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Nº 1580 - Ano 33
2.9.2007

Homenagens marcam comemorações do 80º aniversário de fundação da UFMG

Em sessão solene e pública de seus órgãos superiores – conselhos Universitário, de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) e de Curadores –, a UFMG chega ao ápice das comemorações dos seus 80 anos de fundação. A cerimônia, a ser realizada neste domingo, dia 2, a partir de 19h, no auditório da Reitoria, será marcada por homenagens a professores, técnicos e personalidades que contribuíram para o crescimento da instituição; lançamento de álbum de figurinhas históricas e abertura da exposição sobre o acervo de obras raras da instituição.

As homenagens começam com a entrega de placas ao professor e funcionário com mais tempo de serviço na ativa – José Alberto Magno de Carvalho, diretor da Face, e Darcy Ferreira dos Santos, técnico de laboratório do ICB – e ao professor Giovanni Gazzinelli e à servidora Elísia Amparo Hudson de Moura, que comemoram 80 anos em datas próximas à da fundação da UFMG – 7 de setembro.

Em seguida, mais cinco personalidades, incluindo uma instituição, serão agraciadas com a Medalha Reitor Mendes Pimentel: a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), o banqueiro Aloysio Faria (personalidade externa), Beatriz Alvarenga Álvares e Magda Becker Soares (personalidades ligadas a instituição) e Maria do Carmo de Mello Franco Nabuco (homenagem póstuma). A medalha foi instituída pela portaria 017, de 28 de março deste ano, assinada pelo reitor Ronaldo Pena. A cerimônia foi organizada pela Comissão dos 80 anos e pela Diretoria de Cooperação Institucional (Copi).

Confira a seguir pequenas entrevistas e biografias dos homenageados, incluindo a do primeiro reitor da UFMG, Francisco Mendes Pimentel.

Vocação para fundador

Primeiro reitor da UFMG, o carioca Francisco Mendes Pimentel mudou-se ainda na infância para Queluz (Pitangui), em Minas Gerais. Formou-se em Direito pela Faculdade de Direito de São Paulo e retornou a Minas logo após a conclusão do curso, em dezembro de 1889. Nove anos depois, instala-se em Belo Horizonte, onde exerceu a sua vocação de fundador: na recém-inaugurada capital mineira, estabeleceu um dos primeiros escritórios de advocacia, militou na imprensa ao lado de Augusto de Lima e Olavo Bilac e foi um dos fundadores do Instituto Histórico Geográfico de Minas Gerais (IHGMG) e do Instituto dos Advogados de Minas Gerais, do qual foi o primeiro presidente.

Já no governo Antônio Carlos organizou, em 1927, o Conselho Penitenciário, ocupando a sua presidência, e naquele mesmo ano foi nomeado reitor da UMG. Em 1931, Mendes Pimentel renuncia ao cargo de reitor da UMG, após trágicos acontecimentos ocorridos em novembro daquele ano provocados por uma revolta estudantil.

Mendes Pimentel recebeu o título de Professor Honorário da USP e foi nomeado árbitro brasileiro na Corte de Haia, na Holanda. Em 1947, recusou convite para atuar como interventor em Minas Gerais. O ex-reitor morreu em 1957, aos 88 anos.

 

Eber Faioli
aloysio faria

Mecenas da ciência

Antes de construir sua bem-sucedida carreira de banqueiro – é dono do Banco Alfa –, o empresário Aloysio Faria formou-se em Medicina pela UFMG em 1945. Um ano depois, obteve o título de Master of Science na Northwestern University, Chicago (EUA). Chegou a exercer a Medicina por algum tempo, abandonando-a pouco depois para se dedicar aos negócios.
Apesar disso, sua ligação com a UFMG sempre foi intensa. Nos últimos anos, Aloysio Faria tem atuado como uma espécie de “mecenas” da Instituição, contribuindo com projetos estratégicos para a Universidade. Dele partiram doações para o Hospital das Clínicas, que permitiram expandir e aprimorar o Serviço de Gastroenterologia e Nutrição, hoje Instituto Alfa de Gastroenterologia, e realizar ampla reforma na portaria do Hospital. Recentemente, doou recursos para a construção do Centro do Idoso e Saúde da Mulher da UFMG.

