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Nº 1358 - Ano 28 - 18.07.2002

 

Formigas "espantam" predadores de vegetais

Marina Costa

senso comum leva as pessoas a acreditarem que as formigas apenas prejudicam as plantações, mas estudos vêm comprovando que elas também podem ser muito benéficas, espantando insetos herbívoros. Reforçando tais estudos, alunos de graduação e pós-graduação do Instituto de Ciências Biológicas investigaram interações envolvendo formigas, pulgões (afídeos), planta hospedeira e parasitóides. "Avaliamos a participação das formigas na estrutura de herbívoros de clima tropical, analisando mais detalhadamente a relação entre insetos galhadores e parasitóides", explica o aluno Frederico Neves (foto), do curso de graduação em Biologia e um dos responsáveis pelo projeto.

As pesquisas baseiam-se na observação de um processo natural em que os pulgões soltam uma secreção, o honeydew, que atrai as formigas. Estas espantam predadores como gafanhotos, besouros e insetos galhadores - que botam ovos nas plantas causando deformações semelhantes a tumores.

A equipe de pesquisadores selecionou 27 plantas da espécie Baccharis dracunculifolia (alecrim) que, posteriormente, acabaram submetidas a três tratamentos: ramos infestados com pulgões, mas excluídos de formigas; ramos sem pulgões e sem formigas; e ramos infestados com pulgões e com acesso livre para as formigas. A pesquisa foi desenvolvida na Estação Ecológica da UFMG. A escolha do alecrim deveu-se à sua facilidade de se estabelecer em terrenos degradados e, principalmente, por se manter verde o ano inteiro, o que favorece a presença de insetos herbívoros.

Os efeitos da competição indireta e da ação das formigas na comunidade foram estimados mensalmente durante o período de fevereiro de 1999 a janeiro de 2000. Os pesquisadores observaram que os ramos infestados por pulgões apresentaram redução no crescimento e na abundância dos herbívoros, sugerindo que a presença de formigas tenha provocado a diminuição dos insetos. Desta forma, conclui-se que os pulgões afetam indiretamente a comunidade dos herbívoros.

O estudo foi premiado no Simpósio de Ecologia e Biodiversidade realizado no mês de junho, em Brasília, concorrendo com outros 500 trabalhos. "A longo prazo, penso na possibilidade de utilizar substâncias com as mesmas propriedades do honeydew para atrair formigas, o que protegeria os vegetais expostos", diz Frederico Neves, referindo-se a uma futura aplicação das informações obtidas.

Pesquisa: Interações Multitróficas em Baccharis dracunculifolia (Asteraceae): formigas, insetos galhadores, parasitóides e a planta hospedeira, do programa de Pós-graduação em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre, do ICB
Autores: Marcílio Fagundes (doutorando) e Frederico Neves (graduando)
Orientador: professor Geraldo Wilson Fernandes

 

O fascinante mundo da Química

Exposição interativa é uma das atrações do programa Férias no Museu

s "alquimistas" invadirão uma das maiores áreas verdes de Belo Horizonte. No dia 23 de julho, a partir das 16 horas, será inaugurada, no Museu de História Natural e Jardim Botânico, a exposição permanente Arte com(s)ciência - Química na cabeça, que, através de experimentos interativos, levará à população o vasto universo da Química.

A iniciativa faz parte do programa Férias no Museu. Localizada no Espaço Ciências, que já abriga o projeto Física mais que divertida, a mostra aborda um tema importante para a preservação do meio ambiente: a reciclagem de materiais. Além de realizadas com objetos alternativos, recolhidos em unidades como o Colégio Técnico e a Imprensa Universitária, as experiências pretendem revelar as propriedades e o ciclo de vida de vários materiais recicláveis.

Fruto de parceria entre a direção do Museu e o professor do Colégio Técnico da UFMG Alfredo Luis Mateus, autor do livro Química na cabeça, a exposição conta com a participação da ONG Reciclar T3, presidida pela artista plástica Águida Zanol. Trata-se de grupo que promove a conscientização ambiental através do desenvolvimento de tecnologias de redução do consumo, reutilização e reciclagem de materiais. "É fundamental mesclar os olhares de um químico ao de uma artista plástica. Assim, tratamos a questão de maneira ampla, envolvendo aspectos científicos, tecnológicos e estéticos", ressalta o professor.

A partir do dia 24 de julho, os visitantes do Museu entrarão em contato com o curioso universo da Química. Monitores bem preparados, vestidos com figurino de material reciclável, "servirão" experimentos através do balcão de um bar futurista. De terça a domingo, o público poderá provar os "pratos do dia". Os visitantes poderão ver, por exemplo, nuvens de água condensada surgirem dentro de antigas garrafas de refrigerante. Ou observar o polímero "meleca", gel feito à base de cola e de um reagente específico.

Além dos experimentos, o bar futurista abrigará brincadeiras. Os monitores desenvolverão atividades como a Reciclopédia, em que os participantes aprendem de onde vêm e para onde vão objetos de plástico, metal, vidro e papel. Há também o jogo da memória, em que é preciso associar qual tipo de plástico está presente em determinado objeto exposto. "As apresentações possibilitam o contato do público com a Química de maneira interativa e divertida", completa Alfredo Mateus.