rápido crescimento da população idosa no Brasil
tem despertado o interesse crescente de pesquisadores de diversas áreas. A população de
idosos (pessoas com 60 anos e mais) é a que mais cresce no País, somando hoje 13,5
milhões, ou seja, 8,3% dos brasileiros. Estima-se que, no ano 2020, a população de
idosos no mundo será de 1,2 bilhões de pessoas. O Brasil, nessa altura, terá a quinta
maior população de idosos do planeta.
O envelhecimento populacional cria demandas específicas, relacionadas a diversos setores.
Gostaríamos aqui de destacar os setores da saúde e o social. No setor saúde, o
envelhecimento acarreta uma mudança no perfil de morbimortalidade. As doenças
infecto-contagiosas deixam de ser as primeiras causas de doenças e morte e cedem lugar
às doenças crônico-degenerativas, como as neoplasias, doenças do aparelho
circulatório, diabetes e demências. Como são doenças crônicas, necessitam de
tratamentos de longa duração, mais onerosos, com maiores recursos humanos e materiais, e
que requerem tecnologia mais complexa. Tais doenças podem ainda acarretar um aumento da
prevalência de incapacidades, levando a uma diminuição da autonomia e da independência
na velhice.
Em relação ao setor social, é importante destacar a questão do suporte social (tipo de
ajuda que o idoso pode receber). No Brasil, a família tem assumido, tradicionalmente, o
papel de provedora de cuidados aos idosos. Mas a estrutura das famílias brasileiras
tem-se modificado. Observa-se a substituição das famílias extensas, às quais o idoso
pertencia e nas quais era valorizado, por famílias nucleares, que precisam lutar pela
sobrevivência e encontram dificuldades financeiras para auxiliarem os seus idosos. Com a
diminuição do tamanho das famílias, devido à queda da fecundidade, este papel de
provedora de cuidados físicos, psicológicos e econômicos tenderá a se tornar cada vez
mais frágil, deixando os idosos mais vulneráveis. Cabe ainda destacar que, nas
famílias, em nossa sociedade, o ato de cuidar tem sido atribuído às mulheres - esposas
e/ou filhas - e que estas estão cada vez mais entrando para o mercado de trabalho e,
conseqüentemente, diminuindo sua disponibilidade para o cuidado de parentes idosos.
Assim, frente às inúmeras demandas criadas pelo envelhecimento da população, cabe ao
Estado e à sociedade brasileira se organizarem para responder de forma real e eficaz às
necessidades dos idosos.
Na UFMG, um grupo de professores das áreas de geriatria e gerontologia, de acadêmicos e
de residentes, desenvolvem um trabalho assistencial no ambulatório Bias Fortes do
Hospital das Clínicas desde 1996 e realizam projetos de extensão. Estes docentes, a
partir de 1998, vinham discutindo a criação de um núcleo de geriatria e gerontologia
que congregasse todas as atividades na área do envelhecimento. Dentro desta perspectiva
foi proposta a criação do Núcleo de Geriatria e Gerontologia - NUGG/UFMG, que tem como
objetivos promover ações nos três níveis de atenção à saúde através de atividades
multidisciplinares, incentivar um trabalho integrado ao nível dos projetos de extensão,
desenvolver a produção científica, incrementar o acervo interdisciplinar de
informações, promover a capacitação de profissionais através da criação de
programas de mestrado e de doutorado, e incentivar a integração da UFMG com outras
instituições que atuam na área do envelhecimento.
O NUGG se propõe, portanto, a discutir,
elaborar e realizar estratégias de ação factíveis e integradas aos níveis da
graduação, da extensão e da pesquisa, visando a uma melhor promoção da saúde e da
qualidade de vida dos idosos.
*Professora do Curso de Terapia
Ocupacional e integrante do NUGG/UFMG
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