Oficina de circo atrai crianças de Diamantina

Ana Carolina Fleury

 

oficina Técnicas Circenses, oferecida pelo Centro Recreação de Atendimento e Defesa da Criança e do Adolescente e destinada a crianças e jovens de 10 a 18 anos, está atraindo olhares atentos ­ e curiosos ­ da população de Diamantina. A enorme lona vermelha e branca, por si só, já chama a atenção, mas são as acrobacias com malabares, monociclos, pernas-de-pau, trapézio e corda bamba que absorvem os passantes.

Inicialmente oferecendo 40 vagas, a oficina já está com 60 inscrições, e a toda hora aparecem novos candidatos a artistas. O Centro Recreação é a organização não-governamental criadora do Circo de Todo Mundo, espaço cultural, artístico e, principalmente, educativo destinado a desenvolver atividades circenses, cênicas e recreativas com crianças pobres e meninos de rua de Belo Horizonte.

Maria Eneide Teixeira, coordenadora do projeto, explica que a proposta do Circo e da oficina é desenvolver a concentração, o equilíbrio, a coordenação motora e a convivência em grupo. Desta forma, as técnicas ensinadas, de acrobacias no solo e aérea, equilibrismo e outras, divertem e desenvolvem a auto-estima dos alunos. Segundo ela, o convite para participar do 32o Festival de Inverno da UFMG foi importante para dar visibilidade ao trabalho do Circo, que atende em média 200 crianças e já conta com 55 artistas. Os professores da Oficina estão entusiasmados. "As crianças aprendem rápido, e é uma ótima oportunidade para iniciarmos a população no universo das artes circenses", diz Dino, instrutor de equilíbrio e pirofagia. A oficina será encerrada no dia 28 com um espetáculo dos artistas do Circo de Todo Mundo.

 

Curadores estrangeiros elogiam arte brasileira

erca de 30 artistas brasileiros tiveram, na semana passada, a oportunidade de apresentar suas produções a curadores de mostras internacionais que estão participando do 32 Festival de Inverno.

Os alemães Michael Haerdter e Doreet Levitte e a venezuelana radicada nos Estados Unidos, Rina Carvajal, mostraram-se impressionados com a qualidade das obras. "A produção é muito boa e eu quero me inteirar mais dos trabalhos produzidos por artistas brasileiros", disse Levitte, que é curadora da Tate Galery, de Liverpool.

Ela sugeriu aos artistas que usassem a liberdade de criação ao extremo ­ "até o excesso". "Conheço muitos artistas que produzem conforme ditam as galerias. Nunca se deixem transformar nesse tipo de escravos", pregou Levitte.

Para Michael Haerdter, fundador da Associação Internacional de Arte em Residência com mais de cem centros em 40 países, e criador do Kunst Lerhaus Bethanien, a arte não pode ser limitada pelas fronteiras nacionais: "Quanto mais do mundo o artista conhece, mais refinado é o trabalho que produz".

A artista plástica Susie Rocha veio de São Paulo participar da oficina e confessou estar plenamente satisfeita com as atividades. "Participei pela primeira vez no ano passado e decidi que viria novamente assim que recebi o caderno de oficinas", conta Susie, que considera o Festival muito interessante pelo intercâmbio que permite. "Hoje, estamos conversando com alguns dos curadores mais importantes do mundo".

Sarah Dávila, ex-diretora da Escola Guignard, também participou de todas as atividades do Simpósio Internacional de Arte Contemporânea e considerou os debates bastante proveitosos. Segundo ela, foram discutidos conceitos artísticos fundamentais para que os artistas se situem no mundo da arte: "Às vezes, o saber dos livros demora muito para chegar até nós, e nessas conferências discutimos informações atualizadas sobre o que acontece em várias partes do mundo". O escultor e arquiteto mineiro, Cristiano Bickel, apresentou aos curadores sua produção dos últimos três anos. São duas linhas diferentes de trabalhos. Uma, composta por grandes esculturas feitas em tela de aço galvanizado entrelaçado, e outra, por obras em madeira e metal. Bickel comemorou a chance de encontrar-se com profissionais tão expressivos: "Dificilmente conseguiria estabelecer esse diálogo fora do Festival de Inverno".