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Nº 1430 - Ano 30 - 18.3.2004


O mapa do tesouro

UFMG e editora portuguesa lançam livro sobre a conquista do território das minas

Fiorenza Carnielli

omo os bandeirantes dos séculos 17 e 18 que saíam pelo interior do Brasil em busca de índios e ouro e traziam, por exigência da coroa portuguesa, seus relatos de viagem em forma de mapas, os professores da UFMG Antônio Gilberto Costa, Friedrich Ewald Renger, Júnia Ferreira Furtado e Márcia Maria Duarte dos Santos apresentam no livro Cartografia da conquista do território das minas o resultado de sua expedição pelos arquivos e museus brasileiros e portugueses.

Co-edição da Editora UFMG e da portuguesa Kapa, a obra traz os caminhos, mapas e condições que levaram os pioneiros às regiões das minas que hoje abrangem os estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. O relato descreve, por meio de textos, ilustrações e mapas, a ocupação desses territórios. A obra foi lançada na última quarta-feira, dia 17, no Museu Mineiro. Já em Portugal, o lançamento ocorreu em dezembro de 2003, e a edição já está esgotada. "A parceria com a editora portuguesa é muito importante, pois permite divulgar o trabalho da UFMG na União Européia", diz o professor Antônio Gilberto Costa, diretor do IGC e organizador da obra.

Conquista do Oeste

"Até o final do século 17, o sertão brasileiro era desconhecido. Havia um pequeno número de informações sobre os caminhos que apontavam para o Oeste", afirma Costa. No entanto, os indícios de existência de ouro além da linha de Tordesilhas, acertada com a Espanha antes de Cabral chegar ao Brasil, incentivaram Portugal a documentar cartograficamente o interior da colônia.

O grande número de mapas produzidos e mantidos em sigilo por Portugal até meados do século 18 forneceu ao país informações importantes para a assinatura do Tratado de Madri, em 1750. Nesse Tratado, a Espanha cedeu terras, dando ao território brasileiro um formato muito próximo do atual.

"Este momento significou uma grande mudança na cartografia, que assumiu maior rigor científico", afirma Costa, ao lembrar os mapas medievais carregados de representações míticas. Nas ilustrações dos mapas do século 18 ficam bem demarcadas as visões que os colonizadores tinham dos povos europeus, os "civilizados", e os índigenas, os "primitivos".

Os mapas também tinham seus vazios, lembra Antônio Gilberto Costa. "No caso de Minas Gerais, a região leste, ocupada pelos botocudos, aparece em branco, pois os costumes canibais da tribo dificultavam o acesso à região e, em conseqüência, a sua documentação", conta o organizador.

Após 1750, quando as minas já davam sinais de esgotamento, os mapas passam a detalhar essas regiões. Nessa época são produzidos mapas das cidades de Diamantina e Vila Rica, hoje Ouro Preto.

O livro reproduz todo o material cartográfico do período marcado pela caça aos tesouros e pela ocupação do sertão brasileiro, além das aquarelas feitas pelos viajantes cartógrafos e botânicos da colônia.

Livro: Cartografia da conquista do território das minas
Edição: editoras UFMG e Kapa, de Portugal
Organizador: Antônio Gilberto Costa
Autores: Antônio Gilberto Costa, Friedrich Ewald Renger, Júnia Ferreira Furtado e Márcia Maria Duarte dos Santos
Onde encontrar: Livraria UFMG (campus Pampulha e Conservatório UFMG)
Preço: R$ 120,00
Informações: 3499-4642