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Nº 1646 - Ano 35
30.3.2009

Foca Lisboa

Onde parar?

Estacionamento do Mineirão é alternativa à falta de vagas no campus Pampulha

Luiza Lages

Os efeitos do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) não são notados apenas nas salas de aula, reforçadas em 2009 com a chegada de 1.200 alunos a mais que no ano passado, mas também nas ruas do campus Pampulha, com muitos carros circulando e estacionamentos lotados. Um dos principais estacionamentos que funcionaram até o final do ano passado, o do ICB, foi desativado para dar lugar às obras do Centro de Atividades Didáticas (CAD) de Ciências Naturais, fechando 300 vagas pelo período de um ano.

Uma das alternativas para contornar o problema é o estacionamento do Mineirão. Desde 2006, quando foi inaugurada a Faculdade de Farmácia no campus Pampulha, a UFMG mantém convênio com a Administração de Estádios de Minas Gerais (Ademg) para uso do espaço. Segundo o acordo, a comunidade acadêmica pode utilizar gratuitamente o estacionamento entre 7h e 19h, exceção feita aos dias de jogos, em que ele deve ser desocupado às 16h. “É uma área muito grande, que pode suprir a lacuna deixada pelo fechamento da área do ICB e aliviar a pressão sobre o campus Pampulha”, afirma a pró-reitora de Administração, Ana Motta Rodrigues.

O convênio com a Ademg prevê a disponibilidade de 440 vagas no estádio para a comunidade universitária. “É possível que o horário se estenda até 23h. Fizemos uma solicitação formal e a Ademg está analisando”, informa Eliane Ferreira, diretora do Departamento de Serviços Gerais (DSG). Hoje, há dois seguranças que circulam pelo estacionamento e um terceiro que guarda a passagem de pedestres, localizada nas imediações do Museu de Ciências Morfológicas do ICB.

Marina Neiva Alvim e Thiago Alves Magalhães, alunos de pós-graduação de Botânica, estacionam o carro no Mineirão desde que as obras do CAD começaram, em dezembro de 2008. “O campus está ficando muito cheio, e o estacionamento do Mineirão é bem tranquilo e seguro. Acho que as pessoas ainda não entenderam isso. Muitos colegas chegam a parar próximo à entrada da avenida Antonio Carlos, em locais bem mais afastados”, diz Marina Alvim. O tempo de caminhada até a portaria do ICB é de apenas dois minutos.

Vagas ociosas

O estacionamento do Mineirão é dividido em dois níveis, mas apenas a parte de baixo vem sendo utilizada devido à baixa demanda. “Até agora menos de 50% das vagas são ocupadas”, estima Cláudio Edmilson Santana Silva, um dos seguranças que se revezam no estacionamento do estádio. No dia 23 de março, quando a reportagem do BOLETIM esteve no local, cerca de 300 vagas estavam vazias. O vigilante conta que muitas pessoas não param seus carros em função do horário, já que a escala da segurança termina às 18h48. “Dia desses, uma aluna queria deixar o carro aqui, mas ficou insegura em relação ao horário em que voltaria para buscá-lo. Não sabia se o portão ainda estaria aberto, se haveria vigias, então não chegou a estacionar”, relata Carlos Eduardo Paixão, também vigilante do estacionamento.

Levantamento realizado pelo DSG em 2003 calculou em 17 mil o número de veículos em circulação no campus Pampulha. Estimativas atuais dão conta de que essa quantidade varia de 30 a 35 mil automóveis, ainda que muitos motoristas não permaneçam muito tempo no campus ou o utilizem apenas como passagem em seus deslocamentos pela região da Pampulha. Em contrapartida, o número de vagas disponíveis não passa de 4.300. “A quantidade de veículos em BH aumentou quase 10% nos últimos dois anos e aqui o salto foi ainda maior. O campus foi projetado há algumas décadas sem levar em conta o crescimento da frota de veículos. Na época, a estrutura era bem diferente, com mais espaços verdes e gramados”, lembra a pró-reitora de Administração.

Segundo Ana Motta, a Universidade prevê para abril a abertura de um estacionamento em frente à Fafich, com capacidade entre 300 e 500 carros. “Mas para o futuro temos projetos de construção de estacionamentos na periferia do campus, o que, além de aumentar o número de vagas, vai melhorar o fluxo interno. Um dos nossos problemas é a alta concentração de veículos no centro do campus”, informa. Ela aponta outro problema: a atitude de certos motoristas, que não contribuem para um tráfego mais civilizado. “Em algumas áreas, a circulação é crítica. As pessoas param em lugares proibidos ou perigosos”, analisa Ana Motta.