m dos principais
sociólogos brasileiros, o professor Vinícius Caldeira Brant, do departamento de
Sociologia da Fafich, morreu na semana passada, aos 58 anos, vítima de infecção
provocada após cirurgia para retirada de um câncer no estômago. Formado em Sociologia e
Política pela Face, Caldeira Brant tornou-se conhecido nacionalmente quando presidiu a
União Nacional dos Estudantes na época de maior efervescência do movimento estudantil,
antes do golpe militar. Era então militante da Ação Popular, organização de esquerda
de inspiração católica.
Em 1964, exilou-se na França, onde fez pós-graduação. Voltou clandestinamente
ao Brasil depois de trabalhar no Centro de Estudos para a América Latina (Cepal), no
Chile. Bastante visado pelo governo militar, foi preso em 1970 e sofreu várias torturas.
Libertado em 1973, ingressou no recém-criado Centro Brasileiro de Análise e Planejamento
(Cebrap). Em 1975, como pesquisador do Cebrap, coordenou o trabalho São Paulo:
Crescimento e pobreza, transformado em livro, que alcançou grande repercussão no
meio acadêmico. O professor Fábio Wanderley Reis, do Departamento de Ciência Política
da Fafich, diz que o sociólogo transitava com grande desenvoltura por vários ramos das
ciências humanas: "Caldeira Brant desenvolveu com competência estudos em diversas
áreas". No início dos anos 80, o sociólogo ajudou a fundar o Partido dos
Trabalhadores (PT).
Caldeira Brant entrou para a UFMG em 1991, depois de aprovado em concurso para professor
titular com a pesquisa O trabalho prisional, mais tarde publicada pela Editora
Forense, do Rio de Janeiro, com o título O trabalho encarcerado. Até então,
nunca havia atuado como professor universitário. "Ele dizia que a experiência em
sala de aula tinha dado novo sentido à sua vida profissional", lembra o professor
Otávio Dulci, chefe do departamento de Sociologia. Admirado por colegas e alunos,
Caldeira Brant trabalhou na coordenação de pesquisas na área de Sociologia do Trabalho
até poucos dias antes de morrer.
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