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Nº 1661 - Ano 35
27.7.2009

Saúde à brasileira

Estudo pioneiro que investiga diabetes e doenças cardiovasculares no país receberá voluntários de unidades do campus Pampulha

Léo Rodrigues

Os profissionais de saúde costumam recomendar que, após os 35 anos, a pessoa faça regularmente um check-up médico, considerado essencial pela medicina preventiva. Por preguiça, por estarem tranquilos com uma saúde aparentemente estável ou por diversos outros fatores, muitos adultos nunca se submeteram a uma bateria de exames. Mas a partir do próximo mês, os servidores e professores que trabalham no campus Pampulha passarão a ter uma motivação extra para conferir como anda a saúde.

Não se trata bem de um check-up completo, mas de um conjunto de exames que contribuirá para um estudo pioneiro sobre diabetes e doenças cardiovasculares, além é claro de fornecer informações sobre a saúde do próprio indivíduo. O projeto Elsa (Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto), que está chegando ao campus Pampulha, vai pesquisar e monitorar 15 mil servidores e professores de seis diferentes instituições, todos voluntários entre 35 e 74 anos.

Financiado pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, o Elsa é um projeto de âmbito nacional com custo superior a R$ 22 milhões. A iniciativa começou em setembro de 2008 a partir da mobilização de cinco instituições, além da própria UFMG: universidades federais da Bahia (UFBA), Espírito Santo (UFES), Rio Grande do Sul (UFRGS), USP e Fiocruz. O alto investimento tem sua justificativa. Dados de 2003 do Ministério da Saúde apontam que as doenças cardiovasculares respondem por 32% dos óbitos no Brasil. “A nossa contribuição será enorme. Hoje, nossos conhecimentos sobre diabetes e doenças cardiovasculares são importados do exterior. O Elsa criará um saber a partir de nossa realidade”, diz a professora Sandhi Barreto, coordenadora do projeto em Minas Gerais e integrante do comitê diretivo nacional, responsável pelas principais decisões.

Monitoramento

Os 15 mil funcionários e docentes das seis intituições serão pesquisados e monitorados durante 20 anos, o que faz do Elsa o maior estudo na área de epidemologia da América Latina. Os participantes responderão questionários sobre suas condições gerais de saúde, história familiar de doenças, uso de medicamentos, saúde mental, modos de vida, entre outros assuntos. Eles também serão submetidos a exames laboratoriais e físicos a cada três anos e suas informações serão constantemente atualizadas. A expectativa é de que, em cinco anos, já existam resultados parciais da pesquisa, que poderão ser utilizados para orientar a prática médica e para elaborar programas preventivos.

A UFMG é a instituição que acompanhará o segundo maior número de participantes – cerca de três mil das 15 mil pessoas. Para dar conta da meta, Sandhi Barreto conta que devem ser realizados os exames em nove pessoas todos os dias, ao longo de dois anos. As unidades acadêmicas do centro da cidade – faculdades de Medicina e Direito e escolas de Arquitetura e de Engenharia – das quais saíram aproximadamente mil voluntários já receberam a visita do projeto.

Todos os participantes são voluntários. A equipe do projeto sorteia os nomes a partir da lista de funcionários e docentes de cada unidade, cabendo aos selecionados aderirem ou não ao projeto. Adesões voluntárias também poderão ser aceitas. “Os participantes recebem um atendimento exemplar e o retorno deles demonstram isso. Apesar de passarem quase cinco horas no centro de pesquisa do Elsa, eles saem satisfeitos, conforme podemos ver nas avaliações deixadas na urna de sugestões”, garante Sandhi Barreto.

Os participantes realizam exames como eletrocardiograma, ecocradiograma, ultrassonografia, foto de retina, medida de pressão arterial, entre outros. “A coleta de dados, padronizada em todos os estados, baseia-se em um rigoroso procedimento científico” ressalta Sandhi Barreto. Para desenvolver todo este trabalho, a equipe da UFMG é composta de aproximadamente 45 membros, entre mestrandos, doutorandos, docentes e pesquisadores dos departamentos de Clínica Médica, de Medicina Preventiva e Social e de Propedêutica Complementar.

Além do acompanhamento dos três mil participantes, a UFMG ainda é responsável por outra tarefa fundamental. Com apoio financeiro da Fapemig, a Faculdade de Medicina estruturou um centro de leitura para análise dos eletrocardiogramas realizados pelas demais instituições. Os resultados dos testes são encaminhados para o Centro de Dados da UFRGS, onde ficam todas as informações do Elsa. Mais detalhes do projeto na página www.elsa.org.br.