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Nº 1358 - Ano 28 - 18.07.2002

Ifes implantam nova sistemática
de apuração de custos

Curso dado na UFMG ensina servidores a dominar ferramenta

m sistema de apuração de custos desenvolvido pela Secretaria de Ensino Superior do MEC vai possibilitar que as universidades públicas brasileiras calculem seus gastos, especificando os recursos aplicados em diferentes áreas, como ensino, pesquisa, extensão e administração. "A forma de cálculo normalmente usada (que divide o orçamento pelo número de alunos) provoca uma distorção, porque, além da graduação, a Universidade pública também tem a extensão e a pesquisa, que não podem entrar no cálculo do custo do aluno", explica o analista de sistemas Marco Antônio Leandro (foto), da Fundação Universidade do Rio Grande (Furg).

Marco Leandro ministrou, de 9 a 11 de julho, na UFMG, curso para servidores de oito Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) sobre o novo Sistema de Apuração de Custos (SAC), software oferecido gratuitamente a instituições de ensino e hospitais universitários de todo o país. Segundo a Coordenadora de Orçamento, Planejamento e Custos da Pró-Reitoria de Planejamento da UFMG, Vânia Couto, o sistema funcionará como apoio gerencial à administração, possibilitando a apuração de distorções. "Nossa meta é conhecer os custos da Universidade em seus diversos níveis", comenta Vânia, ao lembrar que, com o uso continuado desta nova ferramenta, será possível identificar os custos das atividades essenciais ou até mesmo de um departamento ou de uma disciplina.

Para o pró-reitor de Planejamento, Ronaldo Pena, o monitoramento dos custos é fundamental na gestão pública. "Sabe-se qual o volume de recursos que entra, mas é importante identificar como ele está sendo distribuído, numa base por aluno, por curso, por unidade, de tal forma que se possa dimensionar as ações", explica.

Outras universidades mineiras já trabalham com o SAC. "Esta nova versão é muito melhor, já começamos a utilizá-la, mas ainda encontramos muitas dificuldades. Por isso, achei formidável esse treinamento", comenta Iolanda Sampaio Fonseca, servidora da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Além de profissionais da UFV e da UFMG, participaram do curso servidores da Ufop, da Escola Federal de Farmácia e Odontologia de Alfenas (Efoa), da Faculdade Federal de Odontologia de Diamantina (Fafeod), da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro e Funrei.

 

Marco Antônio Leandro

"É preciso saber para onde vão os recursos públicos"

analista de sistemas Marco Antônio Leandro, da Fundação Universidade do Rio Grande (Furg), trabalha junto ao Ministério da Educação em um projeto de elaboração de programas de informações gerenciais, entre os quais o Sistema de Apuração de Custos (SAC). Em entrevista ao BOLETIM, ele afirma que a implantação do SAC depende da vontade política de cada instituição. "Tem que haver comprometimento administrativo, porque o trabalho não é de um ano. É preciso calcular vários períodos para fazer uma análise comparativa, e ver como os dados se comportam", explica Marco Leandro.

Qual o diferencial desse sistema?

Com essa metodologia, é possível identificar as atividades ligadas diretamente ao ensino e determinar o custo do aluno, assim como o das outras atividades. As instituições públicas têm que dar respostas para os recursos que recebem e mostrar em que estão sendo aplicados. O sistema permite relacionar as atividades e os gastos em cada setor, determinando claramente o retorno para a comunidade de cada atividade desenvolvida.

Todas as Ifes adotarão o SAC?

A adesão é espontânea, mas a idéia desse trabalho é criar uma metodologia que seja utilizada por todas as instituições e que sirva para uma troca de experiências entre elas. Assim, além de permitir que cada instituição se conheça melhor, vai facilitar a comparação de dados entre instituições. Agora, com a nova posição do Tribunal de Contas da União, pedindo que nos relatórios de final de ano haja outros indicativos de custos, as instituições começaram a dar mais importância ao assunto. Além disso, a falta de verbas tem levado os administradores com maior visão a se preocupar em descobrir para onde estão indo os recursos, a trabalhar com maior transparência, a procurar meios de melhorar o trabalho e explicar para a comunidade onde está sendo aplicado o dinheiro público.

O sistema é exclusivo para a as universidades?

Não. Estamos trabalhando com qualquer órgão de ensino e temos um programa específico para os hospitais universitários _ a diferença é que os centros de ensino trabalham com um custo anual, e os hospitais, com custos mensais. O software foi desenvolvido por um grupo de técnicos, após assinatura de convênio, em 1991, entre o MEC, a IBM e a Furg. Hoje, o software está aperfeiçoado, o que também facilita a migração de dados de outros sistemas.

Este sistema prepara a Universidade para a autonomia?

Ele serve, em primeiro lugar, para que a Universidade se conheça. E se ela souber onde estão sendo aplicados seus recursos, vai melhorar seu desempenho gerencial e administrativo. E, num cenário de autonomia, isso é muito importante.