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Nº 1401 - Ano 29 - 19.06.2003

 

 

Comunicação e extensão universitária

Sandra de Deus *

reflexão sobre a comunicação na extensão universitária deve contemplar o uso e a relação com os meios. Necessariamente, a função dos meios de massa da própria universidade e a prática que envolve universidade e sociedade. Comunicação e extensão são sinônimos, seja na forma de dialogar com os setores envolvidos, seja na utilização de produtos e de meios. Comunicar na mesma língua é um dos requisitos para a inclusão social.

A atividade de comunicação das universidades dispõe de assessorias de imprensa, jornais, revistas, páginas na Internet, publicações diversas, TVs e rádios. Significa que a comunicação deve ser processo e ferramenta da redistribuição social dos saberes científicos e populares. É fundamental, segundo os vários documentos do Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras, refletir sobre as questões que envolvem uma área temática abrangente e que deve dar conta do processo de comunicação social, da mídia comunitária, da comunicação escrita e eletrônica, da produção e difusão de material educativo, das televisões universitárias, das rádios universitárias, da capacitação e qualificação de recursos humanos e de gestores de políticas públicas de comunicação e da cooperação interinstitucional na área.

Nos registros e relatos da produção acadêmica, constatam-se a prestação de serviço e o assessoramento às rádios comunitárias e aos pequenos jornais de comunidades, possibilitando a criação de espaços de troca entre comunidade, alunos e professores. Essa é a evolução concreta dos projetos de extensão que apóiam as mídias comunitárias, espe-cialmente as rádios. Acrescentam-se nesses relatos as inúmeras tentativas de elaboração de programas comunitários para as TVs universitárias. Levantamento recente indica que, nas 53 instituições federais de ensino superior que compõem o Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras, funcionam 18 estações de rádio e 21 emissoras de TV.

A área de comunicação, porém, deve uma proposta mais efetiva para o uso universitário e público dos meios tradicionais como rádio, televisão e jornais dentro das universidades. É evidente que esses não são apenas meios de comunicação das universidades, mas também são relevantes espaços e instrumentos de extensão universitária. Além de serem canais de divulgação da produção acadêmica, os meios de comunicação das universidades são laboratórios da formação de alunos comprometidos com a sociedade.

A sociedade para a qual se deve prestar contas não aceita mais ações assistencialistas de comunicação. As associações de bairros, organizações não-governamentais, sindicatos, cooperativas e fóruns não querem apenas "olhar fazer". Querem "fazer juntos", partilhar o conhecimento e a prática. É uma sociedade participante que divide informação e formação e que exige assessoria. A área de comunicação deve atuar como consultora, auxiliando na preparação de material a ser veiculado nas rádios comunitárias, jornais de comunidades, sindicatos e cooperativas.

A atuação da área de comunicação é um processo que a cada dia precisa ser avaliado, seja no que se refere ao uso e acesso aos meios tradicionais, seja na criação de novas propostas para a mídia comunitária, ou mesmo no rigor e no profissionalismo das rádios e TVs universitárias.

Para cumprir as tarefas, a área deve oferecer conhecimentos e técnicas para a geração de meios de comunicação próprios, identificados com os diferentes grupos sociais, o que se constitui em mais uma tentativa de reduzir a exclusão social. É preciso indicar diretamente onde deve-se dar a parceria com a sociedade, o que e o quanto a área temática pode e deve fazer para dar conta da grandiosa tarefa que cabe à comunicação na era da informação e do conhecimento. Assim, a comunicação na extensão universitária pública está, por um lado, a dever explicações e, por outro, a se disponibilizar para a troca de conhecimentos com uma parcela significativa da sociedade ainda excluída do processo de construção nacional.

* Diretora da Rádio Universidade AM 1080, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e coordenadora da área temática de Comunicação do Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras

A Rádio da UFRGS é a primeira rádio universitária brasileira, criada em 1957. Hoje, tem potência de 10 quilowatts e funciona 24 horas por dia.