Estudo revela explosão da |
Levantamento mostra que índice de violência quase dobrou no estado nos últimos 11 anos |
Marco Antônio Corteleti
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escaso do governo estadual com a segurança pública, legislação
penal deficiente, falta de sincronia entre as instituições públicas envolvidas na
apuração e julgamento de crimes e a modernização do país. Essas são algumas das
hipóteses formuladas pelo professor do departamento de Sociologia da Fafich, Cláudio
Chaves Beato Filho, para explicar o aumento de quase 100% no índice de criminalidade em
Minas Gerais nos últimos 11 anos. Em entrevista ao Boletim, o professor conta que o número de crimes violentos registrado em 1986 - primeiro ano da pesquisa - foi de 98 ocorrências por 100 mil habitantes. Em 1997, este índice saltou para 193 casos pelo mesmo número de pessoas. A elevação se deu basicamente na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), Triângulo Mineiro e Vale do Rio Doce. A pesquisa constatou que a situação é mais grave nas cidades com população superior a 100 mil habitantes. Nos municípios menores, segundo o estudo, os índices de violência são pequenos. Os pesquisadores analisaram sete tipos de crimes violentos: homicídio, tentativa de homicídio, estupro, roubo, assalto a mão armada, roubo de veículo e roubo de veículo a mão armada. Enquanto os três primeiros (crimes contra a pessoa) praticamente ficaram estáveis durante o período analisado, os crimes contra o patrimônio aumentaram em mais de 200%. "Este dado reflete tendência de uma sociedade que se moderniza e enriquece como vem ocorrendo com o Brasil nos últimos anos", explica Cláudio Beato. Mas essa não é a única hipótese de Beato para explicar a alta elevação na taxa de criminalidade mineira. "A Justiça criminal brasileira está em crise há muito tempo, pois as polícias Militar e Civil, Promotoria e Magistrado não se entendem na hora de apurar e julgar os crimes. Além disso, a legislação penal, que é deficiente e arcaica, manda para as prisões pessoas recuperáveis e que mereciam penas alternativas", afirma o professor. O estudo foi elaborado por Beato a partir dos boletins de ocorrências registrados pela PM entre 1986 e 1997. Ele teve como parceiros no trabalho os professores Marcos Antônio da Cunha Santos e Renato Martins Assunção, do departamento de Estatística do Icex, e pesquisadores da Fundação João Pinheiro e da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG). A pesquisa faz parte de um levantamento mais complexo, denominado A Organização Policial e o Combate à Criminalidade Violenta, financiado pela Fapemig, e que também está sendo realizado em conjunto pela UFMG, Fundação João Pinheiro e PMMG, com final previsto para setembro de 1999. |
Estado deixou de investir em segurança A perda da capacidade do Estado em investir na segurança
pública nos últimos anos, o que provocou queda do poder aquisitivo dos policiais e o
sucateamento do aparato da PM - é outra hipótese apontada por Cláudio Beato para o
aumento na criminalidade em Minas. Como exemplo, o professor cita a elevação das taxas
de assalto a mão armada em Belo Horizonte. "Em 1995, o índice era de 120 por cada
100 mil habitantes. Dois anos depois, já chegava perto de 160/100 mil", informa
Beato. |