Pierre Lévy analisa evolução
da cultura na era digital

 

erca de 500 pessoas lotaram o auditório e o saguão do prédio da Reitoria, no dia 19 de maio, para acompanhar a palestra O Ciberespaço como uma etapa meta-evolutiva, do filósofo francês Pierre Lévy, da Universidade de Paris 8, que esteve na UFMG a convite do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (IEAT).

Na sua conferência, o filósofo francês discorreu sobre o que considera as três esferas de evolução da vida, sendo duas orgânicas. A primeira, segundo ele, é digital, pois não existe analogia entre o DNA e o corpo que será formado. A segunda etapa diz respeito à combinação entre os neurônios e também é baseado em um código digital, que mescla "elementos simbólicos para produzir um universo de formas visuais, cores, sensações de tato, etc".

Já a terceira esfera é cultural e o seu código digital é a linguagem, pois os fonemas não têm relação analógica. "A linguagem possui mecanismos auto-reprodutivos das formas culturais, como a escrita - responsável pela memória da linguagem -, o alfabeto, que universalizou a escrita, e a imprensa, que possui o mecanismo mais eficiente de auto-reprodução".

Inteligência coletiva

Depois da imprensa, a próxima etapa do processo de evolução da linguagem é, segundo o filósofo, o ciberespaço, definido como a universalização do aqui e do agora. "Um texto ou uma música a que tenho acesso na Internet pode estar em qualquer lugar do mundo naquele exato momento", exemplifica.

O software, segundo Lévy, seria a capacidade de ação autônoma da linguagem no ciberespaço, pois trata-se de uma escrita independente que pode se reproduzir, tal como os vírus que se espalham pela rede mundial de computadores.

A inteligência coletiva, diz o filósofo, é a marca do processo evolutivo. "Estamos no início desta etapa, que será baseada em um mundo em que ninguém tem idéias sozinho. Paradoxalmente, todos precisam ser originais, aprender a cada momento e saber o conhecimento que está sendo produzido pelos outros", explica Lévy.

Uma das conseqüências deste estágio é a formação de uma comunidade virtual, em que qualquer um pode se comunicar com o outro. "Com isto, ciência e democracia, que se baseiam em diálogos, estão se fundindo rapidamente", acrescenta.

"A linguagem está se transformando rapidamente. Softwares, mecanismos de busca da Internet e novas tecnologias estão alterando as idéias coletivas. Diante disso, é preciso pensar o que queremos, qual rumo seguir. Estamos cada vez mais livres, porém, mais responsáveis", conclui.

 

Filósofo prevê domínio do ciberespaço

Os estudos de Pierre Lévy estão centrados no impacto das novas tecnologias sobre as formas de compreensão de mundo. A partir disso, ele analisa o modo pelo qual a revolução tecnológica amplia e potencializa as produções cognitivas e artísticas do ser humano. Autor de livros como A Inteligência Coletiva, o que é o Virtual?, As Tecnologias da Inteligência, Cibercultura e A Máquina do Universo, Pierre Lévy prevê a ocupação do centro da nova ecologia das comunicações pelo ciberespaço, que cria o dispositivo de comunicação de "todos para todos".

 

Governo suspende pagamento de precatórios
por tempo indeterminado

s precatórios dos servidores da UFMG vencidos no dia 31 de dezembro de 1999 tiveram seus pagamentos adiados por tempo indeterminado pelo Governo Federal, apesar do valor total desses títulos ter sido incluído no Orçamento da União para 1999. Por causa deste atraso, o Tribunal Regional do Trabalho e o Tribunal Regional Federal, atendendo a petições de advogados dos servidores, têm enviado ofícios à Universidade solicitando explicações sobre a suspensão do pagamento.

A UFMG, por sua vez, entrou em contato com o Ministério da Educação, no mês passado, pedindo esclarecimentos sobre a questão. A Consultoria Jurídica do MEC respondeu que a demora na liberação dos recursos para pagamento dos títulos se deve ao fato de a Advocacia Geral da União (AGU) estar revisando alguns precatórios.

"Na verdade, a AGU está conferindo os cálculos de 13 títulos, cujos valores mínimos são superiores a R$ 800 mil cada um, o que acaba emperrando a quitação dos demais. Juridicamente, este não é um instrumento legal para suspender o pagamento dos títulos", explica a Procuradora Geral da Universidade, Vanessa Oliveira Batista.

No total, o Governo Federal deve R$ 27.785.283,62, divididos em 106 precatórios, a cerca de 2.500 servidores da Universidade. Esses títulos - que são emitidos pela União para quitar débitos judiciais - são oriundos de ações que se iniciaram, em sua maioria, no início da década de 90. Deste total, 62 ações tramitaram na Justiça do Trabalho, e 44 referem-se a perdas financeiras decorrentes dos planos econômicos.