Hc1.jpg (81404 bytes)B: Falando em hospitais, qual a atual situação financeira do Hospital das Clínicas?

SB: O Hospital das Clínicas, graças a Deus, está financeiramente equilibrado: não tem déficit nem está representando despesa para a Universidade. Mais: tem recursos próprios para investir em sua infra-estrutura e para recuperar todo o primeiro andar do Hospital Borges da Costa, cuja obra será iniciada nos próximos dias.

B: Como está o projeto da flexibilização curricular da graduação?

SB: O projeto foi definitivamente aceito pela comunidade universitária. E está para ser implantada a chamada flexibilização horizontal, que dará crédito a toda e qualquer atividade que o estudante tenha no seu curso, seja participação em congressos, estágios, enfim, tudo o que faça parte da grade curricular. Acho que os cursos estão preparados para isso. Ainda não estamos preparados para implantar no próximo ano a flexibilização vertical, que é a composição de um currículo diferente para diferentes estudantes de um mesmo curso, apesar de existirem cursos na Universidade, como as engenharias Elétrica e Mecânica, que já têm o projeto preparado, pronto para começar. O cerne do problema está em atingir diretamente o núcleo de disciplinas obrigatórias. Se não houver uma mudança nesse núcleo, os créditos a estágios e outras atividades não vão ocorrer, porque o curso permanecerá com um bloco fechado. E, o que é pior, a flexibilização vertical não virá nunca, porque ela se baseia muito mais no núcleo de disciplinas não obrigatórias. Precisamos reduzir o núcleo das obrigatórias e dar crédito ao professor nas atividades que não sejam necessariamente em sala de aula. Trata-se de uma ação global e simultânea. Precisamos também permitir que os cursos que têm condições e querem fazer a flexibilização total, que façam logo.

B: Que avaliação o senhor faz da GED?

SB: A GED foi implantada mais rapidamente do que o desejável, por motivos óbvios. Havia insegurança quanto ao pagamento do retroativo em outra época.

Face às situações que poderíamos estar vivendo, eu pedi à Comissão que antecipasse o encerramento do projeto de avaliação, previsto para 8 de dezembro. Havia insegurança também quanto à implantação na folha de pagamento, se caberia ao Mare ou à Universidade. Deu muito traballho mas acabou sendo feita aqui. Se fosse para dezembro isso teria uma repercussão na folha de janeiro, elevando o desconto do imposto de renda. Feito em novembro, não corremos esse risco. A Comissão e o DP trabalharam intensamente, as propostas vindas das unidades foram incorporadas. O elenco de indicadores de avaliação foi o mais variado possível, permitindo contemplar todas as atividades da Universidade, mesmo com erros que atendem a atividades de algumas unidades e não atendem tão bem a de outras. Esses erros serão corrigidos numa próxima avaliação. Pela resposta que recebi, a repercussão negativa foi muito pequena em relação à positiva.

B: Nos seus 10 meses de gestão, que progresso foi alcançado na questão da autonomia?

SB: Há anos os reitores falam de autonomia. Nos últimos três anos, os reitores das federais trabalharam muito na direção da autonomia. Mas a autono mia entrou num marasmo, porque a área orçamentária do governo criou caso. O que eu fiz foi levantar a bandeira de que a autonomia é necessária, que deve preservar o Sistema Federal de Ensino Superior, mas que não deve e não precisa ser implantada imediatamente para todas as universidades. Essa é a mensagem nova nessa discussão. Até então, só se falava na autonomia para todas, de uma vez só. Eu creio que aí está o problema. Porque não só o governo fica preocupado, como a implantação simultânea para todas traz problemas para o conjunto. A minha proposta é que se dê autonomia a algumas, sem prejuízo das demais. Estas poderiam se incorporar ao projeto paulatinamente. O governo sinaliza que 1999 será o ano da autonomia, mas ainda não sei qual é a sua proposta. Existem problemas jurídicos a serem resolvidos rapidamente, como o do regime que dará estabilidade aos novos servidores, professores e funcionários e a questão dos novos aposentados. Temos uma proposta já montada, que só aguarda a análise jurídica para ser fechada nos próximos dias. É importante dizer que não se trata de uma proposta dos conselhos da UFMG, mas da equipe do Reitor. Ela vai ser divulgada e discutida por todos os setores, não só pelos órgãos superiores da Universidade, mas também pelos sindicatos, sociedades científicas, outras universidades e o próprio governo. Mas eu acho que a autonomia, quando vier, será uma proposta do governo, não da UFMG. Nós queremos contribuir para a discussão.