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A UFMG e a atenção ao idoso

Marcella Guimarães Assis Tirado *

 

O2.jpg (2499 bytes)rápido crescimento da população idosa no Brasil tem despertado o interesse crescente de pesquisadores de diversas áreas. A população de idosos (pessoas com 60 anos e mais) é a que mais cresce no País, somando hoje 13,5 milhões, ou seja, 8,3% dos brasileiros. Estima-se que, no ano 2020, a população de idosos no mundo será de 1,2 bilhões de pessoas. O Brasil, nessa altura, terá a quinta maior população de idosos do planeta.
O envelhecimento populacional cria demandas específicas, relacionadas a diversos setores. Gostaríamos aqui de destacar os setores da saúde e o social. No setor saúde, o envelhecimento acarreta uma mudança no perfil de morbimortalidade. As doenças infecto-contagiosas deixam de ser as primeiras causas de doenças e morte e cedem lugar às doenças crônico-degenerativas, como as neoplasias, doenças do aparelho circulatório, diabetes e demências. Como são doenças crônicas, necessitam de tratamentos de longa duração, mais onerosos, com maiores recursos humanos e materiais, e que requerem tecnologia mais complexa. Tais doenças podem ainda acarretar um aumento da prevalência de incapacidades, levando a uma diminuição da autonomia e da independência na velhice.
Em relação ao setor social, é importante destacar a questão do suporte social (tipo de ajuda que o idoso pode receber). No Brasil, a família tem assumido, tradicionalmente, o papel de provedora de cuidados aos idosos. Mas a estrutura das famílias brasileiras tem-se modificado. Observa-se a substituição das famílias extensas, às quais o idoso pertencia e nas quais era valorizado, por famílias nucleares, que precisam lutar pela sobrevivência e encontram dificuldades financeiras para auxiliarem os seus idosos. Com a diminuição do tamanho das famílias, devido à queda da fecundidade, este papel de provedora de cuidados físicos, psicológicos e econômicos tenderá a se tornar cada vez mais frágil, deixando os idosos mais vulneráveis. Cabe ainda destacar que, nas famílias, em nossa sociedade, o ato de cuidar tem sido atribuído às mulheres - esposas e/ou filhas - e que estas estão cada vez mais entrando para o mercado de trabalho e, conseqüentemente, diminuindo sua disponibilidade para o cuidado de parentes idosos. Assim, frente às inúmeras demandas criadas pelo envelhecimento da população, cabe ao Estado e à sociedade brasileira se organizarem para responder de forma real e eficaz às necessidades dos idosos.
Na UFMG, um grupo de professores das áreas de geriatria e gerontologia, de acadêmicos e de residentes, desenvolvem um trabalho assistencial no ambulatório Bias Fortes do Hospital das Clínicas desde 1996 e realizam projetos de extensão. Estes docentes, a partir de 1998, vinham discutindo a criação de um núcleo de geriatria e gerontologia que congregasse todas as atividades na área do envelhecimento. Dentro desta perspectiva foi proposta a criação do Núcleo de Geriatria e Gerontologia - NUGG/UFMG, que tem como objetivos promover ações nos três níveis de atenção à saúde através de atividades multidisciplinares, incentivar um trabalho integrado ao nível dos projetos de extensão, desenvolver a produção científica, incrementar o acervo interdisciplinar de informações, promover a capacitação de profissionais através da criação de programas de mestrado e de doutorado, e incentivar a integração da UFMG com outras instituições que atuam na área do envelhecimento.

O NUGG se propõe, portanto, a discutir, elaborar e realizar estratégias de ação factíveis e integradas aos níveis da graduação, da extensão e da pesquisa, visando a uma melhor promoção da saúde e da qualidade de vida dos idosos.

*Professora do Curso de Terapia Ocupacional e integrante do NUGG/UFMG

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O que a academia pode fazer para a terceira idade?

 

P2a.tif (170720 bytes)"O idoso sempre foi marginalizado na nossa comunidade, que nunca se preocupou em melhorar a qualidade de vida desta faixa da população. Por isso, iniciativas como esta, do meio acadêmico, só têm que ser aplaudidas."

Cristina de Brito Bonna, estudante de Fisioterapia

  

P2c.tif (171472 bytes)"A universidade, historicamente, tem estado ausente das discussões sobre a qualidade de vida na Terceira Idade. A formação do Núcleo de Geriatria e Gerontologia da UFMG é uma iniciativa que aproxima esta instituição da comunidade ao mesmo tempo que contribui para o desenvolvimento de políticas sociais e pesquisas acadêmicas."

Renato Maia Guimarães, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

P2b.tif (172388 bytes)"Acho a participação da universidade em projetos da Terceira Idade de fundamental importância. Através deles, nós, idosos, voltamos ao convívio social e à vida em comunidade, que antes estava esquecida por todos. É como voltar a ser criança."

Efigênia Pereira de Oliveira, participante do projeto Maioridade, da Escola de Educação Física, há dois anos.