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Nº 1415 - Ano 29 - 06.11.2003


Fisioterapia da UFMG é pioneira em técnica de tratamento de doenças respiratórias

Fiorenza Carnielli

 

lima seco é sinônimo de dificuldade respiratória para muitas pessoas. Mas o sono perdido por causa do nariz entupido pode ser solucionado por uma técnica, pioneira no Brasil, de desobstrução das vias aéreas superiores. Trata-se da desobstrução rinofaríngea retrógrada, desenvolvida pelo belga Guy Postiaux e aplicada pelo Departamento de Fisioterapia da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional.

Uma das responsáveis pela difusão da técnica, a professora Tereza Cristina Silva Brant (foto) diz que, antes do surgimento do método, a fisioterapia não tinha como abordar os pacientes com comprometimento das vias aéreas superiores (nariz, garganta, seios da face e ouvido, por exemplo). "A aplicação desse método comprova que a fisioterapia não cuida apenas de reabilitação de lesões musculares ou neurológicas", diz a professora.

Pessoas que sofrem de alergias, sinusites, otites e outras doenças respiratórias produzem grande quantidade de secreção, que se acumula nas vias respiratórias, causando deficiências na respiração. O método adotado pela professora Tereza Brant para minimizar essas deficiências obedece a um comportamento fisiológico básico do organismo e não faz uso de equipamentos. "Toda criança tem o hábito de fungar o nariz, sugando a secreção para o organismo. A técnica segue o mesmo princípio: incentiva a inspiração em alta velocidade, retirando a secreção das vias aéreas superiores", detalha.

Em crianças pequenas, o fisioterapeuta força o tórax, expulsando o ar. Com a boca fechada por impulso reativo, a criança é obrigada a inspirar rapidamente pelo nariz. O ar que passa em alta velocidade carrega a secreção para a garganta. O muco deve, então, ser expectorado pela tosse ou engolido e expelido pelas fezes. "A técnica é simples e ajuda o organismo a executar uma tarefa que não consegue realizar sozinho devido à grande quantidade de secreção", completa Teresa Cristina.

A fisioterapeuta ressalta que o método é completamente diferente do ato de assoar o nariz, comparado por ela à tentativa de impedir com a mão a saída de água de uma mangueira. A pressão produz um refluxo que empurra a água para a outra extremidade da mangueira. Além de retirar apenas a secreção superficial, o ato de assoar o nariz pressiona o muco interno para regiões mais profundas da face, facilitando o aparecimento de infecções crônicas.

Segundo a professora Teresa Brant, a desobstrução tem importante função preventiva, pois evita que a secreção se acumule, impedindo a proliferação de bactérias e o surgimento de graves infecções.

A fisioterapeuta reconhece que assistir a uma sessão da desobstrução rinofaríngea retrógrada está longe de ser um espetáculo agradável aos olhos, em razão da imensa quantidade de secreção expectorada. "Mas os resultados compensam qualquer susto", ressalva.

Os principais sintomas do excesso de secreção são tosse, coriza, ronco noturno, sono agitado e incidência repetida de doenças como sinusite, otite e faringite. A técnica é aplicada em pacientes dos hospitais das Clínicas (HC) e Odilon Behrens, no Ambulatório Bias Fortes e nos postos de saúde onde há programas de estágio desenvolvidos pelo Departamento de Fisioterapia.


NCA pesquisa irrigação com pivô central

 

Núcleo de Ciências Agrárias (NCA) inaugurou, no fi nal de outubro, um pivô central no campus Montes Claros da UFMG, para atividades de ensino, pesquisa e extensão. Doado pela Cemig, o equipamento será utilizado para ensinar produtores rurais a manejar corretamente este sistema de irrigação, além de capacitar mão-de-obra para a manutenção dos equipamentos existentes na região e pesquisar o melhor uso do sistema nas condições climáticas do Norte.

Formado por uma torre, o pivô central do NCA custou R$ 25 mil e tem capacidade de irrigar 2,2 hectares, consumindo 30 mil litros de água por dia. Ele está instalado em área plantada com milho. "Após a colheita, plantaremos feijão", antecipa o professor Flávio Pimenta, coordenador dos projetos de irrigação do NCA. Ele explica que o objetivo do grupo é transformar o Núcleo de Ciências Agrárias em centro de referência em irrigação no semi-árido, buscando alternativas viáveis para a produção agrícola. "Os ganhos dos produtores rurais costumam ser muito pequenos, e uma irrigação correta pode gerar lucros maiores", diz o professor.

Flávio Pimenta calcula que haja 50 pivôs desativados na região de Montes Claros. "Uma das frentes de nosso trabalho é preparar um diagnóstico preciso de quantos estão parados e porque eles foram desativados", enfatiza o professor, que acredita que o trabalho do NCA poderá estimular os produtores a reativar seus equipamentos de irrigação. Segundo Flávio Pimenta, a alegação mais comum é de que o pivô consome muita água e eletricidade. "Mas isso é um equívoco que talvez esteja associado ao uso inadequado do equipamento", argumenta. Os produtores rurais do Norte de Minas preferem a micro-aspersão, método que despeja água bem no pé da planta.