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Nº 1550 - Ano 32
2.10.2006
Tesouros de papel
UFMG recebe recursos para conservação
preventiva de obras raras
Ana Rita Araújo
lmanaques publicados em Lisboa no Século 18 e colecionados pelo escritor português Camillo Castello Branco são exemplos da diversidade do Acervo de Obras Raras e Especiais da Biblioteca Universitária. Guardadas no terceiro andar do prédio, no campus Pampulha, as mais de 10 mil peças – livros, folhetos, periódicos, documentos, mapas, álbuns de arte, correspondências e fotos – que compõem o Acervo estão prestes a passar por tratamento, para garantir sua preservação e facilitar o acesso a pesquisadores do país e do exterior.
O projeto de conservação preventiva, no valor de R$ 350 mil, custeado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), prevê a higienização do acervo, a confecção de capas de material especial para todas as obras e a aquisição de arquivos deslizantes, para o correto acondicionamento das peças. Todo o trabalho será realizado em parceria com o Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor) da Escola de Belas-Artes, sob a coordenação técnica do restaurador Mário Anacleto Sousa Júnior.
Foca Lisboa Elizabeth Oliveira e Marlene Lopes: preservar para ampliar o acesso |
“É necessário preservar, catalogar, acondicionar e organizar o acervo, pois somente assim será possível dar amplo acesso aos títulos e conteúdos dessas importantes coleções”, explica a diretora do Sistema de Bibliotecas, Maria Elizabeth Oliveira, ao destacar que a organização, o tratamento técnico e as medidas de conservação preventiva previstos no projeto darão prosseguimento a trabalho iniciado em 2004 e 2005, financiado pela Fapemig.
Segundo a bibliotecária Marlene de Fátima Vieira Lopes, idealizadora do projeto enviado ao BNDES, os recursos da Fapemig permitiram catalogar e disponibilizar, na Base de Dados do Sistema de Bibliotecas da UFMG, 876 títulos referentes a 1.720 exemplares. Esses números representam 10% do acervo atual. “O reflexo do trabalho pode ser contabilizado pela quantidade de pesquisadores que passaram a procurar o Setor de Obras Raras, em busca de tais preciosidades”, comenta Marlene Lopes.
O trabalho de tratamento e preservação do Acervo, iniciado em 2004, identificou um número significativo de obras com integridade comprometida por acidificação do papel, capas danificadas e folhas soltas.
Marlene Lopes informa que os recursos garantidos no projeto do BNDES serão utilizados prioritariamente na conservação das obras – higienização, reparos, acondicionamento e manuseio. “Sabemos que não será possível catalogar todo o acervo, mas pretendemos colocar o maior número possível de obras na base de dados do Sistema de Bibliotecas da UFMG”, explica a bibliotecária, ao lembrar que, ao final do projeto, serão organizadas exposições temporárias do acervo por temas específicos.
Também está prevista a publicação de dois catálogos, comentados por especialistas: o Curso completo de Patrologia: séries Latina e Grega, e História do Brasil: obras dos séculos XVI e XVII. Outra iniciativa incluída no projeto do BNDES é a capacitação de equipe interdisciplinar, para a produção de manual técnico que servirá de base para catalogação de acervos raros. Fundamentado em normas e padrões internacionais da Biblioteconomia e em trabalhos da própria equipe envolvida no projeto, o manual será distribuído para outras bibliotecas detentoras de acervos raros.
No túnel do tempo O Acervo de Obras Raras e Especiais da Biblioteca Universitária reúne documentos considerados raros e/ou preciosos devido à sua importância histórica, literária, cultural e patrimonial. Formou-se a partir de doações e de coleções existentes na antiga biblioteca da Reitoria e nas bibliotecas setoriais. “Ainda hoje recebemos doações que ajudam a ampliar o volume do acervo”, diz a bibliotecária Marlene de Fátima Vieira Lopes.
Reúne obras dos séculos 16 a 20, muitas das quais reconhecidas como raridades bibliográficas e citadas em base de dados especializadas. |