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Nº 1627 - Ano 35
29.09.2008

O museu da existência

UFMG, Fapemig e Fundação Lampadia firmam parceria para criação de museu interativo de ciência da vida

Paula Lanza

Museu da PUCRS inspira projeto da UFMG

Promover a difusão e a popularização da ciência e tecnologia, principalmente entre o público jovem. Essa é a idéia do Museu Interativo de Ciência da Vida, que começa a ser implantado a partir deste ano nas oito salas do espaço expositivo do Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG (MHNJB), com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e da Fundação Lampadia.
De início, o Museu de Ciência da Vida terá como tema a vida e a saúde humanas. Para isso, na primeira fase do projeto, com duração estimada de dois anos, está prevista a implantação de salas com experimentos e aparelhos interativos computacionais e ambientados que tratam da vida, do ser humano e de seu corpo. O museu se valerá dos recursos oferecidos pelas mídias contemporâneas, de projetos computacionais e de modelos humanos anatômicos.

“Por meio de recursos tecnológicos, pretendemos aguçar a curiosidade do público para as ciências e suas relações na busca pelo conhecimento. Vamos utilizar bastante os recursos multimídia e digitais. Eles instigam o interesse das crianças e jovens, que hoje já nascem sabendo ligar e operar aparelhos eletrônicos”, explica Fabrício Fernandino, diretor do Museu de História Natural e Jardim Botânico.

Segundo ele, em um dos espaços a idéia é implantar um modelo anatômico em tamanho natural e em acrílico transparente para mostrar toda a estrutura interna do corpo humano. Dentro de uma câmara escura, o modelo, que será conectado a um computador, vai exibir separadamente cada sistema de acordo com o comando dado pelo espectador. Exemplo: se o sistema circulatório for ativado, este será iluminado e os visitantes vão poder vê-lo tridimensionalmente. “O objetivo é criar ambientes que permitam ao visitante pesquisar e viajar pelo corpo humano”, afirma Fernandino.

Consultoria internacional

Para a efetivação da primeira fase de elaboração do Museu Interativo de Ciência da Vida, será realizado, em novembro, um encontro de consultores que vão definir diretrizes conceituais e tecnológicas do projeto para a aquisição de equipamentos, desenvolvimento da arquitetura da mostra e estrutura museológica. Estarão reunidos especialistas da UFMG e o ex-diretor do Museu de CIências de Boston (EUA), David Ellis. Segundo Fernandino, a expectativa é de que o espaço seja liberado para visitação pública na abertura da Primavera no Museu de 2009.

A proposta de criação do Museu Interativo de Ciência da Vida foi feita pelo professor da UFMG José Israel Vargas, quando ainda era ministro de Ciência e Tecnologia durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso. A proposta foi analisada e aprovada pela Fundação Lampadia, uma das financiadoras da iniciativa.

A criação do projeto foi formalizada no último dia 20, quando UFMG, Fapemig e Fundação Lampadia assinaram termo de outorga que possibilita o repasse, à Universidade, de US$1,4 milhão para a implantação do Museu. Cada agente financiador entrou com US$ 700 mil. “A UFMG vai entrar com a infra-estrutura, disponibilidade técnica, boa vontade e energia para viabilizar o projeto”, afirma Fernandino.

Lacuna

“O Brasil precisa compreender a ciência e a tecnologia como um bem, um valor social. O Museu Interativo de Ciência da Vida ajuda a preencher essa lacuna”, avalia o professor Mário Neto, diretor científico da Fapemig. “Quando se fala em ciência, muitas pessoas pensam logo em um indivíduo com o perfil do Einstein (com aquele cabelo enorme), isolado em seu laboratório fazendo experiências, mas esquecem que podem estar muito mais perto desse universo do que se imagina. Nossa intenção é tornar esse contato possível e acessível”, completa.

O espaço que será instalado na UFMG é inspirado na experiência do Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), que conta com exposição permanente de mais de 800 experimentos interativos. Eles retratam fenômenos naturais e as relações do homem com o mundo.

Projeto prevê ampliação para outras áreas

Nos próximos dois anos, o projeto, de caráter experimental, terá seus resultados avaliados por consultores da Fundação Lampadia e pela Fapemig. Se aprovado, o Museu receberá mais US$ 3,5 milhões destinados à construção de prédio para abrigar um museu interativo de ciência da vida ampliado. Com espaço físico cerca de 18 vezes maior que a versão inicial, abrigará temas e relações de outras áreas da ciência, como a botânica, a zoologia e a arqueologia.

“Assim, partiremos para a implantação da segunda fase, que propõe uma estrutura circular repleta de galerias ligadas a um núcleo central constituído em torno do homem. A partir dela, montaremos uma dinâmica de percurso dentro da mostra que nos permitirá estabelecer a relação desse indivíduo com seu ambiente, história e universo”, revela o diretor do Museu de História Natural, Fabrício Fernandino.