Casa da Glória será transformada em
centro cultural e de estudos turísticos

Recursos para a realização das obras estão sendo
captados junto aos governos federal e estadual

Marco Antônio Corteleti

 

U2.jpg (2216 bytes)m dos mais importantes patrimônios históricos de Diamantina e sede do Centro de Geologia Eschwege (CGE) da UFMG, a Casa da Glória, será em breve restaurada e terá parte do seu espaço físico readequado para funcionar como centro cultural. Também está prevista a construção de um auditório com capacidade para 300 lugares, na área ocupada hoje pela garagem do CGE.

De acordo com Antônio Gilberto Costa, diretor do IGC - ao qual o Centro é vinculado -, os recursos necessários para a realização das obras estão sendo captados junto a órgãos governamentais estaduais e federais. "A previsão é de que a reforma esteja concluída em um ano após o seu início", informa o diretor.

Além de ajudar a promover o turismo em uma das cidades históricas mais conhecidas de Minas Gerais, o futuro Espaço Cultural Casa da Glória funcionará como centro avançado de estudos e pesquisa em planejamento turístico e turismo histórico. Isso permitirá o desenvolvimento de atividades integradas e estágios curriculares junto aos cursos de Turismo que serão criados na UFMG e em outras universidades mineiras.

As comunidades de Diamantina e de todo o Vale do Jequitinhonha também serão beneficiadas diretamente com a inauguração do novo centro cultural. Em julho, a UFMG, através do CGE/IGC, assinou um termo de cooperação técnica com a Prefeitura de Diamantina comprometendo-se a disponibilizar o Espaço Casa da Glória para toda a população da região.

"Vamos desenvolver vários projetos nas áreas de cultura e turismo, com espaço para acervo bibliográfico especializado", revela Gilberto Costa. Segundo ele, a Casa da Glória ainda abrigará exposição permanente de fotografias e mapas históricos - reunindo material dos acervos do CGE/IGC, Centro Audiovisual da UFMG, Faculdade de Filosofia e Arquidiocese de Diamantina - permitindo a visitantes, estudantes e pesquisadores obterem informações históricas relevantes sobre a sede do CGE (leia box) e a cidade de Chica da Silva.

Criado em 1969 e incorporado à UFMG em 1979, o CGE ministra cursos - de curta e longa duração - na área de geologia de campo e mapeamento geológico para alunos de todo o Brasil, bem como para recém-formados. Além disso, o órgão cede sua infra-estrutura a pesquisadores e grupos em atividades didáticas ou de pesquisas na Serra do Espinhaço, nos campos da geologia, botânica, arqueologia, geografia, história, arquitetura e outros.

Visita

Para quem não conhece ou nunca ouviu falar da Casa da Glória, sua importância histórica e cultural pôde ser constatada no final de agosto, quando algumas das principais autoridades da área de Turismo e Cultura de Minas Gerais e do Brasil visitaram os dois blocos de casario que formam o conjunto. Entre as personalidades, o governador Itamar Franco, o ministro de Esportes e Turismo, Rafael Grecca, o presidente da Embratur, Paulo Hargreaves, e o secretário de Estado da Cultura, Ângelo Oswaldo.

Segundo a assessora de Cooperação Institucional, Cecília Nogueira, a visita foi importante para estabelecer contatos com políticos dos setores de Turismo e Cultura e intensificar parcerias.

 

Monumento abrigou festas da
realeza e ordens religiosas

Constituída por dois blocos de casario unidos por um passadiço de madeira, a Casa da Glória está intimamente ligada à história de Diamantina. Os imóveis que compõem o conjunto são de épocas diferentes, sendo que a edificação principal, ou Bloco 2, foi construída entre 1775 e 1800, pela Coroa Portuguesa. Ainda no final do século 18, a casa foi adquirida por Josefa Maria da Glória, cujo sobrenome passou a denominar o monumento. Em 1818, aconteceram grandes festas e recepções motivadas pelo casamento de D. Pedro I com Dona Leopoldina da Áustria. No início do século 19, a casa passou para a província de Minas, servindo de residência aos intendentes do Distrito Diamantífero.

O segundo edifício, ou Bloco 1, foi construído em 1850, em frente à Casa da Glória, à qual foi interligado por um passadiço, em 1897, a mando da Igreja Católica, que adquirira o imóvel 33 anos antes para ser a sede do segundo bispado de Minas Gerais. O Bloco 1 abrigou religiosas da ordem de São Vicente de Paulo e o seu educandário feminino Nossa Senhora das Dores.

Com o tempo, o passadiço, construído com o objetivo de reduzir o contato das religiosas com o mundo externo, passou a ser uma das mais importantes referências da cidade e marca registrada da campanha Diamantina: Patrimônio Histórico da Humanidade junto à Unesco.

Em 1979, a Casa da Glória foi transferida para a UFMG. O conjunto passou a abrigar o Centro de Geologia Eschwege. Três anos depois, a Universidade bancou a primeira restauração do monumento histórico.