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O guerrilheiro das imagens
Cineasta que ministrou oficina no Festival de Inverno usa o vídeo como instrumento revolucionário
Pablo Pires*
uso dos meios de comunicação como instrumento de transforma- mação política é o foco da prática de Stephen Marshall, militante do vídeo, ativista da Internet e diretor de criação da Guerrilla News Network (GNN), instituição independente de produção e difusão de informações. Marshall esteve em Diamantina, onde participou do 34º Festival de Inverno da UFMG. Ministrou oficina e realizou conferência, sempre procurando explicar suas estratégias de ação e a relação íntima de sua arte com a política.
"A idéia de revolução é política, mas também é artística", diz, atualizando um discurso muito em voga entre os cineastas latino-americanos da década de 60. Uma de suas preocupações é inverter a postura passiva do espectador médio e inseri-lo no processo de criação de um novo tipo de produção audiovisual. "As pessoas têm que parar de olhar passivamente e iniciar um processo de criação ativa; a dominação é baseada na recepção", explica. O cineasta se diz otimista com as possibilidades de transformação da realidade por meio da mídia e acredita que "a criação é uma forma de resistência".
"Fascismo amigável"
Marshall trabalhou na rede CNN, mas à medida que suas intenções
políticas ficavam claras, foi tendo dificuldades de manter sua
linha de trabalho. Canadense radicado nos Estados Unidos, fundou a GNN
há dois anos, junto com um sócio, para ganhar a devida autonomia.
Ele não mede palavras para criticar a política americana
- "é um fascismo amigável" - e teme o excessivo
poder dos Estados Unidos na atual geopolítica internacional. "Estamos
lutando numa guerra por informação e democracia", diz.
Mas o guerrilheiro Marshall não fica apenas no discurso. Realizou o filme Crack the CIA (Quebre a CIA), sobre o envolvimento da agência de inteligência americana com o tráfico de drogas para financiar os contras da Nicarágua. Também dirigiu um filme sobre os atentados de 11 de setembro, em que narra como a guerra contra o terrorismo disfarça intenções de dominação e controle da informação. O inédito The most dangerous game (O jogo mais perigoso) trata de uma mulher ligada ao presidente norte-americano que, além de se envolver com tráfico de drogas, seduz políticos para obter favores. Sua intenção é expor as perversidades de um sistema político que se apresenta como intocável.
Controverso, o trabalho de Stephen não se enquadra nos padrões tradicionais da produção de notícias. É ágil, repleto de efeitos e usa sempre música de DJs como elemento marcante em seus trabalhos. Durante alguns anos, também trabalhou como DJ. A influência da MTV em seu trabalho seria óbvia se não fosse a feroz crítica política e social contida em sua produção. O objetivo é envolver o espectador e criar uma "audiência crítica" que, futuramente, constitua uma rede mundial de informação. "Os jovens têm fome de conhecimento. Precisamos oferecer salada e não apenas chips. A transformação concreta ocorre quando se contrapõem informações diferentes do que as que existem na grande mídia", aposta.
Os trabalhos de Stephen Marshall, assim como o vídeo produzido durante a oficina do Festival de Inverno, podem ser vistos na página www.gnn.tv.
*Repórter da equipe do 34º Festival de Inverno da UFMG
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