eguramente, o movimento estudantil não
morreu. A própria participação dos estudantes nas grandes mobilizações pelo impeachment
de Collor, em um passado recente, demonstram o contrário.
Mas é visível, no entanto, que comparado à força e ao protagonismo dos anos setenta e
oitenta, o movimento estudantil universitário apresenta-se hoje com menor presença,
representatividade e continuidade organizativa.
Trata-se, ao meu ver, de um fenômeno essencialmente de cultura política, associado aos
impasses que atravessam de resto os outros movimentos sociais identificados com uma
cultura associativa, solidária e transformadora. O futuro do movimento estudantil é
parte dos impasses mais amplos da nossa cultura universitária. Da identidade e destino da
nossa universidade pública. Sem um movimento estudantil ativo, crítico, criativo é a
própria sorte da universidade que fica exposta aos vícios do privatismo, do
conservadorismo.
Vejo nos estudantes com os quais me relaciono como professor, lucidez, idealismo,
espírito crítico e motivações éticas que transcendem o mero interesse egoísta. Não
creio nos juízos que fazem um diagnóstico apressado sobre o conservadorismo dos jovens
de hoje. Esta é a principal razão na qual assento a minha avaliação de que o movimento
estudantil está muito longe de ter esgotado as fontes de sua rebeldia diante da
injustiça e da opressão, que o faz personagem das grandes lutas pela emancipação
humana.
* Professor do Departamento de Ciência Política, da
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