Clima de festa marca inauguração
do curso de Artes Cênicas

Presença de Marília Pêra e homenagem a Haydée Bittencourt foram os pontos altos da cerimônia

 

A2.jpg (2429 bytes)emoção subiu ao palco do auditório da Escola de Belas-Artes (EBA), no dia 14 de abril, durante a cerimônia de inauguração do curso de Artes Cênicas da UFMG. A ocasião histórica e festiva contou com a presença das atrizes Marília Pêra e Haydée Bittencourt, que transmitiram um pouco da força do teatro brasileiro à atenta platéia que lotou o auditório.
"Foram 28 anos de luta, em que várias pessoas tentaram implantar o curso aqui. Chegou a hora de o teatro dar muitas alegrias a esta Universidade", disse a vice-reitora, em exercício do reitorado, Ana Lúcia Gazzola. Também participaram da solenidade o diretor da EBA, Marco Elízio Paiva, os secretários de Cultura de Minas Gerais, Ângelo Oswaldo de Araújo Santos, e de Belo Horizonte, Arnaldo Augusto Godoy, a presidente da comissão de implantação do curso, professora Leda Maria Martins, o pró-reitor de Graduação, José Nagib Cotrim Árabe, e outros membros da equipe do reitor Sá Barreto.
"A Universidade será a guardiã de uma das maiores vertentes artísticas do homem. Através do teatro, podemos tornar as pessoas mais sensíveis", disse o diretor Marco Elízio Paiva, no discurso de abertura da solenidade.
Depois, a vice-reitora homenageou Haydée Bittencourt. Ana Lúcia ressaltou que seria impensável inaugurar o curso de Artes Cênicas sem condecorar aquela que se dedicou durante três décadas ao Teatro Universitário da UFMG: "Haydée deixou-nos o verdadeiro legado de uma das maiores atrizes deste país".
Aplaudida de pé e muito emocionada, Haydée Bittencourt deu conselhos aos jovens atores que agora poderão desenvolver seus talentos no curso de Artes Cênicas. "O ar tista será sempre artista, mas é muito importante que tenha disciplina. O teatro é uma profissão mística e de grandes sacrifícios", disse. Haydée dividiu a homenagem com todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram com seu trabalho. "Ninguém realiza nada sozinho", afirmou.
Convidada de honra da cerimônia, a atriz e diretora Marília Pêra disse que o teatro jamais a ensinou a falar para muitas pessoas. "Não tenho nenhum personagem para me proteger neste instante" brincou. Filha e neta de atores, ela lembrou a vida pobre ao lado dos pais, quando encontrava felicidade apenas no palco. "O teatro é muito generoso quando nos entregamos a ele", observou. Reforçando as palavras de Haydée Bittencourt, a atriz disse aos novos alunos que o êxito nos palcos pressupõe muita perseverança e disciplina.

Profissionalização

A criação do curso de Artes Cênicas é apontada no ambiente teatral como um marco da profissionalização do ator mineiro. "Precisamos qualificar nosso mercado de trabalho", afirma a aluna de Artes Cênicas, Dayse Belico. Com o curso, a estudante pretende aliar sua experiência de palco ao conhecimento teórico mais aprofundado. Ela já participou de peças como Comédia dos sexos, com o ator Rogério Cardoso, e Pobre super-homem, de Breadie Fraser.
Sua colega Cristina Vilaça espera encontrar no curso de Artes Cênicas os elementos que irão ajudá-la a melhorar sua capacidade de interpretação teatral. Atriz profissional formada na escola do Palácio das Artes, em 1994, Cristina atuou nas peças O primo Basílio, Beijo no asfalto e Futuro do pretérito.

 

Haydée revolucionou o TU

cenica3.jpg (37134 bytes)De 1961 a 1980, o Teatro Universitário (TU) da UFMG foi revolucionado por uma mulher com doses múltiplas de energia. Sob a direção artística de Haydée Bittencourt, homenageada na inauguração do curso de Artes Cênicas, o TU montou peças como O noviço, de Martins Pena, Sonho de uma noite de verão, de Shakespeare, Bodas de sangue, de Garcia Lorca e Três irmãs, de Tchecov. "Não interpretávamos. Nós vivíamos o teatro", conta a atriz.
Nascida em São Paulo, Haydée cursou a Royal Academy of Dramatic Art, em Londres, e foi professora da Escola de Arte Dramática. Como atriz, atuou em peças de teatro e TV em São Paulo e Rio de Janeiro. Ao ver inaugurado o curso de Artes Cênicas, Haydée Bittencourt disse que, finalmente, o Teatro Universitário encontrou quem o acolhesse como parte integrante da estrutura acadêmica da UFMG.