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Nº 1564 - Ano 33
5.2.2007


Muito além da sala de aula

Manoella Oliveira

retorno às aulas na rede pública municipal de Belo Horizonte traz uma novidade que promete agradar muita gente. Em cerca de 50 escolas de todos os cantos da cidade, milhares de estudantes terão acesso a atividades extra-classe desenvolvidas nos próprios colégios ou em espaços públicos das redondezas, como igrejas, salões paroquiais, parques e academias de dança.

Essas atividades integram o programa Escola Integrada, cuja implantação foi precedida por projeto-piloto estruturado pela Secretaria Municipal de Educação em parceria com a Pró-Reitoria de Extensão e executado nos meses de novembro e dezembro de 2006.

A iniciativa foi planejada para complementar a formação dos estudantes a partir de vários tipos de oficina. Ao todo, foram ofertadas 14 atividades, abrangendo desde questões como acompanhamento pedagógico e o dever de casa, até a resolução de problemas matemáticos, passando por leitura, produção de textos e o uso de expressões artísticas – dança, fotografia e pintura – em atividades educativas. “Para a Secretaria é interessante levar para a sala de aula áreas de formação não cobertas pela escola pública”, afirma a pró-reitora de Extensão, Ângela Dalben.

“A escola adquiriu outra dimensão, seu papel se modificou no sentido de oferecer formação múltipla ao aluno. Ela deve educar e cuidar do indivíduo, valorizando experiências que contribuem para a aprendizagem”, completa Fátima de Salles Dias, da coordenadoria de Saúde e Educação da Proex.

Os colégios foram selecionados de forma a representar, ao máximo, as regionais da cidade – apenas a Centro-Sul não foi contemplada –, a partir das condições básicas requeridas para o início da experiência: existência de espaços na escola e na comunidade que pudessem ser utilizados no extra-turno e a disponibilidade de professores, que deixaria as salas de aula para acompanhar o andamento do Escola Integrada.

O piloto envolveu sete escolas e beneficiou cerca de 1.200 crianças, 40% do total de alunos. Contou com 57 bolsistas da UFMG, 15 professores orientadores, um professor comunitário de cada escola, além dos profissionais das coordenações executiva da Proex e pedagógica do CP/UFMG.

Na prática

Parques, academias de dança e igrejas situados num raio máximo de um quilômetro foram ocupados por crianças e adolescentes para realização de oficinas, em troca de material de limpeza e acordos afins. A comunidade respondeu de forma positiva, respeitando os espaços determinados pelas escolas e não interferindo no trabalho dos bolsistas. “É uma iniciativa que beneficia não apenas a formação dos alunos, mas envolve toda a cidade, por isso é importante que dê certo. Trata-se de uma proposta trabalhosa, mas a Universidade tem respaldo para refletir sobre a educação básica”, analisa Ângela Dalben.

Algumas oficinas apresentaram resultados surpreendentes. A de matemática, matéria considerada “chatíssima” quando ensinada em sala de aula, acabou sendo uma das oficinas mais procuradas no horário extra-classe. “Vários alunos deixaram as aulas de capoeira e de dança para aderir à de resolução de problemas. Diante disso, algumas escolas já se propuseram a rever sua metodologia de ensino”, conta Fátima Dias.

Para a coordenadora do Escola Integrada pela Secretaria Municipal de Educação, Neusa Macedo, ainda não é possível avaliar o impacto da iniciativa sobre o processo de aprendizagem. “Foram apenas dois meses de atividades, mas deu para notar o envolvimento e a alegria da comunidade escolar”, analisa.

Volta reforçada

O programa Escola Integrada da Prefeitura de Belo Horizonte volta em 2007 reforçado e disposto a se consolidar. É o que garante Neusa Macedo, coordenadora da iniciativa pela Secretaria Municipal de Educação. Segundo ela, o programa chegará a 50 escolas, beneficiando, até o final do ano, 30 mil alunos. “Vamos começar o ano letivo atendendo 40% dos estudantes dessas escolas”, detalha Neusa. A meta da Prefeitura – ainda que não tenha estipulado uma data para atingi-la – é mais ambiciosa: beneficiar os cerca de 200 mil alunos de 6 a 14 anos matriculados na rede municipal de ensino.

Arquivo / Secretaria Municipal de Educação
Escola Integrada
Crianças a caminho de atividade do programa Escola Integrada: formação ampliada

Para ampliar o alcance do programa, a PBH está recebendo a adesão de outras instituições de ensino superior da capital. Além da UFMG, parceira de primeira hora, a PUC, UNA, Uni-BH, Fumec e Uemg também vão oferecer oficinas e bolsistas. Só a UFMG apresentou propostas de 110 oficinas. “Juntando com as outras instituições, devemos chegar a mais de 200 atividades”, projeta Neusa Macedo.

A expectativa é de que o Programa envolva cerca de 1.200 pessoas, entre bolsistas universitários, agentes culturais comunitários e agentes de projetos sociais da Prefeitura.