Engenharia estuda uso do rejeito

de ardósia na fabricação de tijolos

Largamente encontrado em Minas, material pode substituir a cerâmica vermelha

Marco Antônio Corteleti

aterial até hoje sem qualquer uso econômico e responsável pelo assoreamento de rios, o rejeito in- dustrial da ardósia começa a ser "reabilitado" por uma pesquisa desenvolvida no departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Escola de Engenharia. Coordenados pelo professor Herman Mansur, os estudos constataram que o rejeito pode substituir a cerâmica vermelha na fabricação de tijolos e tubos. Isso eliminaria mais um problema ambiental, já que a cerâmica resulta de outra atividade extremamente poluidora: a extração da argila e do barro.

As vantagens econômicas do uso desta nova matéria-prima são consideráveis. Segundo o professor, o uso do material reduziria drasticamente os gastos com a produção de tijolos e tubos, já que o rejeito de ardósia, além de nada custar, é abundante em Minas Gerais. "A região Noroeste do estado possui a maior jazida de ardósia do mundo e responde por 90% da produção nacional", informa Mansur. Cada tonelada de ardósia mineral usada na construção civil como peça de acabamento rende 300 quilos de rejeito, composto, principalmente, de pó e cascalho.

As possibilidades de aproveitamento do rejeito estão sendo avaliadas através de análises mecânicas, térmicas e químicas. "Após os testes, saberemos onde o material poderá ser utilizado: se em prédios, casas populares ou tubulações por onde passam produtos químicos", exemplifica o professor Mansur.

O emprego do rejeito de ardósia em casas populares, por sinal, é tema de outro projeto que o pesquisador está iniciando em parceria com o professor Rodrigo Oréfice, também do departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais. O estudo, que aguarda financiamento da Pró-Reitoria de Pesquisa, utiliza o rejeito juntamente com plástico processado.

Patenteado em 1997 pela Universidade, a pesquisa do professor Mansur já despertou interesse de 70 empresas da área da construção civil. "Estamos em negociações com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). É bem provável que, em seis meses, o departamento comece a desenvolver um projeto-piloto em conjunto com uma empresa do setor", afirma. Já a produção em escala industrial, segundo o professor, deverá demorar cerca de dois anos.

Computador popular da UFMG

deverá ser produzido ainda em 2001

inda este ano, o computador popular, desenvolvido pelo Departamento de Ciência da Computação da UFMG, deverá ser comercializado em larga escala. A expectativa é do ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, que participou do encerramento do 1º Workshop de Universalização de Acesso, realizado semana passada no auditório da Reitoria. O evento discutiu estratégias de popularização do uso da Internet no Brasil.

Pimenta da Veiga definiu o computador popular como um verdadeiro "ovo de colombo". "Se a iniciativa privada quiser, ele poderá se transformar em um dos maiores sucessos empresariais do Brasil", garantiu o ministro. Projetado por uma equipe coordenada pelo professor Sérgio Campos, do DCC, o equipamento é o principal trunfo com que conta o governo para massificar o acesso à Internet no Brasil. "Somos o 13º país que mais usa a Internet no mundo. Em breve, saltaremos para o 7º ou 8º lugar", previu Pimenta da Veiga. O computador popular projetado pelo DCC custa cerca de R$ 400 - um terço do valor do protótipo mais barato disponível no mercado.

Também presente ao encerramento, o reitor Francisco César de Sá Barreto disse que o computador popular é "um projeto que muito nos orgulha". Mas advertiu que, sem a participação de outros setores, ele não produzirá o resultado almejado. "Sozinha, a UFMG não irá à frente. Precisamos do apoio do governo, do setor privado e das universidades", afirmou.

Segundo o professor Roberto Bigonha, chefe do DCC e coordenador do workshop, o evento contou com a participação de cerca de 160 pessoas, o que, para ele, é uma prova do sucesso da iniciativa: "Conseguimos reunir representantes de altos escalões dos ministérios da Ciência e Tecnologia e Comunicações, empresas e universidades". Executivos e técnicos de grandes empresas de informática e de telecomunicações (Itautec, Gradiente, MD, AMB e Embratel) vieram à UFMG conhecer mais detalhes do computador popular.

 

 





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Nº 1311 - Ano 27 - 28.03.2001