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Nº 1346 - Ano 28 - 25.04.2002

Preguiça terrícola de Lagoa Santa

conviveu com humanos

m debate de um século e meio está chegando ao fim. Depois de submeter ao exame de Carbono 14 um fragmento de costela de preguiça terrícola (Catonyx cuvieri), cujos ossos pertencem ao Museu de História Natural da UFMG, pesquisadores da Universidade e da USP concluíram que a espécie conviveu com humanos em Lagoa Santa. O teste comprovou que a preguiça circulava pelo interior de Minas Gerais há cerca de 9.990 anos. "Isso confirma as suspeitas de Peter Lund de que a megafauna e os seres humanos foram contemporâneos em Lagoa Santa", esclarece o coordenador do projeto, professor Walter Neves, da USP. Segundo ele, esta é a primeira vez que se precisa uma datação absoluta para a megafauna local.

Há três décadas, o professor Cástor Cartelle, do departamento de Geologia do IGC, já afirmava que a extinção da preguiça ocorreu dez mil anos atrás. A datação comprova a teoria do pesquisador. "Isso é a cristalização de um longo trabalho, cuja confirmação recebo com humildade e um sorriso", afirma. De acordo com Cartelle, é possível dizer que humanos e preguiças conviveram porque o crânio de Luzia, encontrado em Pedro Leopoldo, também data de cerca de 11,5 mil anos. "Mas há outras evidências, como ossos encontrados na região, que apresentam marcas de manipulação humana", ressalta.

Para Cartelle, as preguiças gigantes desapareceram da Terra devido a alterações climáticas que mudaram os regimes de chuva, ampliando a área de mata atlântica e diminuindo a de cerrado. Segundo o professor, o território de pastagem que restou era muito pequeno para animais tão grandes: "Além disso, a sua reprodução era muito lenta".

O exame que permitiu apontar a idade dos ossos foi feito no Laboratório Beta Analytic, nos Estados Unidos, e ficou pronto no dia 8 de abril. Os pesquisadores norte-americanos utilizaram uma técnica específica que data o Carbono 14 presente no colágeno, a proteína que estrutura o osso. As pesquisas devem continuar com a análise de outros ossos já enviados aos Estados Unidos. Agora, serão conhecidas as idades de amostras de outras peças colhidas em Lagoa Santa e no Sul da Bahia. Esses estudos estão inseridos num megaprojeto, iniciado em 2000, que rastreia a origem do homem americano, com apoio financeiro da Fapesp.

 

Animal era do tamanho de um bezerro

Pouco menor que a preguiça gigante, a espécie examinada pesava cerca de 300 quilos quando adulta e tinha a estatura de um bezerro, embora com proporções diferentes. Seus ossos foram coletados na região de Matozinhos e fazem parte da exposição de Paleontologia do Museu de História Natural. "O Museu expõe o esqueleto original, que está quase completo, com crânio, coluna vertebral, costelas e bacia", diz Cástor Cartelle.

Servidor assume Auditoria da UFMG

auditor Marcos Eustáquio de Oliveira Murta (foto) é o primeiro servidor técnico-administrativo da UFMG a assumir o cargo de auditor-geral da Instituição, cargo até então ocupado apenas por professores. O nome de Marcos Murta foi aprovado pelo Conselho Universitário no dia 11 de abril, em votação quase unânime: 42 votos a favor e duas abstenções.

Ele ingressou na Universidade como servidor técnico-administrativo em dezembro de 1992, por ocasião do primeiro e único concurso realizado para auditor da UFMG. Seis anos depois, foi promovido a auditor substituto, função que exerceu até receber o convite da reitora Ana Lúcia Gazzola e do vice-reitor Marcos Borato para ocupar o cargo de auditor-geral da Universidade.

Segundo Marcos Murta, o seu trabalho como auditor tem caráter preventivo e de orientação. "Sempre procurei agregar valor à Instituição. A indicação é o reconhecimento de um trabalho de dez anos, tempo em que me dediquei à Universidade em todas as suas instâncias, incluindo fundações, unidades acadêmicas e órgãos suplementares, como o Hospital das Clínicas", afirma.

A Auditoria é órgão assessor do Conselho Universitário, daí a necessidade de este último referendar a indicação feita pela reitora. Murta já elegeu sua prioridade de trabalho: "A partir dos pontos frágeis apontados pelas auditorias externas, vamos trabalhar para fortalecer a Instituição".