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Nº 1486 - Ano 31 - 2.6.2005

Aliados do trabalhador

Nesth incrementa sua atuação com Observatório do Trabalho e Incubadora de Cooperativas Populares

Andrea Hespanha

m 1979, o Brasil vivia um período de efervescência política, com movimentações em todos os cantos do país, como as greves do ABC Paulista. Na UFMG, um grupo de professores do Departamento de Ciências Política queria entender o fenômeno e a lógica desses movimentos. Para isso, criaram o Laboratório de Movimentos Sociais Urbanos, que, cinco anos depois, se transformaria no Núcleo de Estudos do Trabalho Humano (Nesth). Este ano, o Nesth, que alcançou a maioridade, apresenta suas duas "crias": o Observatório do Trabalho e a Incubadora de Cooperativas Populares.

Coordenado pelo professor Carlos Roberto Horta, o Observatório do Trabalho assume o braço de pesquisas do Nesth. O objetivo é transformar o Observatório em meio de promoção dos direitos do trabalhador, reunindo desde o conhecimento produzido em universidades e sindicatos sobre o trabalho no mundo contemporâneo à ação de órgãos públicos na área ambiental, de saúde e do trabalho. O objeto inicial de pesquisas será a indústria da mineração. "Escolhemos esse segmento, porque é o que mais destrói o ambiente, afeta a saúde do trabalhador e a qualidade de vida dos moradores das cidades próximas", explica Carlos Horta.

Segundo o professor, o Observatório é ancorado no saber acadêmico, mas tem como foco o trabalhador, que deve ser o principal beneficiado pelas pesquisas. "Temos parcerias com grupos internacionais e outras instituições, com o intuito de promover uma globalização da resistência do sindicalismo e das necessidades trabalhistas", aponta o professor, que coordena também a Unitrabalho, rede interuniversitária dedicada à realização de pesquisas sobre o trabalho. Por meio dos estudos, os especialistas poderão sugerir ações de garantia dos direitos do trabalho, de melhoria da saúde do trabalhador e de defesa do meio ambiente.

O organismo é parceiro da Delegacia Regional do Trabalho, Dieese, CUT, Unitrabalho, Fundacentro, Escola Sindical 7 de Outubro, além de sindicatos de trabalhadores. As novas instalações do Nesth, os equipamentos e o carro para a realização dos trabalhos do Observatório foram adquiridos com verba de R$ 70 mil liberada por emenda parlamentar ao Orçamento da União proposta pelo deputado federal Sérgio Miranda (PC do B).

Qualidade social

De acordo com Horta, qualquer pessoa poderá sugerir temas para pesquisa. As denúncias serão encaminhadas aos órgãos responsáveis pela apuração e solução dos problemas. Outra linha de trabalho do Observatório será a instituição do Selo de Qualidade Social para empresas que respeitem direitos do trabalho, nos moldes da série ISO.

Caberá à UFMG emitir a certificação. "Acreditamos na evolução da capacidade crítica do consumidor", diz Horta, ao lembrar a importância em divulgar informações sobre o compromisso das empresas com os direitos do trabalho e o meio ambiente. Através delas, o professor acredita que o público terá referências para definir o consumo de produtos e serviços, dando preferência a empresas socialmente comprometidas.

Enquanto o Observatório concentra o viés de pesquisa do Nesth, a Incubadora de Cooperativas Populares representa o braço extensionista do núcleo. Um grupo de 21 pessoas, entre alunos, técnicos, ex-alunos e professores, integra o projeto. "Oferecemos serviços de assessoria às comunidades de vilas e periferias de Belo Horizonte que pretendem criar cooperativas populares", explica Carlos Roberto Horta. A Incubadora já atende nove grupos, de diferentes ramos de atividade.

Horta acrescenta que a Incubadora pretende expandir seu campo de atuação, buscando parcerias em outras cidades, como Contagem, Jaboticatubas e Congonhas. O projeto é financiado pela Fundação Banco do Brasil.