Pró-Reitoria de Administração (PRA)
vai implantar, na virada do século, um amplo projeto de modernização
da infra-estrutura do campus da Pampulha. Um dos objetivos do projeto,
do qual participa a Pró-Reitoria de Planejamento, é preparar
o campus para receber as unidades acadêmicas ainda sediadas no centro
de Belo Horizonte, como as escolas de Arquitetura e de Engenharia e as
faculdades de Direito, Farmácia e Ciências Econômicas.
Em entrevista ao BOLETIM, o coordenador do projeto, batizado de Campus
2000, Pró-Reitor de Administração, Luiz Felipe
Vieira Calvo, afirma que pretende mudar radicalmente a forma seqüenciada
como as obras vêm sendo executadas no campus da Pampulha. "Vamos
acabar com a fila indiana", diz, referindo-se ao fato de as unidades
transferidas para o campus estarem sendo construídas uma de cada
vez: "Agora, as obras serão tocadas paralelamente".
Boletim: O que é o Campus 2000?
Calvo: A UFMG nunca teve um plano diretor que tratasse
da consolidação do campus. Existe apenas um plano paisagístico,
de 1968, que até hoje orienta a implantação das unidades.
Ele divide o campus em regiões, cada uma delas ocupada por áreas
científicas afins, como Ciências Exatas e Biológicas,
Música e Belas Artes. Na atual gestão, a Pró-Reitoria
de Planejamento está criando o Plano Diretor, enquanto a de Administração
cuida do seu desdobramento, através de projetos de edificações
e infra-estrutura. É o que chamamos de Projeto Campus 2000.
B: O projeto também
prevê a melhoria de unidades que já estão na Pampulha?
Calvo: Algumas unidades serão ampliadas, como a
Faculdade de Educação e o IGC. A Escola de Educação
Física irá abrigar os cursos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional,
que funcionam hoje provisoriamente na Unidade Administrativa II.
B: Algumas instalações do departamento de
Química funcionam de modo precário. Que propostas há
para o setor?
Calvo: O prédio do Departamento foi um dos primeiros
a ser construído no campus e, de fato, possui instalações
muito precárias para o funcionamento de laboratórios. Queremos
erguer outro prédio para abrigá-los. O atual será
incorporado à Escola de Engenharia e usado apenas para aulas.
B: Outro problema são
as inundações na região central do campus da Pampulha...
Calvo: A canalização do Córrego do
Engenho foi feita na época da criação do campus,
e, portanto, é mais estreita que a galeria, construída na
década de 70. Por isso, a canalização sofre um estrangulamento
em dois pontos, em frente à Reitoria e na travessia da avenida
Antônio Carlos. Essa é a razão das inundações
na região do Icex. Será necessário duplicar a canalização
e os bueiros para aumentar a vazão das águas da chuva. Outro
projeto prevê a construção de uma bacia de contenção,
que funcionaria como regulador. Assim, a água ficaria acumulada
em uma bacia escavada no próprio campus, permitindo o controle
de sua saída.
B: Como resolver os problemas
de estacionamento?
Calvo: Queremos propor a construção de estacionamentos
em andares. Os pisos seriam erguidos aos poucos, mas sempre deixando uma
estrutura pronta para a construção do próximo piso.
Quanto ao estacionamento em vias públicas, nossa proposta é
reorganizar o sistema de mão e contramão no campus e, se
necessário, asfaltar as ruas.
B: Que problemas de infra-estrutura
a comunidade enfrentaria se as unidades fossem transferidas sem essas
mudanças?
Calvo: O principal seria a falta de água, já
que a captação atual é insuficiente para abastecer
todas as unidades. Também teríamos problemas de tráfego,
pois as vias e os estacionamentos não comportariam o aumento de
veículos. Em relação às redes elétrica
e de telefonia, não haveria transtorno algum.
B: Como o Campus 2000
pretende resolver o problema da falta de água?
Calvo: Nossa proposta é aumentar a captação,
a reserva e a distribuição de água através
da construção de poços artesianos.
B: De onde virão
os recursos para as obras?
Calvo:
Há muito tempo o Tesouro Nacional não destina dinheiro para
esse tipo de atividade. Estamos tentando, junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social, um financiamento de cerca de R$ 52 milhões
para custear o projeto.
B: A comunidade vai opinar?
Calvo: Os projetos serão apresentados para a comunidade
de cada unidade, que irá avaliá-los e sugerir modificações.
B: Quando as obras vão
começar?
Calvo: Depois de detalhados os projetos, vamos preparar
os orçamentos e executar as obras a partir do ano 2000.
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