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Nº 1534 - Ano 32
08.06.2006

A viagem do autoconhecimento

Durante a Mostra das Profissões, jovens têm a chance de dar um passo seguro para definir seu futuro

Maurício Guilherme Silva Júnior

e 19 a 21 de junho, milhares de estudantes mineiros do ensino médio exercitarão, na UFMG, a prática do auto-conhecimento. Mais do que recolher informações sobre os 48 cursos oferecidos pela Instituição, a terceira edição da Mostra das Profissões (veja boxe), que acontece no campus Pampulha, será o momento propício para que os alunos pratiquem a “arte” de escolher caminhos. Ao tentar interpretar os próprios sentimentos, gostos e aptidões, o jovem inicia, definitivamente, sua longa jornada profissional.
Foca Lisboa

“Informação não basta, pois cada indivíduo irá processá-la de maneira diferente. É importante que os estudantes atentem para sua capacidade de seleção”, resume a professora Flávia Lemos Abade, do departamento de Psicologia da Fafich. Ela chama a atenção para a dupla importância do evento: a possibilidade de acesso de alunos de escolas públicas ao universo acadêmico da Universidade e o horizonte do auto-conhecimento.

“Os profissionais do futuro precisam, cada vez mais, de autonomia. As pequenas escolhas contribuem para a definição do rumo a seguir”, completa a professora. Selecionar caminhos, na verdade, significa não só escolher o que se deseja. Como é impossível ter controle sobre tudo, optar, ressalta Flávia Abade, é também sinônimo de perda: “O jovem deve aprender a controlar os próprios desejos”.

Escolha
O aprendizado deve começar antes do ingresso na Universidade. Daí a importância de oportunidades como a Mostra das profissões. No ano passado, cerca de 40 mil estudantes mineiros do ensino médio estiveram na UFMG. Entre eles, alunos pouco convictos que acompanhavam colegas de escola em direção a estandes mais procurados. Concorrência, no entanto, não significa solução para todos. “Não adianta seguir o que a maioria indica”, completa Flávia Abade.

Convicção pessoal não faltou à estudante Marina Jardim Dias Fraga, hoje no 2º período do curso de Engenharia de Minas da UFMG. À época da escolha de sua futura estrada profissional, apenas uma certeza a auxiliava: “Só me enxergava em cursos de Ciências Exatas”. Esta percepção, no entanto, não era suficiente para espantar o fantasma da dúvida. “Pensei em tentar o curso de física noturno. Isso porque, segundo o preconceito, as mulheres da área de Exatas só poderiam tornar-se professoras”, conta.

A possibilidade de seguir a intuição só se consolidou, para Marina, após conversa com um amigo, aluno de Engenharia de Minas da UFMG. “Um dia, ele me perguntou se eu gostaria de morar em cidade grande para sempre. Como gosto do interior, respondi, rapidamente, que não”, diz. Foi a gota d’água para que repensasse os próprios caminhos. Hoje, a aluna da UFMG tem outra certeza: “Engenharia de Minas é um ramo que carece de gente com grande capacidade. Um cálculo errado pode matar muita gente. Confio mais em mim do que em qualquer homem”, conta.

Tendências
Além de levar informação acadêmica aos estudantes mineiros, a Mostra das Profissões é o espaço para revelação de tendências profissionais. Muitas vezes, a participação em palestras e a busca por informações sobre os cursos mostram o que os jovens têm cogitado para seu futuro profissional. Na edição de 2005, a maior parte dos estudantes procurou saber mais sobre os cursos de medicina e ciências biológicas. “Ainda hoje, a Medicina é uma das áreas de maior reconhecimento social. O médico continua visto como a melhor pessoa para resolver problemas”, comenta o professor Marcus Vinícius de Freitas, coordenador-geral do Vestibular da UFMG. Por outro lado, a opção pelas Ciências Biológicas indica a vontade latente do jovem brasileiro em se relacionar com os fenômenos naturais, além da preocupação com as questões ecológicas.

Tendências, no entanto, não são suficientes para que os estudantes respondam a seguinte pergunta: “O que eu vou ser quando crescer?”. Além dos ofícios da moda, o professor Marcus Vinícius aponta outros dois motivos para a escolha profissional. Um deles diz respeito à respeitabilidade social do curso e o outro ao lugar ocupado pelos “sujeitos” na sociedade. Candidatos pobres costumam evitar os cursos ditos “nobres”, como Medicina e Direito. Outra “bússola” que define caminhos é o sucesso financeiro: “Há candidatos que preferem cursos que poderão trazer-lhes mais dinheiro. Mas a maioria busca mesmo a profissão que lhe dará prazer”, completa Freitas.

Programação definida

A programação da Mostra pode ser conferida no endereço eletrônico www.ufmg.br/mostradasprofissoes. No site, os participantes conferem a relação de atividades programadas, entre palestras, salas interativas, minicursos para professores e atrações musicais, a exemplo dos espetáculos do Trio Amadeus, de Klatu Barada Nikto e do grupo Sarandeiros.

O evento também oferecerá, diariamente, palestras sobre temas de interesse geral. No dia de abertura, por exemplo, o escritor Domingos Pellegrini comenta o tema Você está preparado para o novo mundo? Mais informações pelos telefones (31) 3499-4408/3499-4409 ou pelo e-mail mostradasprofissoes@copeve.ufmg.br.