Metodologia

Descrição geral


O grupo focal é entendido como uma técnica de pesquisa qualitativa que tem como objetivo recolher informações em profundidade sobre tópicos e aspectos que interessam ao pesquisador, num contexto de interação grupal. Essa interação é produzida artificialmente, quando os indivíduos são aleatoriamente colocados em contato. O grupo focal permite, assim, maior conhecimento das percepções e representações que determinados indivíduos têm sobre diferentes assuntos. Objetiva-se, pois, o levantamento de dados a respeito da realidade social por intermédio da relação dialógica de indivíduos que são estimulados a apresentarem suas percepções sobre determinada realidade, e até mesmo fazendo com que ocorra um fluxo das diversas percepções que cada um pode traçar, o que pode gerar um debate entre as posições assumidas pelos indivíduos.

O método de grupos focais, comparado com outros, tais como o survey, apresenta algumas vantagens: permite conhecer com mais profundidade contextos específicos e motivações complexas, produz dados concentrados no tópico de interesse da pesquisa, tem baixo custo e, se bem conduzido, produz dados portadores de alta validade (face validity) científica. Especificamente, os dados do grupo focal são produzidos a partir da interação do grupo, sendo especialmente útil para o estudo de comportamentos e motivações complexas, bem como para a compreensão de significados sociais. Além disso, esse método permite a obtenção de informações difíceis de serem captadas em uma pesquisa quantitativa, pois propicia um grau bem maior de integração entre os pesquisadores e os pesquisados, produzindo, assim, uma gama mais variada de opiniões. Utilizado como forma complementar ao survey ou a outros instrumentos quantitativos, o método do grupo focal pode produzir resultados bastante eficazes.

Conforme as orientações de Robert K. Merton, considerado o precursor desse método, os grupos, em geral, devem ser organizados com um número reduzido de pessoas (entre 7 e 12), a fim de facilitar e incentivar a interação entre os membros. A conversação gira em torno de alguns tópicos (no máximo 5), arrolados em um roteiro de questões previamente elaborado pela equipe de pesquisadores. Cada grupo é coordenado por um moderador (ou facilitador) e acompanhado por observadores encarregados de registrar os comportamentos dos participantes, principalmente os de tipo não-verbal, já que a conversa é geralmente gravada. Ao contrário do moderador, que tem uma participação mais ativa no processo, os observadores devem manter-se discretos.

O procedimento metodológico do grupo focal supõe uma série de técnicas que vão desde o planejamento até a análise de dados, todas elas com o objetivo de garantir a efetividade da pesquisa científica. Especificamente, cuidados devem ser tomados na seleção da amostra e composição dos grupos, no roteiro de perguntas utilizado e no treinamento do moderador.

Para a presente pesquisa – a Auto-avaliação Parcial da UFMG –, o uso de grupos focais como método de coleta de dados é particularmente apto. Dado que várias das dimensões do roteiro de auto-avaliação requerem informações sobre as percepções e compreensão dos diversos atores (especificamente discentes, docentes e funcionários técnico-administrativos) sobre atividades universitárias (como ensino, pesquisa, organização e comunicação), o uso de grupos focais permite entender não somente opiniões ou percepções individuais, mas como esses atores entendem essas atividades como grupo.