 Fafich (Faculdade de Filosofia e Ciências -Humanas) está comemorando
60 anos de vida com uma programação digna de sua história. Um dos destaques da festa
será a aula inaugural do sociólogo e Professor Emérito Fábio Wanderley Reis e a
sessão solene da Congregação, à noite (leia programação nesta página).
Desde o dia 12 de abril a Fafich tem sido palco de seminários, mesas-redondas,
atividades culturais e colóquios que estão atraindo a atenção de toda a comunidade
universitária. "Com as comemorações, queremos reiterar o valor da instituição
como produtora de conhecimento e espaço de reflexão e discussão crítica", diz a
diretora Vera Alice Cardoso Silva. Ela avisa que as comemorações se estenderão até o
fim do ano, com a realização de pelo menos um evento por mês.
Resistência
A atual Fafich foi criada em 21 de abril de 1939 com o nome de Faculdade de
Filosofia (FAFI). Até a reforma universitária de 1968, ela congregava as áreas de
Letras, Filosofia, História, Psicologia, Comunicação, Matemática, Pedagogia,
Geografia, Ciências Sociais, Biologia, Física, Química e História Natural. "Por
aqui passavam todos os que se preparavam para ser professores", conta Vera Alice,
aluna de Filosofia entre 1962 e 1965 e professora a partir de 1972.
Depois de um período em que esteve instalada na Casa d'Itália, à rua Tamóios, a
FAFI funcionou até o início da década de 60 em dois andares do Edifício Acaiaca, no
centro de Belo Horizonte. Foi transferida, então, para a rua Carangola, no Santo
Antônio, e aí viveu seu período de maior efervescência.
O nome atual veio com a reestruturação imposta pela reforma universitária, que
criou os grandes institutos e deixou na Fafich os cursos de Ciências Sociais,
Comunicação Social, Filosofia, História e Psicologia. "Nessa época, a Faculdade
exibia uma face revolucionária, contestadora", lembra a diretora. A reforma, segundo
ela, veio num momento em que alunos e professores faziam da Fafich um espaço de crítica
social, predominantemente de esquerda.
Novos tempos
De lá para cá, o perfil da Fafich vem mudando gradati-vamente. A partir da
década de 70, o caráter acadêmico da Faculdade ganhou força com o crescimento da
pesquisa, processo que se consolidou com a mudança para o campus, em 1990.
A mudança, porém, não foi apenas de prédio. "Nas décadas de 60 e 70, as
pessoas aderiam a concepções existencialistas. Hoje a sociedade é extremamente
individualista", diz a diretora. Para ela, os professores estão agora mais
preocupados em fazer carreira acadêmica, e os alunos, interessados em disputar espaço no
concorrido mercado de trabalho, deixando para trás uma época em que as pessoas
acreditavam na possibilidade de um mundo mais justo.
Essa nova realidade, no entanto, não desmerece o trabalho feito na Fafich,
ressalva Vera Alice: "Nossa visão crítica continua viva". Ela diz que a
Universidade e, em particular a Fafich, não foram concebidas para criar e implementar
políticas sociais. "Mas podemos preparar pessoas, fazê-las refletir e torná-las
capazes de assessorar órgãos de governo", afirma, lembrando que a Faculdade é
bastante requisitada por políticos, empresários e entidades de classe. "Esses
setores precisam encarar problemas sob uma perspectiva crítica e vêm demandando cada vez
mais o olhar das Ciências Humanas", conclui a diretora.
Novos cursos à
vista
Dois novos cursos de pós-graduação deverão ser criados na Fafich ainda este
ano: o mestrado em Antropologia e o doutorado em História. As primeiras turmas poderão
ser formadas já no primeiro semestre do ano 2000.
Outra novidade é a criação de um Curso de Inverno em Metodologia Quantitativa,
patrocinado pelo doutorado em Sociologia. A participação no curso, aprovado pela Capes,
contará como crédito para a pós-graduação em qualquer faculdade do País. Os alunos
que não estiverem cursando uma pós-graduação receberão certificado de participação.
O Curso de Inverno será oferecido entre a última semana de junho e a primeira
semana de agosto de cada ano. Sua primeira edição contará com professores de várias
instituições de ensino do País e do exterior. "É uma idéia pioneira no
Brasil", diz a diretora Vera Alice Cardoso Silva. |