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Nº 1640 - Ano 35
9.2.2009

Divulgação
Veículos que participaram de competição anterior da SAE Brasil: atividade extracurricular envolve alunos de quatro cursos de engenharia

Alunos da Engenharia Mecânica projetam veículo que
representará a UFMG em competição nacional

Léo Rodrigues

No auge das férias acadêmicas, o campus Pampulha parece ser tomado pela tranquilidade. Mas no Galpão da Engenharia Mecânica, localizado atrás do prédio da Escola de Engenharia, um grupo de estudantes corre contra o tempo. Eles estão projetando o veículo que representará a UFMG na XV Competição Baja SAE Brasil, de 19 a 22 de março, em Piracicaba (SP). A equipe, orientada pelo professor Ramon Molina, é composta de 29 estudantes de quatro cursos – Engenharia Mecânica, Engenharia Elétrica, Engenharia de Produção e Engenharia de Controle e Automação. A meta é desenvolver um Baja que possa alcançar uma das três primeiras posições na competição, feito que lhes dará o direito de participar da disputa internacional, realizada nos Estados Unidos.

O projeto Baja SAE foi criado em 1976 na Universidade da Carolina do Sul, Estados Unidos. O objetivo era viabilizar uma competição entre graduandos de engenharia, que deveriam aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula para desenvolver um Baja. Os veículos têm esse nome em alusão aos carros construídos por amantes de aventura off-road que corriam no deserto de Baja, na Califórnia.

No Brasil, a competição nacional foi realizada pela primeira vez em 1995 e logo se tornou uma das mais importantes atividades extracurriculares para estudantes de engenharia. A UFMG estreou dois anos mais tarde. Já na sua segunda participação, em 1998, a Universidade alcançou o segundo lugar no pódio, conquistando o direito de representar o país nos Estados Unidos. A façanha só se repetiu nove anos depois, em 2007, quando a UFMG ficou em terceiro lugar. Na competição internacional, o veículo desenvolvido pela equipe não alcançou o pódio, mas foi considerado o mais leve e o mais rápido.

Marcelo Mello e Osvane Faria, capitão e vice-capitão da equipe da UFMG, explicam que não basta ter o veículo mais rápido, pois são avaliados diversos quesitos, como resistência, segurança, conforto, frenagem, agilidade e capacidade de transpor obstáculos. “Os bajas devem ser projetados visando à sua comercialização. Existe inclusive um momento em que devemos apresentar o produto para um fabricante fictício. O Baja vencedor só é apontado como melhor produto depois de se considerarem todos os aspectos que envolvem o seu desenvolvimento”, explica Osvane Faria.

A competição dura quatro dias, e o enduro é a última e mais valorizada etapa, na qual são distribuídos 40% dos pontos. São quatro horas de prova. “O enduro envolve muita estratégia. Por ser longo e disputado num terreno repleto de obstáculos, nem sempre a melhor opção é acelerar. Às vezes precisamos preservar o veículo. Sempre há casos de bajas que quebram no enduro e são eliminados”, conta Marcelo Mello.

Dificuldades financeiras

O maior adversário da equipe da UFMG nas competições Baja é a escassez de recursos financeiros. “Sempre alcançamos os primeiros lugares no relatório de projeto. Em 2007, nos EUA, nosso projeto ficou em segundo lugar. O problema é que, muitas vezes, não dispomos das condições ideais para fazer o que planejamos”, conta Osvane Faria. A UFMG é uma forte competidora. Na disputa nacional, costuma ficar entre as dez primeiras equipes na classificação geral, além de vencer várias provas específicas.

Mesmo com o sucesso, Marcelo Mello diz que os patrocínios ainda são insuficientes. “Contamos basicamente com recursos da Fundep e da Fapemig. O investimento de empresas ainda é tímido”, esclarece ele, que faz uma comparação com São Paulo, onde a captação de recursos é bem mais fácil. O investimento paulista ajudou a Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) a conquistar o tricampeonato mundial nos anos de 2004, 2007 e 2008. Além dela, apenas a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), entre as instituições brasileiras, venceu a etapa internacional, em 1998.

Para superar essa adversidade, a equipe pretende dar um choque de divulgação. Em breve, será lançado o novo site. Além disso, está previsto um edital inovador para seleção de novos membros. “As competições só permitem participação de alunos de Engenharia, mas esta é uma questão burocrática. Internamente, não há esta restrição. Queremos trazer para o grupo, por exemplo, estudantes de Artes Visuais para projetar o design dos veículos e de Comunicação Social para ajudar na disseminação da nossa marca”, diz Marcelo Mello.

As novidades partem da convicção de que a visibilidade atrairá mais patrocínios. “A nossa contrapartida pode ir além da divulgação da empresa investidora. Temos aqui mão-de-obra capacitada para trabalhos que muitos engenheiros das grandes montadoras não são capazes de fazer. Isso pode ser negociado”, acrescenta o capitão da equipe, lembrando que, não raro, aparecem novidades em veículos comercializáveis baseadas em ideias aplicadas nos projetos de Baja.