 

arquivo pessoal
aloysio faria

À mestra, com carinho

Ela foi das primeiras mulheres a invadir aquele que até então era um dos resistentes “clubes do bolinha” de Minas Gerais: a Escola de Engenharia. No distante ano de 1946, Beatriz Alvarenga Álvares foi a única mulher a se formar em Engenharia Civil pela então UMG.

Mas essa mineira de Santa Maria de Itabira tinha vocação especial para a educação. Mais exatamente para o ensino de uma disciplina complexa, a Física. Beatriz Alvarenga marcou época no Colégio Estadual Central de Belo Horizonte. Lá influenciou alunos que se transformaram em pesquisadores brilhantes, como o físico Ramayana Gazzinelli. Por causa dessa passagem pelo Colégio, foi convidada para ingressar na Universidade: seus alunos de ensino médio não admitiam a hipótese de estudar sem a mestra e elaboraram um abaixo-assinado propondo que ela fosse admitida nos quadros da Universidade.

Em 1963, Beatriz conheceu o professor Antônio Máximo, com quem escreveu o mundialmente conhecido livro Curso de Física, em três volumes. Espécie de best seller didático, vem sendo atualizado e reeditado nos últimos 40 anos. A obra, disseminada no país inteiro, foi publicada no México, distribuída em outros países da América Latina e adotada em Israel por escolas da comunidade brasileira.

 

Parceira estratégica

Vinculada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, a Fapemig é a única agência de fomento ao desenvolvimento científico e tecnológico de Minas Gerais. Financia projetos de pesquisa em todas as áreas do conhecimento; concede bolsas; apóia a organização e a participação em eventos científicos; financia a publicação de artigos e periódicos e a aquisição de livros para a pós-graduação; e estimula a formação de redes de pesquisa. A Fapemig também trabalha para aproximar os setores acadêmico e empresarial e orienta os pesquisadores mineiros a proteger sua produção científica.

Por ano, financia cerca de mil projetos de pesquisa, concede perto de três mil bolsas e atende a quase mil solicitações de apoio a participação em eventos. Entre as conquistas recentes, está a recuperação de sua capacidade de investimento. Pela primeira vez em 21 anos de existência, a Fapemig receberá seu orçamento integral, correspondente a 1% da receita corrente de Minas. É a segunda agência estadual de fomento à pesquisa em volume de investimentos.

 

arquivo pessoal
aloysio faria

Professora por opção e prazer

Mineira de Belo Horizonte, Magda Becker Soares é pesquisadora de reconhecimento internacional. Doutora em Educação e graduada em Letras pela UFMG, foi professora e diretora do Colégio de Aplicação, participou da implantação da reforma universitária da UFMG e da criação da Faculdade de Educação, unidade que também dirigiu.

Na FaE, criou o Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), referência nacional e internacional por suas atividades de pesquisa e formação de professores na área da Alfabetização. Autora de coleções de livros didáticos na área de Língua Portuguesa e de Alfabetização, Magda Soares formou e forma, indiretamente, milhares de alunos brasileiros. É acima de tudo uma professora, ofício do qual não abre mão, como revelou em discurso proferido na cerimônia em que recebeu o título de professora emérita. “Porque professora é o que fundamentalmente fui, por escolha, por prazer, por vocação, por convicção, por compromisso social, e tudo o mais que fiz”.

 

aloysio faria

Benfeitora de Tiradentes

De família ilustre – neta de Cesário Alvim, primeiro presidente de Minas Gerais, filha de Afrânio de Mello Franco e irmã do escritor e político Afonso Arinos –, Maria do Carmo de Mello Franco Nabuco nasceu no Rio de Janeiro, mas sua obra ficou eternizada em Minas Gerais, mais precisamente em Tiradentes.

Em grande parte, essa cidade histórica deve sua atual efervescência turística à dedicação de Maria do Carmo. A partir do final dos anos 60, ela iniciou profundo trabalho de revitalização da cidade. Usou toda a sua influência para conseguir recursos que, canalizados para o Iphan, órgão criado pelo seu primo Rodrigo Mello Franco de Andrade, ajudaram a recuperar os principais monumentos religiosos e civis da cidade, dotando-a inclusive de uma rede subterrânea de eletricidade. Em 1970, Maria do Carmo criou a Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade, hoje administrada pela UFMG. Morreu em 2001.

Textos baseados em biografias escritas por Ruth Schmitz de Castro, Maria Aparecida Paiva Soares dos Santos, Lélia Coelho Frota e em informações fornecidas pela Fapemig.