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Nº 1359 - Ano 28 - 25.07.2002

Estudo revela desequilíbrio
na fauna do reservatório Serra Azul

Uma das principais fontes de água da Grande BH,
lago apresenta crescimento de espécies exóticas

Murilo Gontijo

 

cultura popular ensina que filho de peixe, peixinho é. Pode parecer estranho, mas esse é um dos problemas do reservatório Serra Azul, um dos principais mananciais de abastecimento de água da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Lá, algumas espécies exóticas _ estranhas àquele habitat _ como o bagre-africano (Clarias gariepinus) e a tilápia (Oreochromis niloticus) estão se reproduzindo mais que espécies nativas, o que pode causar desequilíbrios na ictiofauna. Essa é uma das conclusões da pesquisa desenvolvida pelo geógrafo Ricardo Figueira de Carvalho (foto), junto ao mestrado em Geografia, do IGC. Segundo ele, dentre as 16 espécies coletadas no reservatório durante as investigações, nove são exóticas. "Às vezes, predadores extremamente vorazes", afirma o pesquisador, lembrando que o bagre-africano, a tilápia e o tucunaré representaram 40% dos indivíduos capturados.

Para Ricardo Figueira, os peixes estranhos ao ecossistema local apareceram no lago depois de escapulir de tanques de pesque-e-pague das imediações. "É preciso haver um controle mais efetivo para que o lago não seja tomado pelas espé-cies exóticas", sugere. A notícia boa é que peixes migradores como o piauaçu e o curimatã estão se reproduzindo no reservatório, demonstrando adaptação ao novo ambiente. "Normalmente, essas espécies, que são nativas, só se reproduzem em água corrente e havia o risco de desaparecerem depois da construção da barragem", explica.

A pesquisa verificou também que parte dos agrotóxicos e adubos utilizados em plantações da região escoam para o lago, abastecido por uma bacia de 290 quilômetros quadrados e cuja principal fonte é o ribeirão Serra Azul. O resultado é assoreamento nos nove quilômetros quadrados do reservatório. "A análise físico-química dos sedimentos evidenciou grande presença de ferro, manganês e fosfato no fundo do lago", diz Ricardo Figueira.

Por conta da fartura dessas substâncias, a ictiofauna é mais rica nas partes mais assoreadas, que foram mapeadas em medições batimétricas. Segundo o pesquisador, os restos de adubos que chegam ao Serra Azul guardam parte de sua atividade fertilizante. Eles atuam no fundo da lagoa, ajudando no crescimento de plantas que servem de alimento para os peixes, o que contribui para a cadeia alimentar.

Ricardo Figueira alerta ainda para a explosão imobiliária na região da bacia do Serra Azul. "É preciso bastante atenção porque, além de inúmeros sítios, algumas partes do local estão sendo loteadas, com prejuízos óbvios", ressalta.

Todos os resultados da pesquisa serão encaminhados à Copasa, que construiu o reservatório Serra Azul em 1982. O manancial responde por cerca de 30% do abastecimento da RMBH.

Dissertação: Avaliação do uso e ocupação do solo na bacia do Ribeirão Serra Azul e os resultados no reservatório da Companhia de Saneamento de Minas Gerais ( Copasa)
Defesa: 28 de junho de 2002, junto ao Mestrado em Geografia (IGC)
Orientadora: Cristina Augustin

 

UFMG recebe inscrições para programa Recém-doutores

stão abertas até 16 de agosto, nos Núcleos de Assessoramento à Pesquisa (NAPQ's) das unidades da UFMG, as inscrições para o Programa de auxílio para a pesquisa dos recém-doutores, financiado pelo Fundo Fundep de Apoio Acadêmico e coordenado pela Pró-Reitoria de Pesquisa.

O programa destinará R$ 240 mil a projetos de pesquisa coordenados por professores que tenham se doutorado a partir de 1995 e contratados pela UFMG a partir de janeiro de 1998 ou que tenham se doutorado a partir de agosto de 1998. Neste caso, não há restrição relativa ao seu período de admissão pela Universidade. No julgamento, também serão consideradas as propostas que trouxerem novas abordagens e metodologias, que forem coordenadas por professores não contemplados anteriormente pelo programa e que tenham impacto sobre as futuras atividades dos pesquisadores. Cada projeto receberá, no máximo, R$ 20 mil.

As propostas deverão incluir orçamento detalhado dos recursos solicitados, obedecendo às seguintes rubricas: diárias, material de consumo, outros serviços de terceiros (pessoa jurídica) e material permanente. Passagens e bolsas não serão contempladas com recursos.

Esta é a quarta edição do Recém-Doutores. Nos três anos anteriores, o programa investiu R$ 950 mil em 125 projetos. Mais informações pelos telefones 3499-4034 e 3499-4035 ou na página www.ufmg.br/prpq.