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Nº 1637 - Ano 35
08.12.2008

Permitido estacionar

Obra deve pôr fim aos alagamentos no campus Pampulha, oferecendo segurança aos motoristas que deixam seus carros na avenida Mendes Pimentel

Léo Rodrigues

Já dava até para incluir no calendário acadêmico. Todo verão, a UFMG sofre com alagamentos na avenida Mendes Pimentel, a principal do campus, no trecho entre a Praça de Serviços e o prédio da Fafich. Chuvas recentes já ocasionaram o problema duas vezes. Comuns desde o início dos anos 90, os alagamentos parecem estar com os dias contados com a construção de barragem de contenção do fluxo de águas no cruzamento da avenida Carlos Luz (Catalão) com o Anel Rodoviário.

Com conclusão prevista para o primeiro semestre de 2010, a barragem integra o Drenurbs, programa municipal de saneamento ambiental de córregos, que prevê, entre outras ações, a realização de obras de drenagem pluvial e urbana e a construção de reservatórios para o controle de inundações. Assim, o programa pretende resolver um problema gerado pelo crescimento de Belo Horizonte. A urbanização acelerada tem impermeabilizado grandes áreas de solo, aumentando a velocidade de escoamento da chuva e colaborando para que grandes volumes de água cheguem rapidamente aos pontos mais baixos de cada região, provocando alagamentos. Segundo a Assessoria de Comunicação da Secretaria Municipal de Políticas Urbanas, a solução passa pela construção de barragens, que reterão parte da água da chuva, garantindo o escoamento gradual.

O problema da UFMG está relacionado com o Córrego Engenho Nogueira, que nasce no bairro Caiçara e é canalizado no trecho que atravessa o campus Pampulha. O engenheiro civil Fausto Orlando de Parsia, do Departamento de Planejamento Físico e Obras (DPFO), conta que a canalização foi realizada há bastante tempo – a parte mais recente foi concluída ainda na década de 80. “Quando as obras foram planejadas, utilizou-se um critério de cálculo que é hoje incompatível com o que a cidade se tornou. Naquele tempo, os parâmetros hidrológicos para dimensionamento da obra eram outros”, revela Fausto.

Durante as tempestades, a quantidade de água que alcança o córrego é bem maior do que no passado. Por esta razão, as galerias da canalização não conseguem dar vazão ao fluxo e, dessa forma, a água sai por onde deveria estar entrando mais água. “As bocas de lobo passam a funcionar em sentido contrário. Em vez de drenar a água, elas funcionam inversamente, fornecendo água das galerias para a superfície”, explica Fausto. Esse fenômeno tem ocorrido, em média, duas a três vezes por ano, deixando resquícios de areia, terra, esgoto e lixo espalhados pelo campus, o que requer um mutirão de limpeza no dia seguinte. Cada vez que isso acontece, há diversos prejuízos à Universidade e danos aos veículos estacionados no local. Para alertar a comunidade acadêmica, a UFMG mantém, há anos, placas ao longo da avenida Mendes Pimentel informando sobre os riscos de alagamento.

Longa jornada

O projeto de construção da barragem foi elaborado em 1995 pela própria UFMG. O intuito era impedir que o Córrego Engenho Nogueira recebesse água em demasia durante uma chuva. A barragem permitiria que o fluxo fosse sempre compatível com o volume suportado pelas galerias da UFMG. Na época, o projeto foi estimado em R$ 3 milhões. A Prefeitura de BH havia aprovado a obra e comprometeu-se em realizá-la. Mas o projeto ainda ficaria algum tempo no papel. Somente em 2001, foi apresentado o programa Drenurbs, que absorveu a demanda da UFMG.

A primeira fase das obras do Drenurbs teve início apenas em 2004, viabilizadas por convênio entre a Prefeitura de Belo Horizonte e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Foi assegurado o investimento de US$ 77,5 milhões, sendo 60% deste montante de responsabilidade do BID e o restante do município. É exatamente nessa primeira fase que estão sendo realizadas as obras de drenagem do Córrego Engenho Nogueira.

Preocupação ambiental

O Drenurbs busca resolver problemas de saneamento sem perder de vista a questão ambiental. Esta é, inclusive, uma das exigências do BID. A Assessoria de Comunicação da Secretaria Municipal de Políticas Urbanas informa que não se pretende canalizar os córregos que correm a céu aberto. Ao contrário, a idéia é recuperar as margens, integrando os cursos d’água à paisagem urbana.

Além disso, serão instalados diversos interceptores de esgoto. Impedido de alcançar os córregos, o esgoto será direcionado para estações de tratamento da Copasa. Assim, o Drenurbs não busca apenas conter os alagamentos, mas também contribuir para a despoluição da rede fluvial que abastece a cidade. O Córrego Engenho Nogueira, por exemplo, será alvo de muitos cuidados, pois antes mesmo de chegar ao campus Pampulha já recebeu esgoto de diversas regiões da cidade. Ao final do seu trajeto, ele encontra o Córrego Cachoeira e transforma-se no Córrego do Onça, que, depois do Ribeirão Arrudas, é o maior poluidor do Rio das Velhas.

Foca Lisboa
Campus Pampulha
Av. Mendes Pimentel, a principal do campus, fica alagada depois de algumas chuvas mais fortes