro mesas-redondas, temas como o papel da IA na produção do conhecimento, a reconfiguração de saberes e competências para uma universidade mais inclusiva, compromisso ético e social da universidade do futuro e oportunidades de cooperação.

Categoria: Internacional

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