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Movimento estudantil ainda mostra sua força

Eleições no DCE põem novamente em questão o futuro da política universitária

Juarez Rocha Guimarães*

 

s.gif (1141 bytes)eguramente, o movimento estudantil não morreu. A própria participação dos estudantes nas grandes mobilizações pelo impeachment de Collor, em um passado recente, demonstram o contrário.
Mas é visível, no entanto, que comparado à força e ao protagonismo dos anos setenta e oitenta, o movimento estudantil universitário apresenta-se hoje com menor presença, representatividade e continuidade organizativa.
Trata-se, ao meu ver, de um fenômeno essencialmente de cultura política, associado aos impasses que atravessam de resto os outros movimentos sociais identificados com uma cultura associativa, solidária e transformadora. O futuro do movimento estudantil é parte dos impasses mais amplos da nossa cultura universitária. Da identidade e destino da nossa universidade pública. Sem um movimento estudantil ativo, crítico, criativo é a própria sorte da universidade que fica exposta aos vícios do privatismo, do conservadorismo.
Vejo nos estudantes com os quais me relaciono como professor, lucidez, idealismo, espírito crítico e motivações éticas que transcendem o mero interesse egoísta. Não creio nos juízos que fazem um diagnóstico apressado sobre o conservadorismo dos jovens de hoje. Esta é a principal razão na qual assento a minha avaliação de que o movimento estudantil está muito longe de ter esgotado as fontes de sua rebeldia diante da injustiça e da opressão, que o faz personagem das grandes lutas pela emancipação humana.

* Professor do Departamento de Ciência Política, da Fafich

 

O movimento estudantil acabou?

"O movimento estudantil ainda existe, mas está bastante enfraquecido.
A luta dos estudantes não desapareceu. É verdade que não são todos que lutam e reivindicam, mas há sempre um grupo que se mobiliza, às vezes com reivindicações coerentes, outras não. Há aqueles que participam do movimento estudantil votando nos representantes, comparecendo a algumas atividades e informando-se sobre o que acontece. Finalmente, há os individualistas, que estão totalmente por fora das questões estudantis e nem se interessam em se informar.

Tania Ferreira Pulier, estudante do 5º período de Comunicação Social"

"As bandeiras do movimento estudantil mudaram. Hoje as discussões devem girar em torno de ações que interliguem a sociedade e a universidade.
Precisamos discutir questões como a finalidade dos projetos de extensão, das empresas juniores, e levar os estudantes a se interessar por esses debates. Sabemos que nem todos se interessarão, mas na nossa cultura estamos habituados a reter informações, não a democratizá-las.

Érika Lopes, estudante de Ciências Sociais e secretária geral da chapa Outras Palavras"

" O movimento estudantil está passando por uma grave crise. Estamos num momento de grande desmobilização provocado pelo distanciamento entre a entidade, o DCE, e seus representados, os estudantes. Para superá-lo, precisamos encontrar novas formas de mobilizar e atrair os estudantes para participar do movimento. Não é só uma questão de ir para rua, precisamos reduzir a antipatia, ou a apatia, criada nos últimos anos.

José Luiz Albuquerque, o Guga, estudante de Direito e coordenador geral da chapa Agora ou Nunca"