O grande sertão retratado por Arlindo Daibert

Xilogravuras e desenhos do artista plástico revelam impressões sobre o universo de Guimarães Rosa

 

O2.jpg (2499 bytes)universo criado por Guimarães Rosa não permanece imortalizado apenas na imaginação dos leitores. A magia das histórias e personagens do escritor está traduzida também no trabalho de Arlindo Daibert, (1952-1993), que deixou ao público uma leitura plástica de Grande Sertão: Veredas. As editoras UFMG e UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), lançaram, recentemente, o livro Imagens do Grande Sertão - Arlindo Daibert, que reúne xilogravuras e desenhos feitos pelo artista plástico e que retratam suas emoções diante da obra de Rosa. "Além de homenagear o escritor, divulgamos o trabalho de um extraordinário artista ainda pouco conhecido no Brasil", ressalta Wander Melo Miranda, diretor da Editora UFMG.

Homenagem
A idéia de publicar os desenhos nasceu de uma coincidência de datas. Em 1998, cinco anos depois da morte de Arlindo, Guimarães Rosa completaria 90 anos. "Pensamos em homenagear o escritor de maneira diferente e nos lembramos do trabalho do Daibert", conta Melo Miranda, que entrou em contato com o dono da coleção, o empresário Gilberto Chateaubriand, filho de Assis Chateaubriand, e procurou a parceria com a Editora UFJF. O passo seguinte foi a busca dos benefícios da Lei Federal de Incentivo à Cultura, que possibilitou o apoio da Volkswagen ao projeto.

O livro reúne 20 xilogravuras e 51 desenhos feitos por Daibert através de técnicas diversas. Há também um texto da professora Heloísa Starling sobre Guimarães Rosa e uma análise do professor Júlio Castañon a respeito de Daibert. O Grande Sertão do artista plástico é a expressão de seus sentimentos, traduzidos em estilo particular e bastante próximo do universo literário. "Eu o considero ímpar na cultura brasileira por sua grande relação com as palavras", afirma o artista plástico Paulo Schimidt, curador da mostra Escritos do Grande Sertão, série de textos e anotações de Arlindo Daibert encontrados em diário e que servem de suporte para o entendimento das peças produzidas. A exposição fica na sala Arlinda Corrêa Lima, do Palácio das Artes, até o dia 4 de julho.

Daibert levou vários anos para transformar em arte seus sentimentos diante da obra de Rosa. As xilogravuras datam de 1982, mas os desenhos ficaram prontos somente no início da década de 90. Além da leitura plástica de trechos, personagens e emoções do Grande Sertão, Arlindo escreve minuciosamente sobre as próprias técnicas e intenções artísticas. "Ele praticamente nos explica a ocorrência e o significado dos desenhos", diz Paulo Schimidt.

O lançamento de Imagens do Grande Sertão - Arlindo Daibert, no último dia 21, no Palácio das Artes, foi prestigiado por cerca de cem pessoas, entre elas o reitor Sá Barreto, a vice-reitora Ana Lúcia Gazzola e a reitora da UFJF Maria Margarida Martins Salomão.

Imagens do Grande Sertão - Arlindo Daibert
Editoras UFMG e UFJF
148 páginas
R$ 65,00 (desconto de 20% na Editora UFMG)

 

Um artista das palavras

Um artista plástico que sempre procurou navegar o oceano da literatura. Nascido em Juiz de Fora, em 1952, Arlindo Daibert jamais se separou das palavras. Além das imagens do Grande Sertão, produziu peças sobre Alice no país das maravilhas, de Lewis Carrol, e Macunaíma, de Mário de Andrade, que também será publicado pelas duas editoras.

Formado em Letras pela Universidade Federal de Juiz de Fora, começou a carreira publicando poemas e ilustrações no suplemento Arte e Literatura do jornal Diário Mercantil, que circulava em sua terra natal. Daibert ganhou projeção expondo seus trabalhos em várias partes do Brasil e do mundo. Capaz de utilizar diversas técnicas, produziu uma obra marcada pela multiplicidade.