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Nº 1397 - Ano 29 - 22.05.2003

Computador popular pode sair do papel

Empresa mineira constrói protótipo para projeto idealizado no DCC
Jurandira Gonçalves

ois anos após seu lançamento, o projeto do computador popular, criado pelo Departamento de Ciência da Computação (DCC), do ICEx, está prestes a sair do papel. Com base nesse estudo, a empresa Neo Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico, de Divinópolis, desenvolveu modelo de computador popular que apresenta funcionalidade completa a baixo custo. As primeiras máquinas deverão chegar ao mercado nas próximas semanas.

Segundo o professor Sérgio Vale Campos, do DCC e coordenador do Centro de Referência em Software Livre (Solar), a máquina desenvolvida pela empresa de Divinópolis é a que mais se aproxima do perfil de um computador popular. "Isso graças a um hardware específico desenvolvido pela empresa", afirma Campos. O DCC também estuda a possibilidade de elaborar softwares para rodar na máquina projetada em Divinópolis.

Além de dispensar o HD, o que torna a manutenção mais barata, o computador criado pela empresa mineira possibilita o uso de monitor de TV para visualização, fato que também reduz os custos do projeto. Segundo Eduardo Freitas, um dos sócios da empresa, o PC, desenvolvido em Divinópolis e com custo estimado em 300 dólares, oferece rapidez, boa navegabilidade e todos os recursos básicos encontrados em um PC convencional, vendido a partir de 500 dólares (leia quadro abaixo).

Os primeiros contatos com a empresa mineira surgiram assim que o DCC anunciou a criação do computador popular, em 2001. Agora, a Neo Pesquisa negocia a fabricação do PC em escala comercial com a Itautec. Cem protótipos já foram construídos e serão apresentados ao DCC, a empresas e ao governo, que pretende instalá-los em escolas e instituições públicas.

A UFMG mantém, ainda, um projeto de transferência de tecnologia com a International Syst, prestadora de serviços em tecnologia da informação de Belo Horizonte, que vende produtos de software. "Ela está encarregada de executar funções comerciais, que não se adaptam ao papel da Universidade, como assistência técnica e atendimento ao consumidor", completa Sérgio Campos.

Exclusão digital

O projeto da UFMG foi desenvolvido para ajudar no combate à chamada exclusão digital. Dados do Comitê para Democratização da Informática (CDI) revelam que apenas 26 milhões de brasileiros possuem alguma familiaridade com computadores, menos de 15% da população do país. Nos Estados Unidos, os usuários de computadores passam de 170 milhões, mais de 60% de sua população.

Desde o lançamento do projeto, várias empresas apresentaram protótipos de computador popular. A demora para viabilizar a fabricação do equipamento, segundo Sérgio Campos, deve ser atribuída às dificuldades provenientes da falta de apoio do governo e da indústria estabelecida de computadores. Apenas duas empresas, informa, apresentaram modelos funcionais e com preços reduzidos.

Quem faz

O computador popular é um projeto que envolve vários atores. Confira a participação de cada instituição.

UFMG: elaborou e desenvolveu o projeto. Trabalha com pesquisa, apoio e desenvolvimento.

Neo Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico: desenvolveu protótipo do computador popular com hardware específico.

Itautec: produziu 100 protótipos do computador desenvolvido pela Neo Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico. Está preparada para fabricar máquinas em larga escala.

International Syst: parceira da UFMG no desenvolvimento de softwares. Assume funções que extrapolam os objetivos da Universidade, como assistência técnica e atendimento ao consumidor.

 

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- editor de texto
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