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Nº 1678 - Ano 36
30.11.2009

Correndo atrás da informação

Laboratório de Bancos de Dados completa 25 anos de pesquisas em gerenciamento de dados

Igor Lage

Meses depois de a Apple lançar a primeira versão comercial do Macintosh, em janeiro de 1984, o professor Alberto Laender e três alunos do mestrado em Ciência da Computação da UFMG se reuniram para formar um grupo de estudos sobre bancos de dados. “Era uma demanda dos próprios estudantes”, explica Laender, que, na época, acabara de retornar da Inglaterra, onde concluiu seu doutorado.

Esse grupo foi o embrião do atual Laboratório de Bancos de Dados (LBD) do Departamento de Ciência da Computação (DCC), que comemorou 25 anos de existência no dia 27 de outubro. Na ocasião, foi realizado um workshop especial na Sala de Seminários do DCC, que teve início com uma palestra do professor Laender, coordenador do LBD desde a sua criação, sobre a pesquisa desenvolvida no Laboratório. Em seguida, a professora Marta Mattoso, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), falou sobre processamento paralelo em bancos de dados.

Na segunda parte do workshop, seis dos sete doutores formados no LBD apresentaram um resumo dos principais resultados e contribuições de suas teses. Segundo Laender, desde as primeiras dissertações defendidas em março de 1988, pelos alunos Karla Parreira Polanczyk e José de Jesús Péres Alcázar, já foram desenvolvidos no LBD cerca de 80 trabalhos de pós-graduação.

Atualmente, um dos principais trabalhos do Laboratório é o desenvolvimento da BDBComp – Biblioteca Digital Brasileira de Computação (www.lbd.dcc.ufmg.br/bdbcomp). Com o objetivo de reunir as publicações nacionais produzidas na área de computação, o projeto já conta com mais de seis mil trabalhos veiculados em periódicos e anais de eventos. “Queremos que a BDBComp seja a biblioteca oficial da Sociedade Brasileira de Computação”, afirma Laender.

Outro projeto bem-sucedido do LBD é a empresa Akwan, fundada em parceria com o Laboratório para Tratamento da Informação (Latin) da UFMG. Criada em 2000, a Akwan era responsável pelo site www.todobr.com.br, um dos serviços de busca brasileiros mais utilizados no início da década. Em 2005, a empresa foi comprada pela Google e transformou-se no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da multinacional na América Latina. Além disso, algumas funções do AkwanMed, ferramenta desenvolvida pela empresa brasileira a partir de resultados de pesquisa produzidos pelo LBD e que realizava buscas na área médica, serviram de inspiração para a elaboração do Google Health, serviço lançado no ano passado que permite a seus usuários armazenar e gerenciar informações médicas.

O Laboratório também é um dos participantes do InWeb, o Instituto de Ciência e Tecnologia que pesquisa soluções tecnológicas para a internet. O consórcio é liderado pela UFMG, sob a coordenação do professor Virgílio Almeida, do próprio DCC.

Transição

Segundo o professor Laender, foi lenta a transição do pequeno grupo de estudos para o centro de pesquisa que hoje é o LBD. “Apenas no final da década de 80 o fluxo de alunos começou a se tornar regular. Desde então, passamos a ter pelo menos uma dissertação defendida por ano”, afirma. No começo dos anos 90, o Laboratório firmou parceria com o Centro Científico Rio (CCRio), da IBM Brasil, e os esforços passaram a se concentrar na pesquisa de métodos e ferramentas para projetos de bancos de dados.

Em 1994, o Laboratório transferiu-se para o novo prédio do ICEx, no campus Pampulha. Naquela época, o grupo começava a trabalhar com outras linhas de pesquisa como gerenciamento de dados da Web e categorização automática de documentos. A partir de 2000, o LBD ganha notoriedade internacional, publicando artigos em veículos de prestígio na área e participando de projetos como o I3DL (Inferência, Interoperabilidade e Integração em Bibliotecas Digitais), em parceria com a Virginia Polytechnic Institute and State University dos Estados Unidos.

O professor Laender explica que os resultados de projetos como o I3DL e os outros produtos desenvolvidos no Laboratório são frutos de muita investigação científica. “Não trabalhamos com demanda, ainda que sejamos obrigados a aperfeiçoar os sistemas quando começam a ser muito utilizados”, explica. Ele ressalta também o sucesso dos alunos do LBD não só na área acadêmica, mas também no mercado de trabalho, com atuação destacada em centros de pesquisa internacionais e em organizações como Google, UOL e ONU.

Outros projetos

Conheça alguns outros trabalhos importantes desenvolvidos pelo Laboratório de Bancos de Dados.

HiMeD: modelo para categorização automática de documentos médicos. Organiza informações médicas – tipos de doença, por exemplo – em padrões de codificação como a CID (Classificação Internacional de Doenças). A ferramenta AkwanMed nasceu dessa pesquisa.

5SQual: ferramenta para avaliação de bibliotecas digitais a partir dos seguintes parâmetros de qualidade: acessibilidade, significância, similaridade, atualidade, completude, eficiência e confiabilidade.

DEByE: ferramenta que extrai dados da Web a partir de exemplos identificados em uma página de amostra. Tais dados podem ser usados para alimentar aplicações específicas ou gerar novas páginas da Web.

Perfil-CC: projeto que compara os principais programas de pós-graduação brasileiros em Ciência da Computação com alguns dos mais importantes programas da América do Norte e da Europa.