Busca no site da UFMG

Nº 1522 - Ano 32
16.03.2006

Centro de Musicalização Infantil ganha sede na Pampulha

Ana Rita Araújo

epois de funcionar por 20 anos em espaços provisórios, o Centro de Musicalização Infantil (CMI) acaba de ganhar instalações próprias, em prédio anexo à Escola de Música. A inauguração ocorreu no dia 10 de março com um concerto de alunos e ex-alunos do Centro. “Trata-se de um sonho antigo. A transferência resgata um amplo projeto pedagógico, que prevê a integração mais eficaz da extensão, graduação e pós-graduação”, afirma o diretor da Escola de Música, Lucas Bretas.

Eber Faioli

O Centro foi construído para oferecer condições adequadas às aulas de iniciação infantil e de musicalização a crianças de três a 12 anos e fortalecer as atividades de pesquisa e de extensão da Escola de Música. “O CMI vai florescer aqui”, prevê a coordenadora Jussara Fernandino, ao lembrar que além do espaço apropriado, a localização no campus Pampulha oferecerá novas possibilidades de trabalho, devido à proximidade com os alunos de graduação e pós-graduação em Música, e com ambientes de socialização infantil como o Centro de Desenvolvimento da Criança (Creche da UFMG) e o Centro Pedagógico.

A proximidade física com a Escola concretiza-se num momento de reforma das licenciaturas no país, o que fortalece o novo projeto da licenciatura em educação musical. “Talvez a UFMG seja a única universidade do sistema federal de ensino superior que possui, na área de música, um trabalho de licenciatura tão abrangente, que envolve pessoas de três a 80 anos”, diz o professor Lucas Bretas.

Além da educação musical voltada para crianças e adolescentes, o CMI investe na formação e no treinamento de seus estagiários – alunos dos cursos de graduação e pós-praduação da Escola de Música –, funcionando como um centro de pesquisa em Educação Musical. O trabalho no Centro proporciona aos estagiários orientação para a prática pedagógica, conhecimento e aprofundamento das propostas pedagógico-musicais existentes e pesquisas mais recentes na área. No local, os estagiários também criam práticas musicais, sob a orientação de doutores, mestres e especialistas da Escola.

Democratização musical
Além de oferecer cursos para crianças e de ser um espaço para prática pedagógica de alunos de Música, o CMI também atua na capacitação de professores de escolas regulares. “Nosso objetivo é democratizar a música, e a capacitação de professores amplia a consciência sobre a importância da arte na escola regular, e não apenas na escola especializada”, diz Jussara Fernandino.

Para ela, o verdadeiro papel da musicalização infantil é abrir a sensibilidade estética e o potencial expressivo da criança, dando a ela maior possibilidade de auto-expressão e auto-estima. “Acreditamos que estamos formando pessoas melhores, mais atentas, hábeis e flexíveis”, diz a professora, ao ressaltar que com a musicalização a criança passa a entender a importância do som, do silêncio e da escuta, tornando-se mais sensível e atuante. Na mesma linha de raciocínio, a coordenadora psicopedagógica do CMI, Regina Coelho, ressalta que “no palco não cabe todo mundo”, tornando essencial a formação de uma platéia sensível.

Entre os novos projetos do CMI, Jussara Fernandino cita a edição de um guia musical indicando apresentações regulares gratuitas na cidade, a elaboração de listas com resenhas de CDs e livros na área de música, além de palestras em escolas públicas. Existe ainda a proposta de criação de novas modalidades de cursos de musicalização, em módulos, com flexibilização dos conteúdos, e a formação de um coral infantil.

Obra custou R$ 700 mil

Anexo ao prédio da Escola de Música, o novo espaço tem sistema de ar-refrigerado central e as salas de aula receberam tratamento para isolamento e conforto acústico nas paredes, tetos, pisos, janelas e portas. Os recursos para a construção – cerca de R$700 mil – vieram de várias fontes: Fundo Fundep, Reitoria e Fundo de Obras da Escola de Música. Criado pela Congregação da Unidade em 1998, este último retinha 50% do saldo de toda a arrecadação de prestação de serviços da Escola – cursos de extensão, apresentações dos grupos instrumentais, projetos de eventos – para a futura construção.

“Foi uma maneira que encontramos para não adotar a postura de apenas reclamar a falta de recursos”, explica o diretor da Escola, professor Lucas Bretas, ao afirmar que “acabou na Universidade o modelo antigo de esperar recursos. Temos que fazer nossa parte. O governo tem sua responsabilidade, mas estamos dando a nossa contrapartida”.

Bretas ressalta a importante participação da reitora Ana Lúcia Gazzola, ao defender a suplementação orçamentária, e do engenheiro construtor e responsável técnico, Francisco Serranegra de Paiva. “O engenheiro Serranegra conseguiu um milagre: completar a obra com o dinheiro disponível, inclusive a jardinagem externa e o sistema de ar-condicionado”, diz Lucas Bretas.