Saramago recebe título
de Doutor Honoris Causa

 

saraaudit.tif (84034 bytes)N2.jpg (2494 bytes)um auditório lotado por cerca de 400 pessoas, o escritor português José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura de 1998, recebeu, no dia 29 de abril, das mãos do reitor Sá Barreto, o título de Doutor Honoris Causa da UFMG, a mais importante honraria concedida pela instituição. "Não é ao Prêmio Nobel que queremos homenagear, mas ao autor do Memorial do Convento, do Evangelho Segundo Jesus Cristo e de Todos os Nomes, à pura voz da dignidade humana em língua portuguesa", disse o Reitor, na abertura da solenidade realizada no auditório da Reitoria.
A cerimônia foi prestigiada pelo cônsul de Portugal em Minas Gerais, Silvino Ferreira Leite, pela Br500pb.JPG (8610 bytes)secretária de Estado da Educação em exercício, Maria José Vieira Félix, representando o governador Itamar Franco. Participaram também o secretário de Governo da Prefeitura de Belo Horizonte, Paulo Lott, o ex-reitor da UFMG, Aluísio Pimenta, o secretário municipal de Cultura, Arnaldo Godoy, e o estadual, Angelo Oswaldo. A vinda do escritor José Saramago a Belo Horizonte foi viabilizada pelo Projeto Sempre Um Papo, coordenado pelo jornalista Afonso Borges.
Sá Barreto disse que a vinda de Saramago à Universidade marca um dos momentos mais significativos da Agenda Brasil 500 Anos, lançada em janeiro pela UFMG para comemorar os cinco séculos do descobrimento do país: "José Saramago dela participa portando a mais legítima e poderosa das armas, a de seu testemunho humanístico e literário, que passou à condição de patrimônio comum dos homens".

Desejo
O escritor foi saudado pelo professor da Faculdade de Letras e diretor da Editora UFMG, Wander Melo Miranda. Ele lembrou que a outorga do título de Doutor Honoris Causa ao autor, proposta pela Congregação da Faculdade de Letras, traduz o desejo da comunidade universitária que ama seus livros, "companheiros no sempre renovado ofício de aprender e ensinar - de viver, em suma".
Pontuado por trechos de livros do escritor, o discurso de Melo Miranda lembrou que a obra de Saramago, em especial Todos os Nomes, representa uma indagação aos limites da solidão humana e sua capacidade de superá-la.
"É por ter-se dedicado a avançar, com tanta paixão e rigor, no escuro e no claro de todos nós, que lhe rendemos esta necessária e justa homenagem", justificou, ao final da saudação.
Em sua explanação, marcada por uma reflexão sobre o papel do autor, Saramago disse estar profundamente grato pela honra de ser acolhido pela UFMG e afirmou que procurará ser digno dela e não desmerecer jamais "do vosso bom juízo, graças ao qual se me abriram as portas desta casa, que a partir de agora considerarei também minha", finalizou.

Música
Um dos destaques da cerimônia foi a apresentação do saramesa3.jpg (26531 bytes)quinteto de metais Itarratan, da Escola de Música. O grupo executou os hinos nacionais do Brasil e de Portugal. Uma particularidade, ignorada pela maioria dos participantes da cerimônia, marcou a apresentação do hino de Portugal: a ausência da partitura.
"Conseguimos a melodia na Biblioteca da Música e ouvimos um CD-ROM que continha o hino português para conhecermos os arranjos e fazer uma adaptação mais próxima do original. Acho que nos saímos bem", afirma o professor Anor Luciano Júnior, coordenador do quinteto.
Após a cerimônia, a Faculdade de Letras ofereceu coquetel para 200 pessoas, no 4º andar da Reitoria.