 um
auditório lotado por cerca de 400 pessoas, o escritor português José Saramago, Prêmio
Nobel de Literatura de 1998, recebeu, no dia 29 de abril, das mãos do reitor Sá Barreto,
o título de Doutor Honoris Causa da UFMG, a mais importante honraria concedida
pela instituição. "Não é ao Prêmio Nobel que queremos homenagear, mas ao autor
do Memorial do Convento, do Evangelho Segundo Jesus Cristo e de Todos os
Nomes, à pura voz da dignidade humana em língua portuguesa", disse o Reitor, na
abertura da solenidade realizada no auditório da Reitoria.
A cerimônia foi prestigiada pelo cônsul de Portugal em Minas Gerais, Silvino
Ferreira Leite, pela secretária de Estado da Educação em
exercício, Maria José Vieira Félix, representando o governador Itamar Franco.
Participaram também o secretário de Governo da Prefeitura de Belo Horizonte, Paulo Lott,
o ex-reitor da UFMG, Aluísio Pimenta, o secretário municipal de Cultura, Arnaldo Godoy,
e o estadual, Angelo Oswaldo. A vinda do escritor José Saramago a Belo Horizonte foi
viabilizada pelo Projeto Sempre Um Papo, coordenado pelo jornalista Afonso Borges.
Sá Barreto disse que a vinda de Saramago à Universidade marca um dos momentos
mais significativos da Agenda Brasil 500 Anos, lançada em janeiro pela UFMG para
comemorar os cinco séculos do descobrimento do país: "José Saramago dela participa
portando a mais legítima e poderosa das armas, a de seu testemunho humanístico e
literário, que passou à condição de patrimônio comum dos homens".
Desejo
O escritor foi saudado pelo professor da Faculdade de Letras e diretor da Editora
UFMG, Wander Melo Miranda. Ele lembrou que a outorga do título de Doutor Honoris Causa
ao autor, proposta pela Congregação da Faculdade de Letras, traduz o desejo da
comunidade universitária que ama seus livros, "companheiros no sempre renovado
ofício de aprender e ensinar - de viver, em suma".
Pontuado por trechos de livros do escritor, o discurso de Melo Miranda lembrou que
a obra de Saramago, em especial Todos os Nomes, representa uma indagação aos
limites da solidão humana e sua capacidade de superá-la.
"É por ter-se dedicado a avançar, com tanta paixão e rigor, no escuro e no
claro de todos nós, que lhe rendemos esta necessária e justa homenagem",
justificou, ao final da saudação.
Em sua explanação, marcada por uma reflexão sobre o papel do autor, Saramago
disse estar profundamente grato pela honra de ser acolhido pela UFMG e afirmou que
procurará ser digno dela e não desmerecer jamais "do vosso bom juízo, graças ao
qual se me abriram as portas desta casa, que a partir de agora considerarei também
minha", finalizou.
Música
Um dos destaques da cerimônia foi a apresentação do quinteto de metais Itarratan, da Escola de
Música. O grupo executou os hinos nacionais do Brasil e de Portugal. Uma particularidade,
ignorada pela maioria dos participantes da cerimônia, marcou a apresentação do hino de
Portugal: a ausência da partitura.
"Conseguimos a melodia na Biblioteca da Música e ouvimos um CD-ROM que
continha o hino português para conhecermos os arranjos e fazer uma adaptação mais
próxima do original. Acho que nos saímos bem", afirma o professor Anor Luciano
Júnior, coordenador do quinteto.
Após a cerimônia, a Faculdade de Letras ofereceu coquetel para 200 pessoas, no
4º andar da Reitoria. |