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Nº 1610 - Ano 34
16.05.2008

Especialista em semi-árido

Fachada
Paula Lanza

NCA amplia inserção na comunidade rural do Norte de Minas
e se prepara para oferecer quatro novos cursos em 2009

Paula Lanza

 

Ao completar 40 anos, o Núcleo de Ciências Agrárias (NCA), localizado no campus da UFMG em Montes Claros, consolida sua vocação para a pesquisa e a extensão direcionadas às necessidades do semi-árido mineiro. Um dos marcos desse processo é o ano de 2006, quando foi criado o mestrado em Ciências Agrárias, com área de concentração em Agroecologia.

“A idéia foi desenvolver um mestrado voltado para a sustentabilidade do agroecossistema do Norte de Minas, respeitando todas as suas particularidades”, explica a professora Anna Christina de Almeida, coordenadora da pós-graduação em Agroecologia. Ela salienta que as tecnologias desenvolvidas em outras regiões do Estado nem sempre se adequam às condições do Norte de Minas, reduzindo a biodiversidade dos cerrados e das matas secas.

Diagnóstico participativo

Em apenas dois anos, os frutos do mestrado em Ciências Agrárias se multiplicaram. Alguns deles estão sendo colhidos na comunidade rural do Planalto, a 25 quilômetros do centro de Montes Claros. Lá os pesquisadores do NCA desenvolvem pesquisas em três linhas: Manejo Ecológico da Produção Agrícola; Uso, Manejo e Conservação da Biodiversidade em Ecossistemas Naturais e Agrícolas; e Manejo Ecológico da Produção Animal. O método de trabalho implantado nessa comunidade parte de diagnóstico participativo, por meio do qual os produtores relatam problemas e suas principais demandas. A partir desse levantamento, os mestrandos, juntamente com seus orientadores, direcionam suas pesquisas para tentar solucionar essas questões.

“Os produtores daqui, por trabalharem com a agricultura familiar, não têm muito acesso a tecnologias. A relação com a UFMG tem sido muito proveitosa, pois ajuda a resolver problemas de plantio e de pragas e ensina técnicas de conservação de solo e de nascentes”, testemunha Emilson Dias, presidente da Associação dos Produtores de Hortigranjeiros da Região do Pentáurea, que atua na comunidade do Planalto.
Além de desenvolver alternativas produtivas, os pesquisadores procuram conscientizar os produtores sobre a necessidade de um manejo sustentável da terra. Uma das linhas de ação baseia-se no desenvolvimento e adoção de práticas simples de combate às pragas que não agridem o meio ambiente. “Temos diminuído em muito o uso de agrotóxicos. Nosso objetivo é implantar o sistema orgânico na produção”, conta José Maria Ferreira, produtor hortigranjeiro.

Expansão

Além dos 40 anos de fundação e do fato de ter sua atuação cada vez mais reconhecida pela comunidade agrícola do Norte de Minas, o NCA tem outro motivo para comemorar: a perspectiva de expansão aberta pelo Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Das unidades da UFMG, o Núcleo de Montes Claros será o mais beneficiado com a ampliação. Em 2009, serão oferecidos os cursos de Administração, Ciência de Alimentos, Engenharia Agrícola e Ambiental e Engenharia Florestal. Eles se juntarão aos cursos de Agronomia e Zootecnia, os únicos até agora ofertados. Com a entrada das novas graduações, o número de vagas saltará de 80 para 240.
“Na verdade, esses cursos atendem a uma demanda da própria sociedade do Norte de Minas”, pontua o diretor do NCA, Rogério Marcos de Souza. Ele conta que há cerca de cinco anos, durante o processo de formatação do plano de desenvolvimento institucional, o Núcleo realizou pesquisa para identificar, entre alunos do ensino médio da cidade, as áreas que gostariam de cursar.

De colégio agrícola a campus

A preocupação com o desenvolvimento agrícola do Norte de Minas está na gênese do Núcleo de Ciências Agrárias da UFMG. Foi ela que motivou a criação, em 1964, do embrião do NCA, o Colégio Agrícola Antônio Versiani Athayde, incorporado ao patrimônio da Universidade quatro anos depois.

O Colégio foi fundado pela Associação Rural de Montes Claros – hoje, Sociedade Rural de Montes Claros. Em setembro de 1975, foi instituído o Núcleo de Tecnologia em Ciências Agrárias para implantação de cursos superiores de curta duração em Bovinocultura e Administração Rural. As atividades desse núcleo foram encerradas em 1981, mesmo ano em que o ensino médio foi reativado para a formação de técnicos em agropecuária.
Em 1987, por decisão do Conselho Universitário, a Unidade transformou-se em Núcleo de Ciências Agrárias (NCA), passando a figurar no Estatuto da Universidade como Unidade Especial, vinculada à Reitoria.

Eber
Eber Faioli

O ano de 1999 inaugurou as atividades do curso de graduação em Agronomia, que teve a sua primeira turma formada em 2003. No ano seguinte, o NCA iniciou o curso de Especialização em Recursos Hídricos e Ambientais. Em 2005, foi criada a graduação em Zootecnia e, no ano seguinte, o mestrado em Ciências Agrárias. Com a ampliação da graduação, em 2009, o NCA se firma definitivamente como um campus regional da UFMG.