Busca no site da UFMG




Nº 1389 - Ano 29 - 27.01.2003


UFMG quer incluir alunos de graduação no mundo digital

Projeto recebeu recursos de R$ 289 mil para instalação de laboratório de informática

Ana Rita Araújo

esquisa da Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump) consta tou que muitos alunos de graduação da UFMG não têm computador pessoal, e boa parte deles não sabe executar procedimentos básicos de informática. "Torna-se oportuno, neste momento, investir em uma estrutura capaz de responder a essa necessidade, promovendo a inclusão digital dos alunos", diz a presidente da Fump, professora Maria José Grillo Caldeira Brant, autora de projeto contemplado com R$ 289 mil. Esses recursos serão utilizados para instalar, na Biblioteca Universitária, no campus Pampulha, um Centro de Acesso à Informação Digital (Caid). O laboratório funcionará como sala de aula e de acesso prioritariamente para estudantes cadastrados pela Fump.

Os recursos são provenientes de emenda apresentada ao orçamento federal pela Associação dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), voltada para a assistência estudantil. O montante foi dividido entre as 52 Ifes, com base na matriz orçamentária do Ministério da Educação. A parte que coube à UFMG será aplicada em obras físicas e na aquisição de cerca de 80 máquinas e de móveis necessários à implantação do Caid. O laboratório também receberá outras 20 máquinas doadas pela Pró-Reitoria de Graduação, através da Comissão Permanente do Vestibular (Copeve).

Para a diretora da Biblioteca Universitária, Simone Aparecida dos Santos, o projeto democratiza o acesso à informação. "Como centro de informação, a Biblioteca torna-se o lugar adequado para sediar o laboratório", afirma.

Oportunidades

Maria José Caldeira Brant explica que o domínio básico da informática faz parte do cotidiano dos jovens de classe média e, cada vez mais, é um requisito para a maioria dos cursos de graduação. Embora as unidades acadêmicas da UFMG possuam laboratórios com equipamentos disponíveis para os alunos, os cursos não têm como objetivo o ensino da informática básica. "No exercício de sua missão de equalizar oportunidades, a Fump vem percebendo a necessidade de suprir outros tipos de carência, como as dificuldades da incorporação tecnológica", reforça Maria José Grillo.

Sob a coordenação do professor Márcio Bunte, diretor de Tecnologia da Informação, o projeto conta com parceria do Centro de Referência de Software Livre (Solar), do Departamento de Ciência da Computação. Além de indicar os monitores que darão aula, o Solar deve implantar a estrutura do Caid usando tecnologia própria, com base em software livre e em máquinas sem disco rígido. Estas medidas reduzem cerca de 30% dos
custos de instalação e manutenção, se comparados com computadores tradicionais, como explica um dos coordenadores do Solar, professor Wagner Meira Júnior. Além de não comprometer a funcionalidade e a rapidez das máquinas, a mudança torna a rede mais segura, já que os dados ficam em um servidor central, submetido a uma política de controle e de backup periódico, garante o professor Meira.

Todas as unidades da UFMG também poderão se beneficiar desta solução tecnológica desenvolvida para o Caid. "Este modelo estará disponível e poderá servir como referência para a instalação de laboratórios de informática de baixo custo de aquisição e manutenção", complementa Márcio Bunte.

A criação dessa rede, com gerenciamento remoto de dados, racionalizará custos e permitirá o acesso unificado à infra-estrutura oferecida pelo
Grude, que fornece endereço eletrônico a todos os alunos matriculados na UFMG. "O gerenciamento remoto também resulta em comodidade para os alunos, pois, como os dados não ficam armazenados na máquina, o usuário poderá acessá-los de qualquer laboratório que ligado à rede", justifica Wagner Meira.

 

Inclusão beneficia cinco mil alunos da rede municipal

Ao participar da implantação de laboratórios para acesso à informação digital na UFMG, o Solar traz a experiência acumulada no trabalho que desenvolve em escolas públicas, sobretudo junto à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Cinco mil alunos de escolas municipais da capital utilizam microcomputadores dotados de software livre, e a Prefeitura está negociando recursos junto a agências financiadoras para estender a toda a rede de escolas o projeto elaborado em parceria com o Solar. Segundo o professor Wagner Meira Jr., não se trata apenas de ensinar os alunos a utilizar os micros. "Participamos do processo de elaboração do projeto pedagógico e temos como objetivo capacitar o aluno para não ser um usuário passivo, mas alguém que possa criar e repassar conhecimento", explica.